São 42% os que aceitam a injeção de três mil milhões
de euros. Para 37%, o melhor é deixar falir a companhia. A margem é escassa
mas, quando confrontados entre deixar falir ou salvar a TAP, os portugueses
inclinam-se para a necessidade de "pagar o preço" que permita à companhia
continuar a voar. No entanto, e de acordo com o barómetro da Aximage para o JN,
DN e TSF, há, nesta matéria, uma cisma geracional (os mais velhos contra os
mais novos) e outro regional (o Norte contra as restantes regiões).
O tema ocupa o espaço mediático desde o final do mês
de novembro. Primeiro, com as notícias que davam conta de um plano para
despedir centenas de trabalhadores da TAP, depois, com os prejuízos de 700
milhões até setembro, e, já em dezembro, o que faltava conhecer do plano de
reestruturação, com a redução da frota e das rotas e, cereja no topo do bolo, a
necessidade de injetar cerca de três mil milhões de euros.
O valor é elevado, mas há uma maioria de contribuintes
que o aceita: 42% são a favor de salvar a TAP, com todos os custos associados
ao plano. Uma maioria pouco sólida, se tivermos em conta que há 37% que
preferem deixar falir a companhia aérea de bandeira e que há segmentos da
população em que esta última é a posição maioritária.
Uma das divisões mais evidentes (e preocupantes) é a geracional. Há uma demarcação clara entre as faixas etárias mais novas e as mais velhas, com as duas primeiras a optarem pela falência (com uma diferença superior a 10 pontos percentuais), e as duas mais velhas a aceitarem "pagar o preço", a expressão usada por Marcelo Rebelo de Sousa, quando defendeu a necessidade de assegurar a sobrevivência da TAP. Mas, na verdade, quem desequilibra a balança da opinião pública a favor da injeção de tantos milhões de euros são os portugueses com 65 ou mais anos.
Norte prefere falência
Outro ângulo de análise significativo é o regional.
Sobretudo quando se tem em conta as críticas frequentes dos políticos e das
associações empresariais do Porto e do Norte ao desprezo da TAP pelo Aeroporto
Francisco Sá Carneiro. O Norte é, aliás, a única região que se afasta da norma
e em que prevalece, de forma clara, o desinteresse pela continuidade da
empresa: 44% preferem deixar falir e apenas 29% admitem a injeção de três mil
milhões. Na Área Metropolitana do Porto, vence à justa a necessidade de salvar
a TAP, mas também é a região onde há menos pessoas indiferentes ao processo:
45% são a favor, 43% são contra.
As linhas de demarcação partidárias não coincidem,
desta vez, com a divisão clássica entre Direita e Esquerda. Os eleitores
socialistas e comunistas são os mais claros na opção por salvar a TAP (com
valores acima dos 60 pontos percentuais); os da nova Direita radical e liberal
são os mais ardentes na opção de a deixar falir (com valores acima dos 70
pontos). No caso do PAN e do BE, também não há vontade de "pagar o
preço" (mas com valores a rondar os 50 pontos). No meio está o PSD, que
reflete de forma quase simétrica a divisão do eleitorado em geral: 44% dos
sociais-democratas estão a favor de salvar a TAP com dinheiros públicos, 38%
preferiam deixar falir a companhia.
No que diz respeito à opção de aprovar o plano de
reestruturação apenas no Governo, sem passar pelo crivo da Assembleia da
República, os eleitores socialistas já só têm a companhia dos comunistas. Todos
os outros acham que foi uma má decisão de António Costa, o que contribui
decisivamente para o resultado final: 49% defendem a "intromissão" do
Parlamento, 34% concordam que foi melhor deixar a decisão exclusivamente nas
mãos do Conselho de Ministros.
Pobres e ricos
No que diz respeito às classes sociais, é entre os
mais pobres que há mais defensores da manutenção da TAP através da injeção de
dinheiros públicos (51%). Uma percentagem semelhante à dos que têm maiores
rendimentos (49%).
Homens e mulheres
Os homens estão mais disponíveis (43%) do que as
mulheres (32%) para deixar falir a companhia aérea pública.
20% não têm opinião
Quando se trata de tomar partido sobre o que fazer com
a TAP, um grande número de pessoas não tem opinião: um quinto dos inquiridos do
barómetro não sabe ou não responde (Jornal de Notícias, texto do jornalista
Rafael Barbosa)
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