"I. O BPN é o espelho mais vergonhoso e escandaloso do regime democrático português, no que à roubalheira e à corrupção organizada diz respeito. Repito, quando se fala no caso BPN, fala de uma vergonhosa roubalheira que vai custar mais de 7 mil milhões de euros ao estado, leia-se aos contribuintes. Ora sendo o BPN o símbolo vergonhoso da libertinagem bandalha e a face mais obscura e corrupta do capitalismo selvagem que está a destruir a Europa, como é possível que um antigo administrador do BPN seja “premiado” com a sua promoção, depois do exercício dessas funções, ao cargo de secretário de estado?
Pior, em meu entender, é a forma arrogante, provocatória e intolerável como Coelho se referiu ao assunto, sem respeito pelos contribuintes aos quais rouba salários, pensões e reformas, sem respeito pelos contribuintes que esmaga com a sua política bandalha, mentirosa e sopeira das exigências do capitalismo e da banca. Mas bem vistas as coisas, essas declarações de Coelho – de branqueamento de uma escolha (mesmo sabendo que o novo secretário de estado reconheceu na Assembleia da República que escondeu por precaução (?) elementos importantes sobre a roubalheira e as bandalhices no BPN, que deveriam ter sido facultados em devido tempo ao Banco de Portugal e não o foram!) – acabam por ser aceitáveis porque são a imagem de um poder ilegítimo, pouco sério, sem ética, sem rigor, mas que prega moralismo em cada esquina, comportando-se depois da forma que todos percebem.
Grave é que este secretário de estado tem vindo a trabalhar muito “próximo” deste governo de coligação, cada vez mais a face do ladro negro e mais obscuro d apolítica portuguesa, num jogo de interesses que deveriam merecer a revolta dos portugueses.
Por que razão se diz que os ministros de Sócrates, pela herança que nos deixaram, estão “riscados do mapa” e que politicamente deixaram de ter qualquer credibilidade, mas nestes casos e tolera que o próprio governo branqueie ativamente responsabilidades que não podem ser atiradas para debaixo do tapete?
Insisto, ninguém quer emitir juízos de valor sobre a pessoa em causa - era o que faltava - ainda por cima quando me parece que nem sequer é arguido no processo do BPN que está para começar e que ainda vai dar muito que falar. Mas basta o facto de ter sido administrador do BPN nos seus tempos áureos da patifaria para que politicamente - é apenas nessa perspetiva que abordo o problema - a escolha não se tivesse concretizado. Afinal para aquele lugar não existe em Portugal ninguém tão competente como o senhor em causa? Ou será que afinal ninguém aceitou integrar este governo de coligação em apodrecimento acelerado?!
Coelho que deixe de andar a pregar moral porque não tem autoridade para o fazer: o governo de coligação, de uma forma mafiosa, escondeu do currículo deste secretário de estado inicialmente distribuído o facto de ele ter sido administrador da SLN e das suas ligações ao BPN. Isso é que é muito estranho. Suprimiu porquê? Com medo do quê? Para fugir a quê? Afinal o que é que se passa para que o currículo tenha sido “esquartejado”?! Para que os portugueses não se lembrassem do BPN que custa mais que a dívida da Madeira e que representa o dobro (?) dos valores que o governo de coligação pretende cortar no âmbito das despesas do estado?! Vão mas é todos à fava se fazem o favor. Porque de moralistas da treta estamos todos fartos.
Sobre esta questão, finalmente, permito-me transcrever um pequeno texto publicado no Económico e relacionado com toda esta polémica desnecessária e absurda – este governo de coligação é mestre nos tiros-nos-pés! – que ajuda a perceber o que está em questão:
“Com a informação que temos hoje, não há nada que indique que Franquelim Alves tenha cometido um crime ou alguma irregularidade durante os nove meses que passou pela administração da SLN, sociedade que foi proprietária do BPN. Além disto, Franquelim Alves tem uma longa carreira enquanto gestor e na política - é a segunda vez que é indicado para o lugar de secretário de Estado. Por fim, antes da atual polémica, o gestor era o responsável máximo pela distribuição dos fundos comunitários e a oposição não levantou uma única questão. Ainda assim, Pedro Passos Coelho e o ministro Álvaro não deviam ter escolhido Franquelim Alves para secretário de Estado. A política tem uma dimensão que vai para além dos factos. As pessoas formam perceções sobre as escolhas dos políticos e as suas decisões. Nas circunstâncias em que se pedem fortes sacrifícios aos portugueses, convidar para o Governo alguém que passou pelo BPN, o maior buraco do sistema financeiro que está a ser suportado pelos contribuintes, é um ato que pode ser entendido como provocatório. Faltou sensibilidade política ao primeiro-ministro. Por isso, também não preparou a defesa da escolha de Franquelim Alves. O argumento de "baixa política", usado pelo Governo contra as críticas da oposição, não pega. A oposição partidária existe para questionar as escolhas do Governo e esta tem bastantes pontas soltas”.
II.Quando se fala na comunicação social, nos seus problemas., nas ameaças devido a esta crise que atravessamos, nos desafios que em 2013 provavelmente poderão atingir situações extremas, onde mais importante do que tudo o resto será garantir a sobrevivência dos meios de comunicação social e a preservação dos postos de trabalho, Li há dias num jornal que "o presidente da Impresa, Pinto Balsemão, reconheceu ser “preciso que as empresas de média se unam para evitar um "suicídio lento". "O que pretendemos é que a Comissão Europeia e os governos nacionais apoiem e apliquem soluções que concretizem, no mercado, os esforços das empresas de comunicação social para serem remuneradas, através de licenciamento ou por outra forma, pelos respetivos conteúdos", afirmou Pinto Balsemão. Estas declarações foram proferidas na conferência da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, com o título "Motores de Busca - o seu a seu dono" durante a qual foi discutida a necessidade de maior fiscalização e de sanções eficazes. Balsemão recordou que os motores de busca representam "mais de 90% da publicidade paga que circula na Net" e que parte substancial desta receita resulta direta ou indiretamente do acesso gratuito a conteúdos profissionais, de informação ou de entretenimento, produzidos por empresas de comunicação social". O também fundador do Expresso declarou não estar "disposto a aceitar este suicídio lento a que os grupos de media estão condenados se não se unirem e atuarem, pois é de suicídio lento e não de eutanásia que se trata".
Julgo recomendável que todas as pessoas que prezam a comunicação social, o seu papel na sociedade democrática e a sua liberdade, quer de pressões políticas, quer de manipulações por parte de grupos empresariais com interesses económicos localizados e facilmente identificáveis, em vez de andarem envolvidos em guerras que não resolvem o essencial dos problemas que hoje se colocam - – numa conjuntura de crise as dificuldades resultam de outros constrangimentos – concentrem esforços na procura de soluções plausíveis que garantam essa sobrevivência mais facilmente" (JM)