"I. Desconfio, até prova em contrário, que o ministro das Finanças volta a mentir, desta feita sobre o processo de solicitação de uma extensão dos prazos de pagamento das maturidades do empréstimo da troica e concessão de mais tempo para que Portugal ajuste o défice público às novas exigências comunitárias.
Gaspar regressa das reuniões do Eurogrupo e da Ecofin, por enquanto de mãos vazias (a decisão está prevista só lá para Abril), como se tivesse conseguido um grande acordo. Apesar da falta de informação e da desconfiança que obrigatoriamente temos que ter relativamente a um governo de coligação comprovadamente mentiroso e manipulador (no que toca à ocultação de documentos, de entendimentos, de compromissos, etc, até que uma oportuna “fuga de informação” combinada e concertada o desvende…) parece-nos que estamos perante mais um embuste destinado a salvar a face de um governo desacreditado que sabe que falhou todas as suas previsões, que se encontra à beira do abismo, como era previsível e que, devido à recessão e à depressão em que nos encontramos, retira-nos condições para cumprir esses pagamentos agendados para os próximos anos.
Ou seja, mesmo que essa extensão de prazos seja aprovada, não há efeito nenhum para os cidadãos. E é bom que as pessoas percam todas as ilusões quanto a esta questão. Ninguém vai ganhar rigorosamente nada, quanto à suavização da austeridade que não só vai manter-se como provavelmente vai estender-se temporalmente. Aliás, há mesmo o risco dela se agravar e se tornar permanente. O embuste governativo dos cortes temporários sempre foi puro lixo, porque este governo de coligação, comprovadamente mentiroso e desacreditado, nunca teve outras intenções que não essa.
Quando o governo de coligação se diz radiante da vida porque a troica sairá em Junho de 2014 do país, as pessoas não pensem que alguma coisa muda. É tudo conversa fiada. A troica nunca deixará de estar presente no nosso país, quer de facto, quer indiretamente – através dos tais “procuradores” que temos por aí…
Os nossos "amigalhaços" - e estamos a falar do pedido de mais um ano para cumprirmos os limites o défice público e de mais 10 a 15 anos de extensão do prazo de pagamento das maturidades do empréstimo, dada a concentração de pagamentos prevista para 2015 e 2018 (da ordem dos 10 e 21 mil milhões respetivamente), segundo o calendário original - só aceitam estes acordos, concretamente a extensão de prazos, mediante o compromisso de haver austeridade e de a transformar não numa opção estrutural mas numa decisão permanente.
O que se espera deste governo de coligação, cada vez mais desprezível aos olhos da população, e particularmente se exige do ministro das finanças - que não consegue acertar uma única previsão que seja e que mudou o discurso com toda a naturalidade, como se nada tivesse acontecido - é que expliquem aos portugueses o que se passa com este processo, que divulguem toda a verdade, que digam quais os custos deste pedido que ainda aguarda decisão, que austeridade virá a caminho, etc. Sem essa verdade, sem essa honestidade - algo que falta a este governo por causa da sua política desonesta que nada tem a ver com os manifestos eleitorais do PSD e do CDS - nada feito, vamos continuar a ser todos enganados e continuar a correr o risco de nos ser imposta austeridade para andarmos a pagar a bancos, para pagarmos o que devemos aos nossos credores, para alimentarmos pequenas máfias que vivem à custa do orçamento ou outros interesses instalados que são autênticas torneiras sugadoras de milhões saídos do orçamento.
Para além disso, é óbvio que teremos de renegociar juros e muito mais com os credores.
Claro que poderá haver, seria desonestidade da minha parte negá-lo, a possibilidade de um impacto positivo na economia, pois ao pagarmos menos juros - só este ano serão 8 mil milhões – teremos recursos financeiros disponíveis para que sejam canalizados para a dinamização da nossa moribunda economia. Contudo, os reais efeitos positivos, nomeadamente na criação de emprego, depende de uma mudança de políticas o que, confesso com este governo (e com estes protagonistas) não é possível. Ninguém pode aspirar a querer ser carne e peixe, fogo ou água ao mesmo tempo. Mas sem investimento estrangeiro a economia pode-se reanimar? Como? Quais são os investidores estrangeiros dispostos a apostar em Portugal caso se mantenha por muito mais tempo esta intolerável carga fiscal, exemplo do que é a roubalheira institucionalizada?
II. Afinal, pelas notícias publicadas na comunicação social local, o CDS regional que foi a correr reunir-se com a administração da RTP em Lisboa, como se fosse portador de alguma solução - que não tem nem nunca teve - veio com as duas mãos a abanar. Melhor, uma vazia, outra sem coisa nenhuma. Acho que é tempo de perceberem que não vale a pena politizar uma questão que é demasiado séria para servir como instrumento de brincadeira ou "guerras" idiotas por parte dos partidos da oposição, só porque não querem, incluindo o CDS, que o Governo Regional seja envolvido na RTP madeirense, mas já nada diz quando a mesma solução está em cima da mesa nos Açores, com o governo regional local. Parece-me que estamos perante numa atitude de hipocrisia lamentável e absolutamente execrável. Até porque, em função do noticiado, há um cenário de despedimentos em perspetiva para que a RTP da Madeira venha para um valor de custo anual da ordem dos 3 a 4 milhões de euros.
O CDS local sabe, eu sei que sabe, mas esconde-o (porque não convém) que não há investidores privados interessados na RTP da Madeira e dos Açores, pelo menos nos moldes em que estão estruturados e funcionam estes centros. Sabe também, eu sei que sabe, mas esconde-o, que a atitude relativamente aos centros regionais nas duas regiões autónomas, poder estar tomada mas não divulgada. Posto de lado (pelo menos até ver) o encerramento total, como chegou a ser inicialmente admitido (e o CDS regional sabe disso, eu sei que sabe, mas esconde-o), em cima da mesa estará uma decisão que implica partilha de responsabilidades. Confesso que a minha dúvida prende-se com a disponibilidade de recursos financeiros - que tendencialmente serão crescentes nesta conjuntura de crise e de fortíssima contenção orçamental - que permitam que a Região assuma responsabilidades que terão obviamente impacto na estrutura orçamental regional" (LFM/JM)