"Falências no futebol não são coisa nova. Nomes como Salgueiros, Farense, Estrela da Amadora são bons exemplos. E todos andaram pela 1ª Divisão… Mas é possível termos falências entre os grandes? E. E nunca no passado recente essa possibilidade foi tão grande. Porquê? Porque os clubes portugueses estão há muito a viver acima das posses. Leia-se, gastam mais do que recebem: se fossem o Estado, já andavam com uma Troika em cima…
Mas se é assim, perguntará o leitor, como é que continuam a gastar (como se viu nesta época, onde até o Sporting gastou 30 milhões em reforços e o FC Porto pagou 18 milhões por um defesa) o que não têm? Porque até há pouco tempo tiveram do seu lado um parceiro fundamental: a banca. Mas esta não está a passar pelo melhor momento (isto é um grande eufemismo…). E, obrigada a desalavancar, teve de rever os critérios de risco. Ora como os clubes, e as SADs, não saem bem classificados até nas mais generosas tabelas de risco, é fácil ver como bancos se afastaram do futebol como o diabo da cruz.
É esse fator que deixa os clubes na posição mais vulnerável de sempre: o recurso à banca era o expediente mais à mão dos dirigentes desportivos (basta ver a colagem entre os bancos e alguns dirigentes desportivos para perceber isso...). Mas isso acabou: nos próximos meses veremos os clubes a colocarem empréstimos obrigacionistas diretamente junto do público, provavelmente oferecendo taxas de juro proibitivas... Como aconteceu com o Sporting no defeso.
Mas vamos ao que interessa. Imagine que um dos grandes deixa de poder honrar os compromissos. O que acontece? O cenário é distante? Nem por isso. O Sporting está em falência técnica há anos e FC Porto e Benfica, embora numa situação diferente, têm passivos muito elevados.
Pela ordem das coisas teríamos uma situação de insolvência. Pela iniciativa do próprio clube ou dos credores, situação que implicaria um processo judicial, O juiz nomearia então um administrador de insolvência que teria como incumbência alienar os ativos existentes para satisfazer os compromissos assumidos com os credores. Entre os quais o Estado (contribuições para a Segurança Social e Impostos).
Mas aqui está o busílis: haverá coragem para pedir a insolvência de um grande? A situação seria inédita. E é legítimo ter dúvidas por causa do peso que uma insolvência teria nos adeptos (que são eleitores)… quem não se recorda do “bruaá” que se gerou quando o Fisco penhorou as casas de banho do estádio do F.C Porto? E quem não se recorda dos "benefícios" que os grandes têm recebido das autarquias (imobiliário...)? E quem não se lembra da solução "Totonegócio" para facilitar. o pagamento de dívidas fiscais pelos clubes?
Além do peso social dos clubes há um outro fator a considerar: a penhora dos ativos chegaria para os credores se ressarcirem dos montantes em dívida? De maneira nenhuma. Se é verdade que alguns desse ativos (passes de jogadores) têm grande valor, o que dizer de um estádio? Faça a pergunta a si mesmo: se fosse empresário compraria um estádio em hasta pública? Qual utilidade que, do ponto de vista d negócio, tiraria dele?
Moral da história a crise atua portuguesa e europeia, faz prever que a gestão dos clubes vai ter de mudar drasticamente nos próximos anos. Em Portugal a despesas vão ter de se aproximar das receitas, o que pode provocar uma perda de competitividade dos clubes na Europa. Quem não o fizer com um sério risco de acabar insolvente. E, ao contrário do passado, a crise social que vivemos vai desencorajar muita autarquia e muito governo central de correr em ajuda das agremiações favoritas: como explicar a um desempregado (ou alguém que perdeu a casa) que há dinheiro para ajudar um clube e não há dinheiro para ajudar quem precisa?" (por Camilo Lourenço, jornal Record, 14 de Março de 2012)
Mas se é assim, perguntará o leitor, como é que continuam a gastar (como se viu nesta época, onde até o Sporting gastou 30 milhões em reforços e o FC Porto pagou 18 milhões por um defesa) o que não têm? Porque até há pouco tempo tiveram do seu lado um parceiro fundamental: a banca. Mas esta não está a passar pelo melhor momento (isto é um grande eufemismo…). E, obrigada a desalavancar, teve de rever os critérios de risco. Ora como os clubes, e as SADs, não saem bem classificados até nas mais generosas tabelas de risco, é fácil ver como bancos se afastaram do futebol como o diabo da cruz.
É esse fator que deixa os clubes na posição mais vulnerável de sempre: o recurso à banca era o expediente mais à mão dos dirigentes desportivos (basta ver a colagem entre os bancos e alguns dirigentes desportivos para perceber isso...). Mas isso acabou: nos próximos meses veremos os clubes a colocarem empréstimos obrigacionistas diretamente junto do público, provavelmente oferecendo taxas de juro proibitivas... Como aconteceu com o Sporting no defeso.
Mas vamos ao que interessa. Imagine que um dos grandes deixa de poder honrar os compromissos. O que acontece? O cenário é distante? Nem por isso. O Sporting está em falência técnica há anos e FC Porto e Benfica, embora numa situação diferente, têm passivos muito elevados.
Pela ordem das coisas teríamos uma situação de insolvência. Pela iniciativa do próprio clube ou dos credores, situação que implicaria um processo judicial, O juiz nomearia então um administrador de insolvência que teria como incumbência alienar os ativos existentes para satisfazer os compromissos assumidos com os credores. Entre os quais o Estado (contribuições para a Segurança Social e Impostos).
Mas aqui está o busílis: haverá coragem para pedir a insolvência de um grande? A situação seria inédita. E é legítimo ter dúvidas por causa do peso que uma insolvência teria nos adeptos (que são eleitores)… quem não se recorda do “bruaá” que se gerou quando o Fisco penhorou as casas de banho do estádio do F.C Porto? E quem não se recorda dos "benefícios" que os grandes têm recebido das autarquias (imobiliário...)? E quem não se lembra da solução "Totonegócio" para facilitar. o pagamento de dívidas fiscais pelos clubes?
Além do peso social dos clubes há um outro fator a considerar: a penhora dos ativos chegaria para os credores se ressarcirem dos montantes em dívida? De maneira nenhuma. Se é verdade que alguns desse ativos (passes de jogadores) têm grande valor, o que dizer de um estádio? Faça a pergunta a si mesmo: se fosse empresário compraria um estádio em hasta pública? Qual utilidade que, do ponto de vista d negócio, tiraria dele?
Moral da história a crise atua portuguesa e europeia, faz prever que a gestão dos clubes vai ter de mudar drasticamente nos próximos anos. Em Portugal a despesas vão ter de se aproximar das receitas, o que pode provocar uma perda de competitividade dos clubes na Europa. Quem não o fizer com um sério risco de acabar insolvente. E, ao contrário do passado, a crise social que vivemos vai desencorajar muita autarquia e muito governo central de correr em ajuda das agremiações favoritas: como explicar a um desempregado (ou alguém que perdeu a casa) que há dinheiro para ajudar um clube e não há dinheiro para ajudar quem precisa?" (por Camilo Lourenço, jornal Record, 14 de Março de 2012)
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