
Tudo legal, diz o autarca
A CDU de Loures, derrotada em três eleições por Carlos Teixeira depois de duas décadas de vitórias consecutivas, considera que “a câmara não é uma empresa do senhor Teixeira” e não pode “ser um sítio para levar a família toda”. Os comunistas já tomaram uma posição pública de crítica quando o presidente nomeou a filha para adjunta e consideram que a sua substituição por outra familiar é pouco ética: “O presidente disse-nos que não estava a cometer nenhuma ilegalidade e que tinha o direito de se rodear de pessoas de confiança”, relata o vereador António Pombinho. “Mas isto não pode ser assim, tem que haver algum decoro”. Até agora não houve qualquer consequência da política de nomeações socialistas em Loures e o partido venceu as últimas eleições com maioria absoluta, tendo o total das vereações. “Nunca fiz nada às escondidas”, justifica Carlos Teixeira. A estratégia nem sequer é novidade: em 2001, quando ganhou as eleições pela primeira vez, Carlos Teixeira, que já é funcionário da câmara desde os anos 80, apostou no cunhado, António Baldo, para chefe de gabinete, cargo que ainda mantém. É na prática responsável pela protecção civil e tem direito a carro da câmara. “O meu cunhado é sargento-mor da Cavalaria e nomeei-o meu chefe de gabinete. Não é funcionário da câmara”. Constantino Teixeira, irmão do presidente, era, também em 2001, assessor de um vereador, mas saiu para a Valor Sul, empresa participada pela câmara. A influência do presidente estende-se a outras empresas do universo camarário: a mulher, Graça Teixeira, foi nomeada para directora dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS). O irmão desta, Paulo Gualdino, é chefe de divisão. Os dois foram nomeados no início deste ano pelo Conselho de Administração, chefiado por Carlos Teixeira. “Posso garantir que não tive qualquer influência nessas duas nomeações. E a minha mulher entrou por concurso. Por serem da minha família não podem concorrer?”, insiste o presidente. A cabeça de lista do PSD nas últimas eleições, Maria Geni Veloso, vereadora sem pelouro, não respondeu ao Expresso. Carlos Teixeira, que é vice-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa e fez parte da lista de António Costa quando o atual presidente da Câmara de Lisboa se candidatou a Loures só tem mais dois anos de presidência, por causa do limite de mandatos”.
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