quarta-feira, julho 06, 2011

Corte no rating: as dez consequências

"A Moody's foi a primeira das agências a cortar o 'rating' da República portuguesa, mas os efeitos já são visíveis: o financiamento para a banca e empresas vai ficar mais caro, um recuo no investimento estrangeiro e problemas para as exportações.
1. Estado. Apesar de o 'downgrade' ser da República, o Estado poderá nem ser muito afectado, visto que o seu financiamento nos próximos anos está coberto pelo empréstimo de 78 mil milhões acordado com a troika. Ainda assim, no leilão de amanhã deverá ver os juros da dívida subirem, empurrados pela decisão da Moody's.
2. Bancos. São os principais afectados. A descida do 'rating' da República obrigará os bancos (caso se confirmem mais descidas pelas restantes agências de rating) a apresentarem novas garantias para os empréstimos que já contraíram junto do BCE. Até agora, o aval do Estado tem permitido aos bancos (Caixa, BES e BCP) financiarem-se junto do BCE, mas a descida do 'rating' da República torna esta garantia mais frágil
3. Autarquias. O downgrade da República terá consequências directas no rating das autarquias, aumentando os custos de novos empréstimos. Na semana passada, a Moodys anunciou que deixaria de seguir o rating de Cascais, por considerar que "é improvável que o município de Cascais tenha suficiente flexibilidade financeira para permitir que a qualidade do seu crédito seja mais forte do que a do crédito soberano [República portuguesa]".
4. Empresas. A queda do rating tem impacto directo nos contratos de financiamentos às empresas. O 'downgrade' para lixo obrigará as empresas a apresentarem novas garantias para segurar os empréstimos (contratos existentes) ou a pagarem mais por novos empréstimos.
5. Exportações. O crescimento das empresas portuguesas em mercados internacionais continua a ser alimentado pelo crédito dos bancos nacionais, garante Pedro Gonçalves, CEO da Soares da Costa e este queda no rating trará novas dificuldades. "Como ainda não há historial para nos podermos financiar lá fora, será mais difícil investir com financiamento nacional". E isto, acrescenta, "levanta problemas às empresas", sobretudo às que querem equilibrar a queda no mercado nacional com resultados internacionais.
6. Investimento estrangeiro. "Haverá possivelmente a retracção de algum investimento estrangeiro", garante o ex-presidente da EFACEC, Luís Filipe Pereira, "já que a há menos confiança quando um país desce a um rating de lixo".
7. Bolsas. Logo depois de ser conhecido o corte, as bolsas norte-americanas recuaram pela primeira vez em seis sessões: o Dow Jones caiu 0,10%, enquanto que o S&P recuou 0,13% . O efeito no PSI será sempre maior, face ao efeito no financiamento e crescimento das empresas cotada
8. Famílias. Segundo a Moodys, existe "o risco crescente de que Portugal precise de uma segunda ronda de empréstimos internacionais antes de conseguir regressar ao mercado". Esse regresso estava previsto para 2013 e qualquer adiamento representará sempre mais austeridade, novos cortes na despesa e necessidade de subir a receita do Estado
9. Fuga de capitais. A subida do risco-país aumentará a deslocação de capitais para o exterior. É "natural que aconteça", garante Luís Filipe Pereira, já que há menos confiança de que o país consiga fugir a um default, cumprindo os seus compromissos internacionais
10. Crise da dívida. Quando parecia que a situação da Grécia poderia estabilizar e Portugal tinha um governo disposto a exigir mais sacrifícios aos portugueses para cumprir as metas da troika, a actuação de duas agências de rating precipitam a zona euro para um agravamento da sua crise da dívida soberana. Depois de a S&P ter avisado que o modelo de reestruturação grego implicaria uma falha de pagamento, agora foi a Moody's a cortar o rating da República Portuguesa. Ambos empurram colocam mais pressão sobre as economias da zona euro
" (do site Dinheiro Vivo, com a devida vénia)

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