sexta-feira, julho 15, 2011

Câmara (PS) ‘familiar’ de Loures

Segundo o Expresso, num texto do jornalista Rui Gustavo, “o Presidente Carlos Teixeira tem a mulher, a filha, dois cunhados e a nora a trabalhar na câmara. E não acha mal. Carlos Teixeira formou-se nos Pupilos do Exército e leva à letra a regra primária de se rodear de elementos de confiança. Tanto que nos últimos anos nomeou, directa ou indirectamente, vários familiares directos para lugares de topo na Câmara Municipal de Loures. Hoje são cinco — mulher, dois cunhados, filha e nora — que permanecem na quinta maior autarquia do país. “Admito que possa parecer mal mas não me pesa nada na consciência”, réplica Carlos Teixeira que interrompeu as férias para “esclarecer tudo” ao Expresso. A última nomeada presidencial é a espanhola Maria Montserrat, namorada do filho de Carlos Teixeira, escolhida em Março deste ano como adjunta do gabinete da presidência. “O meu filho é solteiro e vive connosco. A relação dele com a Maria não teve nada a ver com a nomeação. A Maria é especialista em saúde e está a acompanhar a construção do hospital de Loures”. Montserrat substitui no cargo Joana Calçada, filha de Carlos Teixeira, nomeada por sua vez adjunta da vereadora socialista Sónia Paixão. “A minha filha tem uma licenciatura na área dos recursos humanos e é aí que trabalha. O meu outro filho também tem curso e é recepcionista num hotel”. O PS, partido de Carlos Teixeira, recusou-se a comentar este caso, que se sucede a outro semelhante em Grândola, onde Carlos Beato, também socialista, nomeou o filho para o lugar de adjunto do gabinete pessoal.
Tudo legal, diz o autarca
A CDU de Loures, derrotada em três eleições por Carlos Teixeira depois de duas décadas de vitórias consecutivas, considera que “a câmara não é uma empresa do senhor Teixeira” e não pode “ser um sítio para levar a família toda”. Os comunistas já tomaram uma posição pública de crítica quando o presidente nomeou a filha para adjunta e consideram que a sua substituição por outra familiar é pouco ética: “O presidente disse-nos que não estava a cometer nenhuma ilegalidade e que tinha o direito de se rodear de pessoas de confiança”, relata o vereador António Pombinho. “Mas isto não pode ser assim, tem que haver algum decoro”. Até agora não houve qualquer consequência da política de nomeações socialistas em Loures e o partido venceu as últimas eleições com maioria absoluta, tendo o total das vereações. “Nunca fiz nada às escondidas”, justifica Carlos Teixeira. A estratégia nem sequer é novidade: em 2001, quando ganhou as eleições pela primeira vez, Carlos Teixeira, que já é funcionário da câmara desde os anos 80, apostou no cunhado, António Baldo, para chefe de gabinete, cargo que ainda mantém. É na prática responsável pela protecção civil e tem direito a carro da câmara. “O meu cunhado é sargento-mor da Cavalaria e nomeei-o meu chefe de gabinete. Não é funcionário da câmara”. Constantino Teixeira, irmão do presidente, era, também em 2001, assessor de um vereador, mas saiu para a Valor Sul, empresa participada pela câmara. A influência do presidente estende-se a outras empresas do universo camarário: a mulher, Graça Teixeira, foi nomeada para directora dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS). O irmão desta, Paulo Gualdino, é chefe de divisão. Os dois foram nomeados no início deste ano pelo Conselho de Administração, chefiado por Carlos Teixeira. “Posso garantir que não tive qualquer influência nessas duas nomeações. E a minha mulher entrou por concurso. Por serem da minha família não podem concorrer?”, insiste o presidente. A cabeça de lista do PSD nas últimas eleições, Maria Geni Veloso, vereadora sem pelouro, não respondeu ao Expresso. Carlos Teixeira, que é vice-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa e fez parte da lista de António Costa quando o atual presidente da Câmara de Lisboa se candidatou a Loures só tem mais dois anos de presidência, por causa do limite de mandatos”.

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