sexta-feira, março 08, 2013

Opinião: "Borges e os extraordinários liberais"

"Referi ontem, de passagem, não estar convencido de que um aumento do salário mínimo causasse algum dano à economia, pelo contrário. Hoje, depois de ter lido e ouvido muitos comentários (incluindo de peritos do BdP) estou ainda mais convencido que, a ter algum efeito, o aumento do mínimo salarial poderia, até, ser benéfico. Por uma razão económica - aumentaria o consumo interno sem prejudicar o setor exportador - e por uma razão moral - ninguém que trabalhe bem e todos os dias deve viver na pobreza (chamo a atenção a certos liberais de última hora para o facto de no liberalismo também haver regras morais).
O primeiro-ministro, para corrigir o tiro dado no Parlamento, quando evocou o exemplo da Irlanda que baixou o valor do salário mínimo, veio dizer que, com uma recuperação sólida, seria desejável o aumento. Mas recusou-o para já.
Porém, o extraordinário liberal António Borges veio acudir (?) ao chefe do Governo dizendo que o ideal seria os salários baixarem para ganharmos competitividade. Fico estarrecido com este liberalismo - que o é tudo menos isso - ao qual nunca ocorre outra medida que não seja do domínio laboral, para aumentar a competitividade e a riqueza.
Posso, então sugerir aquela que nem a esquerda, nem o centro nem a direita em Portugal exigem claramente: Baixem os impostos! Baixem-nos! E verão que o consumo e a riqueza aumentam. Se calhar, não a dos que vivem à mesa do Estado, mas a daqueles que trabalham, produzem e criam" (texto de Henrique Monteiro, Expresso, com a devida vénia)