É mais uma bronca nos Açores. Segundo o Correio dos Açores, "quando o senhor Secretário vem para a comunicação social dizer que nós nos recusámos a fazer prevenção” em psiquiatria no Hospital do Divino Espírito Santo, “isso é mentira”. A afirmação é do director demissionário do Serviço de Psiquiatria, José Carlos Alves, que em declarações à ‘Antena 1 Açores’ deixou ontem claro que perdeu a confiança na hierarquia da unidade hospitalar. Os médicos psiquiatras recusaram ontem qualquer responsabilidade no caso do doente sem apoio no Hospital do Divino Espírito Santo depois de uma tentativa de suicídio. Os familiares do doente pediram ao presidente do conselho de administração da unidade hospitalar que se retratasse mas o facto é que não aceitou ontem prestar esclarecimentos à comunicação social. Numa nota de esclarecimento tornada pública ontem sobre esta situação de alegada falta de apoio psiquiátrico na urgência do Hospital de Ponta Delgada, durante sábado e domingo, a secretaria regional da Saúde esclarece que o indivíduo em causa entrou na urgência do Hospital no Sábado de manhã. Adianta que o Hospital “garantiu o aconselhamento psiquiátrico por parte de um psiquiatra do Hospital da Horta, mas os médicos de serviço na urgência, em Ponta Delgada, recusaram a administração da terapêutica aconselhada”. Refere o esclarecimento que, ao fim da tarde, a situação “foi resolvida com a colaboração extraordinária de um outro médico que, prestou o apoio à pessoa em causa, seguindo indicações da psiquiatria da Horta. O doente teve alta ao início da manhã de Domingo”. O secretário regional da Saúde deixa claro no documento que a situação descrita “não tem a ver com as medidas implementadas pela tutela, que visam apenas a suspensão da prevenção em psiquiatria da meia-noite às oito da manhã, mas sim ao facto dos médicos psiquiatras do Hospital de Ponta Delgada se terem recusado a fazer prevenções, deixando assim, a descoberto, dois dias úteis e o fim-de-semana”. “O recurso ao apoio telefónico para situações do foro psiquiátrico é uma prática frequente, quer pelos próprios serviços de urgências dos hospitais quer pelos dos Centros de Saúde”, lê-se ainda na nota de esclarecimento.A secretaria acaba por assumir que irá “auxiliar os hospitais na assistência aos doentes nos horários adequados, ultrapassando, sempre que for necessário, quaisquer obstáculos que se deparem de natureza operacional”.
“A mentira do secretário”
José Carlos Alves, director demissionário do Serviço de Psiquiatria do hospital do Divino Espírito Santo, reagiu de uma forma dura e incisiva a este esclarecimento. Em declarações à ‘Antena 1 Açores’, o médico psiquiatra considera “inadmissível” que o secretário da Saúde “esteja a lavar as mãos de uma decisão tomada pela própria secretaria”.Em todos os hospitais centrais do país a psiquiatria é uma especialidade que garante a presença de médicos durante 24 horas. Isso só não acontece em São Miguel porque não há número suficiente de médicos que asseguram a cobertura. Daí que trabalhem em regime de prevenção.
Quando o secretário da saúde decidiu cortar a prevenção das zero horas e meia às oito e meia da manhã, os psiquiatras deixaram claro que passavam ao regime de presença física. A explicação de José Carlos Alves: “Quando o senhor secretário corta oito horas e depois vem para a comunicação social dizer que nós recusamos a fazer prevenção, isso é mentira. Numa reunião que teve comigo no Hospital do Divino Espírito Santo ficou esclarecido se estas coisas (o corte de oito horas na prevenção) não voltassem para trás, nós deixaríamos de fazer prevenção e passaríamos ao regime de presença física que é aquilo a que a lei nos obriga. O regime de prevenção é um regime acordado entre os médicos e as instituições e só funciona se tiver o acordo dos médicos”, completa.
Quando o secretário da saúde decidiu cortar a prevenção das zero horas e meia às oito e meia da manhã, os psiquiatras deixaram claro que passavam ao regime de presença física. A explicação de José Carlos Alves: “Quando o senhor secretário corta oito horas e depois vem para a comunicação social dizer que nós recusamos a fazer prevenção, isso é mentira. Numa reunião que teve comigo no Hospital do Divino Espírito Santo ficou esclarecido se estas coisas (o corte de oito horas na prevenção) não voltassem para trás, nós deixaríamos de fazer prevenção e passaríamos ao regime de presença física que é aquilo a que a lei nos obriga. O regime de prevenção é um regime acordado entre os médicos e as instituições e só funciona se tiver o acordo dos médicos”, completa.
Perca de confiança na hierarquia hospitalar
O psiquiatra Carlos Alves mostra-se ainda mais chocado depois de saber que um médico que presta apenas colaboração extraordinária tenha aplicado a terapeuta ao doente que despoletou toda esta polémica. Em sua opinião, “É mais uma vez inadmissível que um colega que não tem formação em psiquiatria, arranje ele as escapatórias que quiser arranjar, tenha vindo fazer, entre aspas, de psiquiatra no Hospital do Divino Espírito Santo depois dos colegas que estão no Serviço de Urgência dizerem que não se responsabilizam por isso. Eu acho lamentável”. “Mais”, prossegue, “este colega que foi ver estes doentes diz que foi ao hospital após contacto e pedido directo do senhor secretário. Eu espero que isso não seja realmente assim. Acho isso inadmissível”. Carlos Alves deixou bem claro ao jornalista que “não aceita qualquer responsabilização” no caso e sublinha que esta situação “ultrapassou todos os limites e que perdeu a confiança na hierarquia do Hospital de Ponta Delgada”. O Hospital do Divino Espírito, neste momento, não tem director clínico, director do Serviço de Urgência e director do Serviço de Psiquiatria, todos eles demissionários em resultado dos cortes às prevenções no Serviço de Urgência propostos pela administração hospitalar e implementados pela secretaria regional da Saúde. Neste momento, após a carta dos directos de serviços da unidade hospitalar ao secretário regional da Saúde, existe um braço de ferro com prejuízos que começam a ser evidentes para os utentes".
Comentário: não faço mais comentários. "Paraíso" é isto... Quanto ao patético bastonário da OM, nada. A Madeira é que tem que ser perseguida por causa do tal diplomazinho dos medicamentos e das receitas. O Ministério Público continua a não agir, quando devia fazê-lo e travar esta bandalheira toda, e a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais deveria avançar rapidamente com uma providência cautelar para suspender o concurso de internatos hoje iniciado e que se prolonga até 9 de Dezembro. Vejam bem no que dá a inveja e as guerras pessoais de alguns médicos locais de onde saíram as falsas denúncias anónimas motivadas apenas por sede de cagança e tachos e pela esperança de demissões para que alguns deles fossem depois nomeados para os lugares vagos. Vergonhoso.
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