Escreve a jornalista do Publico, Alexandra Campos que "o concurso lançado pelo Instituto Português do Sangue (IPS) para a compra de um equipamento inovador cujos requisitos apontavam para uma única empresa da qual era sócio o filho do presidente do organismo foi anulado, como propôs a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, soube o PÚBLICO.Ontem, o Ministério da Saúde anunciou a substituição do presidente do Conselho Directivo do IPS, Gabriel Olim, antes do fim do seu mandato à frente do organismo, sem adiantar mais explicações. Lançado em Maio, o concurso público internacional do IPS para "Aquisição de testes a determinação automática do valor da hemoglobina na pré-doação de sangue" especificava que os equipamentos a distribuir pelos centros regionais de sangue de Lisboa, Porto e Coimbra deveriam ser não invasivos, ou seja, "sem necessidade de agulha ou picada de agulha". Os problemas começaram aqui: das quatro empresas concorrentes só uma apresentava um equipamento capaz de preencher este requisito. Tratava-se da Med First Lda., que se candidatava com um equipamento israelita inovador e exactamente com o preço máximo previsto no caderno de encargos, 200 mil euros. A assinar a proposta surgia o sócio e director médico da empresa, Nélson Olim, filho de Gabriel Olim. Em Agosto, quando o PÚBLICO o confrontou com as coincidências da candidatura da Med First, Gabriel Olim lembrou que os concursos do IPS são feitos através do Departamento de Aprovisionamento e Financiamento do instituto e apenas admitiu que teria aludido ao novo sistema em conversa com o filho. Gabriel Olim tinha visto pela primeira vez o novo método no encontro anual da associação americana de bancos de sangue, em Nova Orleães, em Outubro de 2009, e ficou entusiasmado porque, além de evitar a desconfortável picada no dedo aos dadores e potenciais infecções, é mais barato do que os sistemas tradicionais de medição da hemoglobina. Já Nélson Olim assegurou então ao PÚBLICO que soube da existência do equipamento em Março de 2010, quando foi a Israel fazer formação sobre emergência médica. Terá sido nessa altura que se propôs tornar-se representante para Portugal da empresa. E garantiu que o seu objectivo inicial nem era o de concorrer a qualquer concurso do IPS, mas tão-só disponibilizar o novo método a clínicas, consultórios e empresas que fazem medicina no trabalho. Foi "por acaso" que acabou por ver no portal dos concursos públicos a referência ao concurso do IPS, contou. Se houvesse algo de suspeito, as propostas não iriam assinadas com o seu nome: "É o máximo da transparência."
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