A professora universitartia e antiga jornalista Estrela Serrano, membro da ERC enviou-me uma mensagem por correio electrónico, chamando a atenção para um comentário que a própria publicou no seu blogue, e relacionado ainda com uma notícia sobre a ERC publicada pelo Expresso de sábado passado e da qual dei conta neste blogue. O comentário de Estrela Serrano à referida notícia foi o seguinte: "Na sua edição de hoje, o Expresso publica uma peça sobre a ERC, aparentemente sobre “a suspensão do Jornal Nacional de Sexta (JN6)”, da TVI”. Sobre esse caso, a investigação da ERC, entre outros aspectos, “não deu por demonstrado que «a decisão da Administração da TVI de suspender o JN6 tenha sido determinada por interferências do poder político», que «a exclusão da TVI de uma campanha publicitária do Turismo de Portugal tenha consubstanciado uma tentativa do Governo de condicionamento da orientação editorial ou um mecanismo de retaliação dos conteúdos difundidos», e que «o BCP tenha imposto à Media Capital condições de crédito com outros fundamentos além dos das práticas normais de mercado».Lendo, porém, a peça do Expresso verifica-se que nada há nela sobre o caso TVI. Em vez disso, o Expresso repesca actas do Conselho Regulador da ERC com cerca de um ano, sem as datar, extraindo e descontextualizando a discussão então havida sobre esse caso, trazendo-a para a primeira página como se fosse actual. E, no entanto, muita coisa o Expresso podia ter encontrado nos documentos do processo que diz ter consultado, se os tivesse lido, por exemplo, os depoimentos dos principais protagonistas do “caso”. Teria matéria para vários artigos, esses sim, bem actuais. Podia também ter analisado a Deliberação final da ERC, ver o que ficou demonstrado e o que não ficou, ler os relatos dos jornalistas sobre a cobertura do “caso Freeport” e ver como está lá tudo sobre como é que a informação saía do processo e chegava à TVI. Mas, claro, isso dá trabalho e leva tempo. São páginas e páginas eloquentes sobre um certo tipo de jornalismo que se vai fazendo em Portugal. O retrato não é animador. Assim, o Expresso escolheu o caminho mais fácil: telefonar a pessoas sempre prontas a dar uma dicas e escrever uma peça sobre “guerras” no Conselho Regulador da ERC. Sobre o processo TVI, zero. É que não convinha referir que afinal os alegados factos que “provavam” as interferências do Governo na suspensão do JN6 não apareceram à luz do dia. Pelo menos os depoentes no processo não foram capazes de os concretizar, ficando-se por rumores, conversas de corredor, palpites, impressões, convicções, etc. O Expresso não quis escrever isto. Preferiu entreter-se (e aos leitores mais incautos) com discussões ocorridas há quase um ano entre os membros do Conselho Regulador. Estamos na silly season!".
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