“Sabendo que o novo aeroporto de Lisboa só estará a funcionar em 2017 (e temos dúvidas), surge uma zona de sobrepressão perigosa na Portela, que tem uma influência tremenda sobre a segurança na aviação”, alerta Filipe Durval Ribeiro, presidente da APPLA (Associação de Pilotos Portugueses de Linha Aérea), antes que a situação possa contribuir “para aquilo a que chamamos a cadeia do acidente”. “A APPLA usa o termo ‘segurança’ com muita parcimónia. Não o usamos com leviandade. Mas se não existiram medidas, vamos ter uma pressão insustentável na Portela, entre 2011 e 2017. São seis anos! Não podemos trabalhar num período de sobrepressão durante um período muito dilatado. Aí, há espaço para haver falhas”, frisa o mesmo responsável. “Este alerta já foi feito e tem vindo a ser feito junto dos ministros das Obras Públicas, existindo registos e documentação - acrescenta Durval Ribeiro - nesse sentido, era urgente que se fizessem obras na actual infra-estrutura aeroportuária de Lisboa, sobretudo, para aumentar as posições de estacionamento, o número de movimentos por hora (aterragens e descolagens) e a aerogare, em termos da capacidade de processamento de passageiros e de bagagens”. Para o presidente da APPLA, os investimentos em curso na Portela, no valor de 380 milhões de euros, correspondem a um pedido feito em 1999 e vão aliviar uma pressão já considerada insustentável, nomeadamente, em ‘picos’ de férias, feriados, fins-de-semana e no Verão.Filipe Durval Ribeiro chama a atenção para o mau serviço que as companhias prestam e o que o próprio aeroporto presta aos passageiros seus utentes. “Estão muitas vezes ‘ensanduichados’ 20 minutos ou mais, em autocarros por falta de capacidade do terminal; a falta de capacidade de processamento de passageiros e bagagens provoca grandes atrasos nos voos (com perda dos «slots» de descolagem)”. Actualmente, passam entre 11 a 12 milhões de passageiros por ano pelo aeroporto da Portela. De acordo com uma estimativa de crescimento conservadora de 6% (que inclui os efeitos de «hub» e das companhias «low cost»), verifica-se que a Portela atingirá a sua capacidade máxima em 2011. O presidente da APPLA não poupa, igualmente, críticas à metodologia do processo de decisão da escolha do novo aeroporto de Lisboa: “nunca nos pareceu clara e deixou-nos muitas perplexidades. Não fomos consultados, mas entendemos que o Estado deveria ter feito um estudo global e não limitado à Ota e a Rio Frio. A APPLA representa cerca de 1200 pilotos e é uma instituição de reconhecida independência político-partidária, não depende do Estado em qualquer aspecto e é portadora de mais-valias técnicas que se reflectem em toda a comunidade aeronáutica nacional”, conclui. (fonte: Alexandre Coutinho, Expresso, 9 de Junho 2007)
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