sábado, junho 25, 2011

Bancos tentam vender Dolce Vita



Escreve o Expresso de hoje que "para desalavancar dívida, há bancos que tentam vender ativos da Chamartín Imobiliária, cuja dívida era de 1122 milhões de euros em 2008 Eurohypo (banco de investimento imobiliário do Commerzbank), Banco Popular e Millennium BCP são algumas das instituições financeiras que, segundo várias fontes do sector imobiliário, estarão a tentar atrair investidores para comprar ativos da Chamartín Imobiliária, promotora imobiliária que detém os centros comerciais Dolce Vita. Em causa estará a dívida bancária da empresa que, em 2008, de acordo com o último Relatório e Contas disponível, ascendia a 1,122 mil milhões de euros. Segundo o mesmo documento, em 2008, o Eurohypo era credor da Chamartín Imobiliária em mais de 140 milhões de euros, o Banco Popular em cerca de € 76 milhões e o Millennium BCP em 25 milhões de euros. Contactados pelo Expresso, os bancos recusaram comentar. O portefólio da empresa no mercado português ronda os 1,4 mil milhões de euros, o que representa cerca de 80% do total de ativos do grupo, distribuídos por Portugal, Espanha e Alemanha. “Como qualquer empresa de promoção imobiliária, a Chamartín cresce à custa da rotação de ativos e, por isso, é normal que esteja disponível para vender os seus ativos e que haja investidores interessados”, explica um operador do mercado imobiliário. O Dolce Vita Tejo, por exemplo, esteve para ser comprado por um fundo imobiliário alemão, mas a operação não chegou a concretizar-se. Aquele que é o maior centro comercial da Península Ibérica é detido em 60% pela Chamartín Imobiliária e em 40% pela ING Real Estate, unidade de imobiliário que o grupo holandês ING está a alienar. “Foi a ING que durante mais de um ano tentou vender o Dolce Vita Tejo”, revela fonte que esteve ligada ao processo. Operando sob a marca Dolce Vita, a Chamartín Imobiliária gere 18 centros comerciais na Península Ibérica. Disponível para vender A administração da Chamartín explica que não está vendedora dos seus ativos, mas está “disponível, como sempre esteve, para analisar propostas concretas, que considere interessantes”. Como aconteceu com o Edifício Campo Pequeno, cuja empresa promotora vendeu ao Fundo de Recuperação da ECS Capital, em março deste ano. O fundo tem por objetivo recuperar empresas e ativos que, apesar de enfrentar dificuldades financeiras, apresentem modelos de negócio sustentáveis e foi a “solução que permitiu o cumprimento do objetivo de venda e realização de mais-valias face ao investimento realizado, a um preço considerado justo”, revela a Chamartín. Em 2010, a empresa chegou a anunciar que os 16 apartamentos do edifício deveriam permitir um encaixe de vendas acima dos 37 milhões de euros. “É natural que perante propostas interessantes a Chamartín avalie e concretize a venda de alguns ativos: faz parte do negócio imobiliário e é sinal que os ativos são apetecíveis, têm valor e suscitam interesse”, acrescenta a administração. Só no mercado espanhol, o grupo vendeu ativos no valor de 327 milhões de euros entre 2009 e 2010. Em Espanha, segundo fontes próximas da empresa, o Banco Banesto, o Banco Popular e o Millennium BCP são apenas três das cerca de 10 instituições que estarão a tentar vender a dívida que detêm da Chamartín Inmobiliária, a sociedade espanhola que, em 2006, comprou o negócio do imobiliário ao empresário Américo Amorim e o transformou em Chamartín Imobiliária. O grupo espanhol, presidido por Carlos Cutillas, endividou-se para adquirir a ex-Amorim Imobiliária por 520 milhões de euros e é parte desse montante que levou as instituições bancárias que financiaram a operação de compra a constituírem um sindicato com o propósito de vender e desalavancar a dívida da espanhola Chamartín Inmobiliária. Contactados pelo Expresso, Banco Banesto, Banco Popular e Millennium BCP não comentam a operação. A administração da Chamartín Imobiliária afirma que não lhe compete pronunciar-se sobre as decisões do sindicato e que “os bancos em questão, com grande representação em Portugal e Espanha, saberão com certeza decidir sobre as melhores soluções para que os objetivos de ambas as partes sejam alcançados”. A empresa esclarece que “a dívida atualmente é de cerca de 350 milhões de euros, valor que representa uma redução bastante substancial em relação ao valor inicial de 520 milhões ded euros em dívida para o sindicato bancário”. Com dificuldades em obter financiamento junto da banca, a Chamartín Imobiliária refreou o seu plano de expansão da rede Dolce Vita, que previa 30 centros comerciais em funcionamento até 2012. Com o investimento praticamente em suspenso, a empresa está a concluir a construção do Dolce Vita Braga, através de um investimento de cerca de 50 milhões de euros. Nesta fase, só mesmo o retorno que a alienação de parte da sua carteira de ativos poderia gerar é que permitiria fazer novos e avultados investimentos".

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