quinta-feira, março 07, 2013

Opinião: “Mais tempo significa pagar mais dinheiro”

“Em contrapartida, custos com os empréstimos são diluídos no tempo. O Governo português pretende um alargamento, entre cinco e dez anos, dos prazos de pagamento dos empréstimos da União Europeia e do Banco Central Europeu. No entanto, mais tempo significa mais dinheiro. Em contrapartida, o país veria aliviadas as necessidades de financiamento, principalmente em 2016 e 2021.
Ainda não é conhecido qual o aumento do montante total de juros que o Estado português irá pagar com esta extensão dos prazos de amortização, já que ainda é necessário que a ‘troika' faça uma proposta sobre a melhor forma de flexibilizar os empréstimos a Portugal, mas também à Irlanda, tal como revela ontem um comunicado da presidência do EcofinMas num ‘research' feito pelo BPI, a 20 de Fevereiro, o banco considerava um alargamento do prazo em 15 anos, o que significaria um aumento da factura com juros em quase 14 mil milhões de euros. No entanto, os analistas do banco concluíam que, ainda assim, o Estado acabaria por "poupar" 1,2 mil milhões de euros com esta medida. Isto não significa que saíssem menos 1,2 mil milhões do cofres do Estado, mas antes que o valor do dinheiro em 2043 não seria o mesmo que em 2027. Ou seja, trata-se de um desconto face ao valor real do dinheiro no longo-prazo.
A principal mais-valia para o país de uma extensão do prazo de pagamento é a diminuição da factura anual com os custos do empréstimo, já que o mesmo é diluído no tempo. Além disso, Portugal conseguiria aliviar as necessidades de refinanciamento em anos de forte concentração de pagamentos, diminuindo assim a pressão de financiamento nesses anos. Será o caso de 2016 e 2021, que concentram o vencimento de grande parte dos empréstimos da ‘troika'. No total, Portugal terá de pagar cerca de 17 mil milhões de euros em 2016, e cerca de 21 mil milhões em 2021. Neste ano, mais de metade das necessidades de financiamento prendem-se com os empréstimos da ‘troika” (texto de Marta Marques Silva, Económico, com a devida vénia)