sexta-feira, julho 22, 2011

Passos engorda número de gestores da Caixa

Escreve a jornalista Margarida Bon de Sousa, do Jornal I, que "a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai ter mais administradores do que actualmente. O número total deverá rondar os 11, embora até ontem à noite o Ministério das Finanças não tenha confirmado nem o novo modelo de governação nem os nomes do novo órgão de gestão do maior banco do país. Porém, o i sabe que haverá menos gestores executivos que os actuais sete e que o novo modelo incluirá administradores não executivos, que não existiam até agora. Os encargos salariais serão contudo menores que os actuais. Apesar da diminuição dos custos, este modelo contraria as orientações do governo liderado por Pedro Passos Coelho, que se comprometeu a diminuir 15% os cargos dirigentes de toda a administração pública. A criação de dois cargos de presidente, o não executivo ou chairman - que será ocupado por Faria de Oliveira -, e o executivo, surge ainda numa altura em que a Caixa está obrigada a reorientar o seu foco para a actividade bancária, saindo de outras áreas, como os seguros e as participações financeiras em empresas emblemáticas - Portugal Telecom, EDP e Zon, entre outras. A existência de dois presidentes é uma configuração mais adoptada nas empresas privadas com vários accionistas, em que o chairman tem em regra a missão de lidar com os vários sócios da empresa. A única empresa pública onde este modelo é praticado é a TAP. O figurino já tinha sido experimentado na Caixa com maus resultados. No anterior governo de coligação PSD/CDS, a coexistência entre o chairman António de Sousa e o presidente-executivo Mira Amaral foi tudo menos pacífica. Choque de personalidades e uma distinção pouco clara entre as responsabilidades e funções de cada órgão, terá contribuído para o conflito que resultou na demissão dos dois. José Agostinho de Matos é o homem agora escolhido para presidente-executivo (CEO) do banco público. O ainda vice-governador do Banco de Portugal será o próximo presidente do banco estatal, mas não terá sido a primeira escolha do governo. Faria de Oliveira, um homem muito próximo do Presidente da República, Cavaco Silva, troca a presidência pelo cargo de chairman (presidente não executivo). António Nogueira Leite, que faz parte do Conselho Nacional do PSD e que esteve ao lado de Passos Coelho durante a oposição ao governo de José Sócrates, ocupará a vice-presidência. O i sabe ainda que a escolha de José Agostinho de Matos, um técnico sem conotações políticas, foi da responsabilidade do ministro das Finanças, Vítor Gaspar. E desta vez o Partido Socialista, ao contrário do que já aconteceu no passado em relação à nomeação de alguns cargos públicos mais importantes, não foi ouvido. A garantia foi dada ao i por José Lello, que pertence ao secretariado nacional do PS. O novo conselho de administração da CGD deverá ter ficado ontem fechado porque a assembleia-geral para eleger a nova equipa está agendada para hoje, o último dia do prazo definido pelo antigo executivo para esta nomeação. O ministério das Finanças já tinha confirmado que iria cumprir o calendário para esta decisão, mas ontem não fez qualquer comentário aos nomes que foram avançados pela imprensa económica. Nogueira Leite sai do grupo Mello O economista António Nogueira Leite abandona todos os cargos que desempenhava no grupo Mello, onde era administrador de várias empresas. O grupo Mello está presente no sector da saúde, negócio que a CGD pode vender no quadro da reorganização, mas o i sabe que o gestor não irá participar em reuniões que discutam assuntos do interesse do seu antigo empregador, o Grupo Mello. Antes de entrar para o grupo que é o maior accionista da Brisa, Nogueira Leite teve uma passagem rápida pelo governo de António Guterres, onde foi secretário de Estado do então ministro das Finanças, Pina Moura. O novo vice-presidente da CGD foi conselheiro de Pedro Passos Coelho, mas durante a elaboração do programa de governo vieram a público algumas fricções entre os dois".

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