
Aisha (bibi é um tratamento honorífico) foi tratada numa base militar americana. Despertou o interesse de Ching Eikenberry, mulher do embaixador dos EUA em Cabul, e também da Grossman Burn Foundation, na Califórnia, que lhe vai pagar a cirurgia reconstrutiva nos Estados Unidos. Na verdade, Aisha viajou para a Califórnia na quarta-feira, quando o seu caso fazia furor, escândalo, ou simplesmente causava indignação nos Estados Unidos Desde que a capa da Time foi conhecida, com uma foto da fotógrafa sul-africana Jodi Bieber, ninguém ficou indiferente. Mas os opositores da guerra no Afeganistão foram os críticos mais ferozes: tomaram-na como um apelo à presença militar no Afeganistão. A Time defende-se: "Não mostramos esta imagem para apoiar o esforço de guerra dos EUA ou em oposição a ele", garante o director, Richard Stengel
A jornalista Christiane Amanpour mostrou-a na televisão ABC à speaker do Congresso Nancy Pelosi, e interrogou-a sobre quão empenhada estava a América em continuar a apoiar as mulheres afegãs. Pelosi não conseguiu evitar afastar os olhos, antes de dar uma resposta de circunstância. Tom Scocca, colunista da Slate, sublinhou a semelhança - uma "paródia grotesca", na sua opinião - com uma capa da National Geographic de 1985 que mostrava uma refugiada afegã com uns olhos impossivelmente azuis/verdes. "A mensagem, então, era que a guerra - a invasão soviética - estava a ter um terrível custo humano. A mensagem da Time é que os afegãos não estão a ter guerra suficiente", diz. E Aisha, o que pensa? Bem, ela nem sabe ler, mas quer aprender. Mas quando um repórter do New York Times lhe perguntou o que pensava da controvérsia em torno da sua fotografia, e se isso poderia ajudar outras afegãs, ela não estava muito certa. "Não sei se vai ajudar outras mulheres ou não. Só quero ter um nariz outra vez", disse, tapando a cara com o lenço da cabeça, como faz sempre” (pela jornalista do Publico, Clara Barata, com a devida vénia)
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