quinta-feira, junho 02, 2011

Jornalismo e critérios

Em resposta – e toda a entidade tem direito a responder – a uma notícia publicada no DN do Funchal, quer sobre mais “confusões” – mais do mesmo – nos ortopedistas, quer sobre um processo interno, resultante de uma inspecção solicitada pela Secretaria dos Assuntos Sociais e pelo SESARAM, esta instituição divulgou o seguinte esclarecimento:
«Em relação às notícias surgidas hoje, no Diário de Notícias, da responsabilidade da jornalista Ana Luísa Correia, acerca da actividade do serviço de Ortopedia, o CA do SESARAM vem esclarecer o seguinte:
1. É prática corrente de há muitos anos, proceder-se durante o período de férias e do verão, a uma reestruturação dos elementos do serviço de ortopedia escalados para o Serviço de Urgência, reestruturação que é sempre feita acautelando os interesses do serviço e da assistência aos doentes.
2. Com o esquema ora implementado aumenta-se o número de ortopedistas no serviço de urgência, sobretudo no período do dia, que é habitualmente o mais solicitado pelos doentes, facto que não é referido na notícia. Por outro lado, as cirurgias ficam sempre salvaguardadas por um ortopedista de prevenção, sobretudo aos fins-de-semana, o que também não é referido na notícia.
3. É de salientar que esta medida levará a uma inevitável redução das horas extraordinárias efectivamente praticadas pelos médicos, o que permite por um lado uma menor sobrecarga física dos mesmos e por outro uma contenção de custos exigida pelo contexto financeiro actual.
4. Note-se que alguns médicos do serviço mostraram-se indisponíveis para realizar trabalho extraordinário, para além do mínimo exigido por lei, pelo que esta medida também vem de encontro a essa pretensão.
5. Aliás, o cerne da questão levantada parece ser afinal, a redução das horas extras efectivamente praticadas, o que corresponde a uma redução da remuneração auferida mensalmente.
6. Acresce que o alarido provocado pelo Sindicato Independente dos Médicos, mais uma vez soprado de Lisboa, por um clínico geral de Peniche, sem carreira médica conhecida, passa-se em plena campanha eleitoral para a Assembleia da Republica, denotando razões políticas e não sindicais ou de serviço.
7. Em relação à segunda notícia, relativa a um processo em curso, este está em segredo de justiça, pelo que esta violação do mesmo será tratada em sede própria.
O Presidente do Conselho de Administração
António Almada Cardoso».
O tratamento dado pelo DN do Funchal a este documento foi este:
"Sesaram esclarece

Na manhã de ontem o Conselho de Administração do Serviço de Saúde da Região enviou um esclarecimento onde se limita a 'responder' à notícia sobre a redução das equipas da Ortopedia nas Urgências, referindo que tal é prática corrente de há muitos anos no período de Verão e garantindo que as cirurgias ficam sempre salvaguardadas por um ortopedista de prevenção. Relativamente à notícia sobre os dados presentes no relatório da Inspecção Geral das Actividades em Saúde e que visam directamente Marcelino Andrade, o SESARAM refere apenas que a "segunda notícia, relativa a um processo em curso, este está em segredo de justiça, pelo que esta violação do mesmo será tratada em sede própria". Curioso é o facto de a notícia se referir apenas aos dados do relatório da IGAS (que não está em segredo de justiça) e de a única vez que é mencionado algum 'processo', tal expressão é da responsabilidade do próprio Marcelino Andrade".

Eu sei que não existem verdades absolutas e que num confronto de notícias, há sempre duas "verdades". Uma coisa é certa: os meios de comunicação social têm sempre uma responsabilidade acrescida, que nada tem a ver com a discussão de critérios, mas com o cumprimento rigoroso de princípios informativos que têm que garantir equidistância e respeito. E quanto à relação com as fontes, interrogo-me apenas em duas questões concretas: porque razão as "fontes" terão sempre razão, só porque serviram de base a uma notícia qualquer? E no caso concreto da saúde na Região, porque razão os jornalistas e os meios de comunicação social ainda não se interrogaram sobre o facto, estranho, caricato e absolutamente misterioso, de serem, os ortopedistas (e de quando em vez os enfermeiros) os únicos que recorrem para o mediatismo informativo com garantia de adequado destaque? Por acaso não existem outros serviços hospitalares, outros médicos, etc, porventura também, e legitimamente, com razões de queixa ou propondo melhorias funcionais, mas que o fazem no local próprio e com metódos e comportamentos adequados, sem o espalhafato que revela bem a degradação e a mediocridade de quem a eles recorre?

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