segunda-feira, abril 19, 2010

Para que serve afinal?

Um comentário final acerca de uma situação noticiada este fim-de-semana. Parece-me importante, para dignificação da comunicação social, e sobretudo para dos profissionais que nela exercem a sua actividade, que não se caia no ridículo de propostas que nem escondem a dura realidade, a de que caminhos, de facto, para uma espécie de auto-destruição da comunicação social tradicional, tal como a conhecemos. Caímos hoje no facilitismo desonesto, de culpabilizar a comunicação social e os jornalistas pelos erros colectivos do país, da política ou das instituições. A corrupção expende-se e invade a sociedade portuguesa, a culpa é da comunicação social. Não há médicos e a violência social aumenta, a culpa é dos jornalistas. O desemprego, a falência das empresas e a ganância empresarial são factos do nosso quotidiano, a culpa é dos jornalistas. A criminalidade intensifica-se, a culpa é dos jornalistas. O descalabro das empresas públicas é conhecido, os salários vergonhosos e atentatórios para este país são os que são, a culpa e da comunicação social. A justiça não funciona e está de pantanas, a culpa é da fuga de informação e dos jornalistas, o Sporting e o Porto ficam a chuchar no dedo, a culpa é dos jornais ou das televisões, etc. Não há culpados na verdadeira acepção da palavra. Os políticos lavam as mãos como Pilatos, fugindo traiçoeiramente ao julgamento. Quando vejo serem criados determinados órgãos de consulta, constituídos não se sabe para quê, com que finalidade ou com que critérios, a desconfiança é obviamente incontornável. Se os gestores, os empresários, os médicos, os juízes, os advogados, os arquitectos, os professores, etc, não gostam que os jornalistas falem deles ou que cometem os seus negócios, os seus comportamentos, as suas profissões, os seus erros, os seus lucros, as suas ganâncias ou insuficiências, as suas contradições etc, porque motivo podem todos eles, repito, não se sabe bem com que critérios nem para que fins (salvo se predominar um conceito fascizante de superioridade e sabedoria…social), envolver-se numa área da qual não percebem patavina, não passando por isso mesmo de teóricos de duvidosa consistência e que seriam porventura mais úteis se olhassem mais para o que fazem, ou não, nas respectivas áreas profissionais.

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