sábado, janeiro 02, 2016

Quem são os 30 maiores perdedores do Novo Banco

Banco de Portugal ordenou que cerca de €2 mil milhões em obrigações seniores passem do Novo Banco para o BES. Investidores institucionais podem perder tudo. Obrigacionistas de retalho estão salvaguardados
Um ano e meio depois da intervenção no antigo BES, o Banco de Portugal decidiu terça-feira, capitalizar o Novo Banco à custa dos detentores de dívida sénior.
Sacrificou investidores institucionais na sua grande maioria fundos, bancos e gestoras de ativos estrangeiros. Em causa estão quase €2 mil milhões dos quais €877,3 milhões de dívida não subordinada está nas mãos de 30 entidades. Só a BlackRock e a Pimco, dois gigantes mundiais de gestão de ativos têm €482,7 milhões que acabam de se "evaporar".
Esta decisão a dois dias do final de 2015 vai aumentar a litigância em torno da intervenção do BES. Há já vários investidores a pedirem informações à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e há investidores com dívida senior a ponderar avançar judicialmente.
Até à hora de fecho desta edição, não foi possível obter qualquer comentário por parte da BlackRock e da Pimco, a esta decisão. O Expresso queria saber se estes dois fundos irão contestar a decisão nos tribunais e se este facto pode levar, por exemplo a BalckRock a desinvestir em ativos que tem em Portugal.
Os contribuintes desta vez foram poupados mas os obrigacionistas seniores (que têm direito a ser ressarcidos com prioridade face a outros credores) enfrentam perdas totais. Embora se tornem credores da massa falida do BES mau. O Banco de Portugal decidiu agora liquidar o BES e só depois disso se poderá apurar quais as perdas reais destes investidores.
A medida deixa no entanto um amargo de boca no mercado que por via da resolução no antigo BES tinham sido poupados a 4 de agosto de 2014 e agora são também chamados a pagar a fatura. Para isso há um reconhecimento implícito por parte do Banco de Portugal de que as contas feitas foram insuficientes e foi por isso agora necessário reclassificar estes ativos transferindo-os para o BES mau. Ficou mais uma vez esclarecido que a litigância em torno desta questão fica por conta do Fundo de Resolução.
O Banco de Portugal invoca para a esta decisão "razões de interesse público tendo em vista salvaguardar a estabilidade financeira". Objetivo: capitalizar o Novo Banco antecipando as condições que vão vigorara em 2016 para atender a necessidades de capital dos bancos e que penalizam não só os acionistas, como os obrigacionistas subordinados e não subordinados, assim como também os depositantes acima dos €100 mil. É por isso que o supervisor da banca argumenta que esta medida protege "todos os depositantes, os credores por serviços prestados e outras categorias de credores comuns". Neste pacote estão os clientes particulares de divida subordinada do Novo Banco, que continuam no Novo Banco.
Com esta reclassificação de ativos o Banco de Portugal fecha definitivamente o perímetro do Novo Banco, não sendo a partir de agora possível transferir mais ativos do Novo banco para o BES (Expresso)

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