sexta-feira, janeiro 22, 2021

Notas presidenciais (III)

 

Durante algum tempo, o interesse das presidenciais resumia-se à disputa pelo segundo lugar, o primeiro dos vencidos. Uma disputa que deixava MRS distante destes dois protagonistas, nas sondagens, e que antecipa uma disputa eleitoral entre Ana Gomes, candidata de um PS envergonhado e refém de uma relação pessoal e política

(e institucional) Costa-Marcelo - o que impediu a autonomização do PS neste acto eleitoral - e um André Ventura radicalizado, agressivo no discurso, catalogado de extrema-direita por causa de muitas das suas ideias e propostas, nomeadamente no seu esforço para        que a reboque do seu discurso que chama a atenção de uma faixa importante da sociedade portuguesa (como as sondagens o demonstram) consegue transpor para si a votação que as sondagens atribuem ao Chega, quando o colocam como a eventual 3ª força política (e eleitoral) do pais.

Tenho para mim que Ventura vai ter uma surpresa desagradável nas presidenciais e que ficará muito aquém das metas pretendidas.

Um desfecho contrário a este que perspectivo, seria surpreendente e abriria caminho a um crescimento do Chega nas legislativas, demonstrando, se dúvidas existissem, que não se combate o discurso extremista de direita da forma como o fazem alguns idiotas da esquerda mais extremista, deliberadamente organizados e mobilizados para contestações promovidas por partidos de esquerda que não dão a cara.

Essa disputa, apesar da espécie de campanha realizada e dos debates televisivos, mantem-se, já que o radicalismo gasto e repetitivo de Ana Gomes, insistindo em temas já demasiado martelados no seu discurso e nos seus comentários televisivos (também sem contraditório...) apenas contrastou com o radicalismo repetitivo de um André Ventura sem limitações e que reforçou as suas críticas de natureza política, étnica e social, acrescidas de alguns ataques a MRS.

Nenhum deles conseguiu ganhar grande vantagem sobre o outro pelo que tudo fica adiado para domingo.

Os outros candidatos são outsiders nesta guerra eleitoral. Desde um Vitorino que questiona se devem ou não existir critérios de exigências mais rigorosos e consentâneos com a presidência de uma República, em vez do nacional-porreirismo do costume ou da teoria do quanto pior melhor, a candidatos partidários, que confundiram competências presidenciais com governação, como são os casos de Ferreira do PCP, Marisa do Bloco e Mayan da Iniciativa Liberal (LFM)

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