sexta-feira, novembro 21, 2008

UMa e as suas prioridades e enquadramento

Parece-me que uma das questões essenciais que a Universidade da Madeira tem que resolver – se é que me é permitido ter a liberdade de opinar sobre esta realidade - tem a ver com o cerne de tudo, com o enquadramento da instituição e não com deambulações. Dou-vos dois exemplos:
“A Universidade da Madeira (UMa) deve concentrar os seus esforços em poucas áreas em vez de tentar abranger muitas, como até agora tem feito. A recomendação é da Comissão de Avaliação à Universidade da Madeira, que ontem foi recebida pelo presidente do Governo Regional, na Quinta Vigia. O chefe da comissão, o dinamarquês Bent Schmidt-Nielsen, antigo reitor da Royal Veterinary and Agricultural University, de Copenhaga, disse, à saída do encontro com Alberto João Jardim, que algumas das áreas a apostar pela universidade no futuro poderiam ser o Turismo, a Informática, as Humanidades e os Serviços. Bent Schmidt-Nielsen deverá apresentar esta e outras conclusões hoje à reitoria da Madeira, terminando assim um trabalho de análise iniciado em Maio último. Este projecto faz parte de um programa comunitário de avaliação das universidades europeias. A UMa é a 18.ª universidade que Bent Schmidt-Nielsen avalia, desde que há oito anos ingressou na comissão. Neste estudo à UMa, os especialistas concluíram que a universidade regista um «elevado interesse no seu desenvolvimento», apesar de estar limitada fisicamente. Porém, a comissão entende, por outro lado, que a universidade «deveria estabelecer uma relação mais próxima com a sociedade e com as empresas madeirenses». Mas, de uma maneira geral, a comissão encontra muitos aspectos positivos no trabalho desenvolvido pela UMa, ainda que acentue como ponto negativo a dispersão das atenções em muitas áreas de estudo. Na avaliação feita, Bent Schmidt-Nielsen sugere ainda que seja debatido o papel que a Universidade da Madeira deve assumir na sociedade onde está inserida. A este propósito, o chefe da comissão disse que, na reunião com Alberto João Jardim, o presidente assumiu a universidade como uma ‘bandeira da Madeira’. E, para o dinamarquês, «essa é uma maneira linda de pensar» - notícia de 29 de Outubro no “Jornal da Madeira”.
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(...)"A reduzida dimensão da Universidade e desta ilha não constitui desculpa para não se ir mais além, uma vez que os conceitos de espaço e de tempo são já outros, como vimos atrás. Para além das instalações localizadas no Colégio dos Jesuítas e no Campus da Penteada, a UMa não se confina apenas a este espaço físico. Quando se toma o avião com a mesma facilidade com que dantes se apanhava o autocarro, podemos dizer que a Universidade da Madeira está onde estiver um professor ou um aluno seu (…) Num ambiente de incerteza e de complexidade que caracteriza os tempos que correm, a Universidade da Madeira terá que tomar a iniciativa, não contando apenas com a sua capacidade de resposta ou de reacção às iniciativas tomadas por outrem ou pelos acontecimentos. E essa iniciativa não deverá estar delimitada pelo espaço das universidades mais próximas, dos Açores, do Continente português e das Canárias… Ela terá, em minha opinião, de se projectar mais longe, de ser mais ambiciosa, ser apoiada e apoiante, num vaivém de verdadeira cooperação, nos dois sentidos. Ela pode e deve contribuir para o desenvolvimento regional, tendo em conta necessidades, condicionalismos e virtualidades da Região, isto é, olhando para dentro, como também poderá e deverá contribuir para o desenvolvimento de outras paragens. Até porque, na lógica de empregabilidade que preside à abertura de cursos na Região, cairemos no risco de desaproveitamento da experiência acumulada e do investimento realizado na formação dos nossos próprios recursos humanos (os professores da UMa), ao longo destes 20 anos, se não encontrarmos alternativas. E das duas uma: ou fechamos e abrimos cursos, ao sabor das necessidades em constante mutação, de uma Região pequena como a nossa, sempre sem ganhar a profundidade necessária ao nível da especialização; ou elegemos algumas áreas com uma qualidade tal, passível de entrar em competição num mundo globalizado da sociedade do conhecimento (…)” - Oração de sapiência da professora doutora Jesus Maria Sousa, Funchal, Outubro de 2008

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