"A primeira (das três) dificuldade que se coloca ao PSD da Madeira, nestas eleições regionais de 9 de Outubro, tem a ver com o facto de haver em Lisboa um governo de coligação do qual faz parte o PSD - partido liderante – mas que depende do CDS/PP que na Madeira é oposição aos social-democratas. E realço este aspecto porque me parece que o CDS/PP local não hesitará em demarcar-se as vezes que forem precisas do partido a nível nacional – veja-se José Manuel Rodrigues a votar em Lisboa a favor do imposto extraordinário, e no mesmo dia anuncia no Funchal uma iniciativa de verificação da constitucionalidade da retenção de verbas cobradas na Madeira, assunto que já tinha sido trazido para o primeiro plano das preocupações quer pelo PSD, quer por João Jardim, quer mesmo por outros partidos da oposição. Curiosamente, nos Açores, esse papel foi assumido e liderado pelo PSD, a cerca de um ano de eleições regionais.
Aparentemente esse governo de coligação, em situações normais, seria uma mais-valia - pode ser uma mais-valia - na resolução de questões pendentes e na procura de soluções que resolvam muitos assuntos pendentes entre a Região e a República. O problema é que atravessamos uma conjuntura extraordinariamente difícil, fruto da incompetência, do desleixo, do despesismo e da corrupção política que marcou a governação socialista nos últimos seis anos, que nos levou a todos para o abismo onde nos encontramos, obrigados a andar no trapézio (sem rede) e conduziu Portugal para a vergonha de ter de pedir apoio externo para resolver os seus graves problemas financeiros e orçamentais. Ou seja, amarrados como estamos a uma espiral de compromissos (ou exigências?) constantes do chamado "memorando de entendimento" assinado com a "troika", não prevejo que o governo em Lisboa tenha espaço de manobra para provar aos eleitores madeirenses, e devia fazê-lo, que o facto de existir um governo de coligação PSD/CDS no Terreiro do Paço é uma oportunidade para a Madeira. Além disso, temos que as principais pastas sectoriais que mais nos interessam - casos do turismo e dos assuntos fiscais - estão nas mãos de dirigentes do CDS. Por outro lado, e este pode ser o grande problema, estamos perante uma situação absolutamente caricata. que resulta do facto de vernos o PS local, que traiu a Madeira e os madeirenses, que sacrificou a região e o seu povo a golpadas políticas e jogadas eleitorais absolutamente nojentas, influenciadas por propósitos eleitoralistas que apostavam na institucionalização de um "garrote financeiro", andam agora a querer passar-se por "salvadores", como se não fossem eles a causa das desgraças que hoje enfrentamos, uma das quais, a principal, relacionada com a situação financeira complicada em que nos encontramos e que não se resolve nem com pensos rápidos nem com analgésicos comprados numa farmácia da esquina. Aliás, não é por acaso que essa situação é assumida descomplexadamente pelo PSD local, tal como a regeneração das contas públicas é o primeiro objectivo para o próximo mandato. Uma regeneração que passa por um entendimento com Lisboa, mas que pode esbarrar na possibilidade - reparem que é uma mera possibilidade - do CDS no plano nacional radicalizar a sua posição face à Madeira.
Explicando melhor esta conjuntura e os fundamentos da dificuldade previsíel.
PSD e CDS/PP são partidos de poder em Lisboa, com um acordo político e parlamentar que garante a estabilidade política que o país precisa e os tais "mercados" reclamaram. Algo que não existia anteriormente com um governo minoritário do PS. Contudo, e no que à Madeira diz respeito - no caso dos Açores o problema não se coloca para já, mas é de prever que seja plausível que em 2012 os socialistas sejam escorraçados do poder em Ponta Delgada, dada a progressiva degradação da situação financeira, social e económica daquela região liderada pelos socialistas de Carlos César - temos os dois partidos separados por um enorme fosso. O PSD da Madeira é poder e mantem um relacionamento com o CDS local distante, diria mesmo conflituoso, em todo semelhante ao que existe com os demais partidos do "contra". Temos inclusivamente constatado que entre os dois partidos, esse distanciamento se tem vindo a deteriorar sobretudo depois do resultado dos centrista locais nas legislativas de Junho passado que levou José Manuel Rodrigues a afirmar-se candidato à presidência do Governo Regional da Madeira! Já uma vez tive oportunidade de referir, e reafirmo-o com todas as letras, que não acredito, acho mesmo uma ilusão, que o CDS da Madeira, por causa do acordo em Lisboa, altere a sua postura na Madeira. Pelo contrário, a tendência é para acentuar essa oposição, não só porque o CDS, entalado no emaranhado da oposição regional, precisa do seu espaço, mesmo que isso implique puxar a corda, como se constatou recentemente, aliás com o envolvimento de Paulo Portas que já mostrou o que quer quando se deslocou ao Funchal. O que é estranho - e as pessoas já percebem porque razão digo, e reafirmo, que não acredito nesta coligação nacional e que desconfio que o CDS vai roer a corda logo que constatar que o desgaste decorrente de medidas impopulares que terão que ser tomadas o vai afectar - é que aparentemente o PSD nacional de Passos Coelho (e não vou referir-me a algumas situações que consolidam a minha desconfiança...) parece estar distante desta situação que alguns meios de comunicação social nacionais têm procurado colocar na primeira linha da "agenda", apontando tal cenário como potencialmente ameaçador para a estabilidade da coligação a nível nacional.
Não acredito, até porque o PSD da Madeira, neste quadro, é o partido que se encontra mais "entalado", que Alberto João Jardim radicalize o confronto com o CDS/PP local ao ponto de fazer recair sobre si responsabilidades por um insucesso da coligação nacional, com tudo o que isso significaria de desastroso para o país. Seria demasiado desgastante e dificilmente a Madeira sairia a ganhar alguma coisa. Pelo contrário. Mas o PSD da Madeira tem que consolidar, neste quadro de alguma indefinição política e mias dúvidas que certezas, o seu espaço próprio. Jogar no sucesso de futuras diligências a serem desencadeadas após as regionais de 9 de Outubro, sucesso que nunca será possível nem com um PS hipoteticamente colocado no poder regional - quando a Europa está a escorraçar os socialistas de responsabilidades governativas em toda a parte - muito menos num cenário de uma coligação alargada a seis ou sete partidos (!), neste caso num cenário de não conquista da maioria absoluta por parte dos social-democratas.
A primeira dificuldade, em meu entender, é pois esta. Por um lado os problemas relacionados com o relacionamento entre o PSD e o CDS, em termos nacionais e na Madeira, e por outro, o facto do governo central ter que tomar medidas impopulares, obrigado a isso pelo já referido "memorando de entendimento", que podem deixar marcas, irritar as pessoas e levar a um distanciamento ainda maior das urnas, influenciado pela desconfiança e pela desilusão dos eleitores perante um ano de 2012 que será provavelmente o mais difícil, para todos nós, desde o 25 de Abril de 1974 até hoje. E não tenhamos ilusões. O próprio Passos Coelho recorreu às redes sociais (Facebook) para referir que os “sacrifícios exigidos aos portugueses não serão suaves nem os resultados serão rápidos". Passos sustenta que “o nosso ponto de partida é extremamente débil e a instabilidade no sistema Financeiro Europeu e Americano são travões para um percurso já de si cheio de sacrifícios”, alertando para o “enorme trabalho” que há pela frente e “ao qual todos os portugueses são chamados”. Embora facilmente responsabilizável pelo que nos sucedeu, a verdade é que, como se todos estes problemas não bastassem, quer ao governo de coligação em Lisboa, quer ao PSD na Madeira, coloca-se ainda o ónus acrescido de ter de enfrentar um PS de memória curta, demagogo (as novas lideranças são susceptíveis de gerar uma “regeneração” forçada…), deambulante, pacóvio, mentiroso, hipócrita, que tenta passar a si próprio um atestado de "inocência" neste processo escabroso de destruição das contas públicas. Um PS que ainda apor cima se incomoda e se irrita muito, quando se fala na herança vergonhosa e criminosa que a governação dos socialistas deixou. É hipócrita que neste país se pretenda instituir uma espécie de manto de silêncio quanto a referências a anos desastrosos para todos nós, como se em nome de uma abrangência idiota fôssemos todos obrigados a um exercício colectivo de memória curta ou de branqueamento forçado de situações que deveriam ser investigadas e cujos culpados deveriam ser julgados. O que só seria possível se vivêssemos num país com dignidade e a política fosse uma actividade digna, não um covil de incompetentes e de hipócritas que não respondem pela sujeira que fazem porque contam com a impunidade institucionalizada. Duas outras dificuldades – abstenção e a concentração da estratégia da oposição no Funchal – serão por mim abordadas nos textos seguintes" (LFM - Jornal da Madeira)
Aparentemente esse governo de coligação, em situações normais, seria uma mais-valia - pode ser uma mais-valia - na resolução de questões pendentes e na procura de soluções que resolvam muitos assuntos pendentes entre a Região e a República. O problema é que atravessamos uma conjuntura extraordinariamente difícil, fruto da incompetência, do desleixo, do despesismo e da corrupção política que marcou a governação socialista nos últimos seis anos, que nos levou a todos para o abismo onde nos encontramos, obrigados a andar no trapézio (sem rede) e conduziu Portugal para a vergonha de ter de pedir apoio externo para resolver os seus graves problemas financeiros e orçamentais. Ou seja, amarrados como estamos a uma espiral de compromissos (ou exigências?) constantes do chamado "memorando de entendimento" assinado com a "troika", não prevejo que o governo em Lisboa tenha espaço de manobra para provar aos eleitores madeirenses, e devia fazê-lo, que o facto de existir um governo de coligação PSD/CDS no Terreiro do Paço é uma oportunidade para a Madeira. Além disso, temos que as principais pastas sectoriais que mais nos interessam - casos do turismo e dos assuntos fiscais - estão nas mãos de dirigentes do CDS. Por outro lado, e este pode ser o grande problema, estamos perante uma situação absolutamente caricata. que resulta do facto de vernos o PS local, que traiu a Madeira e os madeirenses, que sacrificou a região e o seu povo a golpadas políticas e jogadas eleitorais absolutamente nojentas, influenciadas por propósitos eleitoralistas que apostavam na institucionalização de um "garrote financeiro", andam agora a querer passar-se por "salvadores", como se não fossem eles a causa das desgraças que hoje enfrentamos, uma das quais, a principal, relacionada com a situação financeira complicada em que nos encontramos e que não se resolve nem com pensos rápidos nem com analgésicos comprados numa farmácia da esquina. Aliás, não é por acaso que essa situação é assumida descomplexadamente pelo PSD local, tal como a regeneração das contas públicas é o primeiro objectivo para o próximo mandato. Uma regeneração que passa por um entendimento com Lisboa, mas que pode esbarrar na possibilidade - reparem que é uma mera possibilidade - do CDS no plano nacional radicalizar a sua posição face à Madeira.
Explicando melhor esta conjuntura e os fundamentos da dificuldade previsíel.
PSD e CDS/PP são partidos de poder em Lisboa, com um acordo político e parlamentar que garante a estabilidade política que o país precisa e os tais "mercados" reclamaram. Algo que não existia anteriormente com um governo minoritário do PS. Contudo, e no que à Madeira diz respeito - no caso dos Açores o problema não se coloca para já, mas é de prever que seja plausível que em 2012 os socialistas sejam escorraçados do poder em Ponta Delgada, dada a progressiva degradação da situação financeira, social e económica daquela região liderada pelos socialistas de Carlos César - temos os dois partidos separados por um enorme fosso. O PSD da Madeira é poder e mantem um relacionamento com o CDS local distante, diria mesmo conflituoso, em todo semelhante ao que existe com os demais partidos do "contra". Temos inclusivamente constatado que entre os dois partidos, esse distanciamento se tem vindo a deteriorar sobretudo depois do resultado dos centrista locais nas legislativas de Junho passado que levou José Manuel Rodrigues a afirmar-se candidato à presidência do Governo Regional da Madeira! Já uma vez tive oportunidade de referir, e reafirmo-o com todas as letras, que não acredito, acho mesmo uma ilusão, que o CDS da Madeira, por causa do acordo em Lisboa, altere a sua postura na Madeira. Pelo contrário, a tendência é para acentuar essa oposição, não só porque o CDS, entalado no emaranhado da oposição regional, precisa do seu espaço, mesmo que isso implique puxar a corda, como se constatou recentemente, aliás com o envolvimento de Paulo Portas que já mostrou o que quer quando se deslocou ao Funchal. O que é estranho - e as pessoas já percebem porque razão digo, e reafirmo, que não acredito nesta coligação nacional e que desconfio que o CDS vai roer a corda logo que constatar que o desgaste decorrente de medidas impopulares que terão que ser tomadas o vai afectar - é que aparentemente o PSD nacional de Passos Coelho (e não vou referir-me a algumas situações que consolidam a minha desconfiança...) parece estar distante desta situação que alguns meios de comunicação social nacionais têm procurado colocar na primeira linha da "agenda", apontando tal cenário como potencialmente ameaçador para a estabilidade da coligação a nível nacional.
Não acredito, até porque o PSD da Madeira, neste quadro, é o partido que se encontra mais "entalado", que Alberto João Jardim radicalize o confronto com o CDS/PP local ao ponto de fazer recair sobre si responsabilidades por um insucesso da coligação nacional, com tudo o que isso significaria de desastroso para o país. Seria demasiado desgastante e dificilmente a Madeira sairia a ganhar alguma coisa. Pelo contrário. Mas o PSD da Madeira tem que consolidar, neste quadro de alguma indefinição política e mias dúvidas que certezas, o seu espaço próprio. Jogar no sucesso de futuras diligências a serem desencadeadas após as regionais de 9 de Outubro, sucesso que nunca será possível nem com um PS hipoteticamente colocado no poder regional - quando a Europa está a escorraçar os socialistas de responsabilidades governativas em toda a parte - muito menos num cenário de uma coligação alargada a seis ou sete partidos (!), neste caso num cenário de não conquista da maioria absoluta por parte dos social-democratas.
A primeira dificuldade, em meu entender, é pois esta. Por um lado os problemas relacionados com o relacionamento entre o PSD e o CDS, em termos nacionais e na Madeira, e por outro, o facto do governo central ter que tomar medidas impopulares, obrigado a isso pelo já referido "memorando de entendimento", que podem deixar marcas, irritar as pessoas e levar a um distanciamento ainda maior das urnas, influenciado pela desconfiança e pela desilusão dos eleitores perante um ano de 2012 que será provavelmente o mais difícil, para todos nós, desde o 25 de Abril de 1974 até hoje. E não tenhamos ilusões. O próprio Passos Coelho recorreu às redes sociais (Facebook) para referir que os “sacrifícios exigidos aos portugueses não serão suaves nem os resultados serão rápidos". Passos sustenta que “o nosso ponto de partida é extremamente débil e a instabilidade no sistema Financeiro Europeu e Americano são travões para um percurso já de si cheio de sacrifícios”, alertando para o “enorme trabalho” que há pela frente e “ao qual todos os portugueses são chamados”. Embora facilmente responsabilizável pelo que nos sucedeu, a verdade é que, como se todos estes problemas não bastassem, quer ao governo de coligação em Lisboa, quer ao PSD na Madeira, coloca-se ainda o ónus acrescido de ter de enfrentar um PS de memória curta, demagogo (as novas lideranças são susceptíveis de gerar uma “regeneração” forçada…), deambulante, pacóvio, mentiroso, hipócrita, que tenta passar a si próprio um atestado de "inocência" neste processo escabroso de destruição das contas públicas. Um PS que ainda apor cima se incomoda e se irrita muito, quando se fala na herança vergonhosa e criminosa que a governação dos socialistas deixou. É hipócrita que neste país se pretenda instituir uma espécie de manto de silêncio quanto a referências a anos desastrosos para todos nós, como se em nome de uma abrangência idiota fôssemos todos obrigados a um exercício colectivo de memória curta ou de branqueamento forçado de situações que deveriam ser investigadas e cujos culpados deveriam ser julgados. O que só seria possível se vivêssemos num país com dignidade e a política fosse uma actividade digna, não um covil de incompetentes e de hipócritas que não respondem pela sujeira que fazem porque contam com a impunidade institucionalizada. Duas outras dificuldades – abstenção e a concentração da estratégia da oposição no Funchal – serão por mim abordadas nos textos seguintes" (LFM - Jornal da Madeira)
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