Sempre defendi, e disse-o aqui neste meu blogue algumas vezes, que a
participação do madeirense Edgar Silva nesta corrida presidencial mais do que a
aposta do PCP num quadro que nos últimos anos tem estado na primeira linha do
combate político, terá que ser olhada como uma oportunidade para que o líder
regional dos comunistas possa semear, sem pressões, para depois colher.
Ou seja, embora dependendo, obviamente, da vontade e da decisão do
próprio Edgar Silva, militante do PCP desde 1998 e membro do Comité Central,
órgão máximo do partido desde 2000, é um facto inegável que, independentemente
dos resultados da sua candidatura - que ocorre numa conjuntura
político-partidária que em nada favorece o PCP
e está longe de lhe facilitar a vida - é sobretudo a pensar no futuro
que Jerónimo Sousa pensou e decidiu. Acredito que a escolha de Edgar Silva foi
essencialmente uma escolha do próprio Jerónimo Sousa o que não deixa de ser um
sinal político a reter.
Enquanto madeirense admito que o líder regional do PCP - seria
surpreendente e mesmo ingrato se isso não acontecesse - deverá ter uma boa
votação na Madeira, onde há um reconhecimento do seu trabalho fora da arena
política e da coerência e consistência do seu percurso político. Estamos a
falar de um político que tem exercido o seu percurso na Madeira, e para além de
ter sido professor na Universidade Católica no Funchal é deputado na Assembleia
Legislativa da Madeira desde 1996.
Estou convencido que Edgar, em termos de futuro político, será capaz
semear nesta campanha presidencial as sementes de uma eventual participação
política no seio do PCP, que poderá
implicar nos desafios. Que transcenderão
a lideranças do PCP na Madeira e a própria dimensão parlamentar da sua função
política presente.
Edgar Silva realizou uma boa campanha, na lógica do PCP, exagerou é
certo nas defesa das competências reservadas ao Presidente, manteve uma linha
de orientação em linha com o pensamento do PCP, contou com a experiência no
terreno da logística dos comunistas. As sondagens colocam-o abaixo de Marisa
Matias, mais conhecida que ele no plano nacional, embora tenha muitas dúvidas
sobre a correspondência entre os resultados dessas sondagens e os resultados
que as urnas nos darão.
Em traços gerais Edgar Silva fez bem em aceitar este desafio, respondeu
à amplitude e exigências do desafio político em que está envolvido, trouxe para
a campanha comunista uma nova atitude, um novo discurso, uma nova forma de ser
e de estar. E isso poderá deixar raízes para opções futuras. A minha dúvida, repito, é saber se Edgar Silva estará disposto e disponível, apesar da sua fidelidade ao PCP, em aceitar desafios que o façam sair da ilha para se fixar em Lisboa, por exemplo. (LFM)
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