Escreve o Económico que "na primeira entrevista enquanto ‘chairman’, Amado diz que a estrutura do Banif foi decapitada quando mais precisava de estabilidade. Luís Amado diz que a entrada do Estado no capital do banco é importante para garantir a estabilidade da instituição.
O dinheiro que o Estado está a colocar no Banif é um risco para os contribuintes?
- Isso não tem risco. Não põe em causa os interesses dos contribuintes. Até porque as condições de remuneração do capital com que o Estado entra no banco são muito vantajosas para o Estado. Não querendo o Estado ter mais um banco, faz sentido que, enquanto as suas fases da recapitalização não se encerram, o Estado garanta a continuidade da gestão, mantendo naturalmente o princípio que tem de ter um administrador não executivo e um membro do conselho fiscal não executivo como fez nos outros bancos. Admitiria, não me chocaria, que tivesse um membro na comissão executiva dada a diferença da natureza da intervenção do Banif relativamente a outros bancos. Mas se o Estado decidiu não o fazer, é porque quis também garantir que a actual equipa de gestão tenha o princípio da continuidade, renovando-lhe a confiança pelo trabalho que, entretanto, desenvolveu para garantir a estabilidade da instituição.
Foi convidado pelos accionistas privados. Hoje é ‘chairman' de um banco que é 99% de capital público. Isso muda alguma coisa na sua gestão?
- Não. Como sabe, rejeitei várias ofertas para manter uma ligação com o Estado. Tenho uma experiência grande de presença no Estado, rejeitei várias ofertas que me foram feitas para, no âmbito dessas ofertas, manter uma ligação com o Estado. Mas curiosamente sempre disse que, no limite, voltaria a trabalhar com o Estado e nesta circunstância espero que apenas por um período de seis meses, continuarei a trabalhar com o Estado enquanto maioritário; embora o Estado nos termos do contrato que está estabelecido durante cinco anos tenha presença no capital do Banif, que me parece apesar de tudo importante para garantir a estabilidade da instituição. Repare que nós estamos numa crise que foi determinada a partir do sistema financeiro.
Com esta intervenção do Estado, os clientes do Banif, após esta intervenção, podem dormir descansados?
- Repare que a estabilidade é a chave para justificar a intervenção do Estado. Todos os processos de intervenção, hoje a nível europeu - como já lhe disse aproximadamente 80 bancos receberam ajuda pública em toda a Europa - tiveram como princípio que, justamente a estabilidade do sistema financeiro é absolutamente essencial para garantir a recuperação da actividade económica num futuro mais próximo. E por isso, toda a legislação tem vindo a ser desenvolvida nesse sentido. Repare, esta instituição, há pouco tempo ainda, vivia com 5%, 5,5% de core tier 1 de capital. De repente é-lhe exigido o dobro de capital num contexto recessivo do ponto de vista económico, e de dificuldades da estrutura accionista e de atraso na resposta de reestruturação que o banco devia ter tudo e não teve. Portanto, é natural que a entrada do Estado gere um conforto e garanta estabilidade e confiança que não deixa de ter influência necessariamente na forma como os clientes e em particular os clientes do banco olham para o banco"