sexta-feira, janeiro 08, 2021

Epidemiologistas admitem surpresa com número de novos casos: Rt sobre para 1,2...

 


O número de novas infeções por Covid-19 registadas esta quarta-feira em Portugal (10.027 novos casos) surpreendeu os especialistas, confessou o professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes, em declarações à ‘TSF’, esta quinta-feira.

“Esperávamos para ontem, com a correção dos números, qualquer coisa entre os 7000 e 8000. O número saiu bastante mais alto”, e hoje, “a mesma coisa” (9927 novas infeções nas últimas 24 horas)”, detalhou .

O especialista informou também que o índice de transmissibilidade da Covid-19 em Portugal está acima de 1,2 em todo o território nacional. “Estamos a subir depressa. A nível nacional, o famoso Rt está acima de 1 e, nos últimos dias, passou de 1,11 para 1,20”, um valor que expressa que, proporcionalmente, cada dez pessoas infetam outras 12, apontou, à rádio, o epidemiologista que é presença habitual nas chamadas ‘reuniões do Infarmed’.

Recorde-se que este índice permite saber quantos casos é que um doente infetado com o SARS-CoV-2 vai originar. Assim, se o Rt for igual a 1, uma pessoa infetada vai dar origem a um outro caso de infeção.

Manuel Carmo Gomes, face ao aumento do índice de transmissibilidade, alerta que como “cada um destes casos vai dar um outro caso”, a pandemia vai continuar a crescer.

“Nas semanas anteriores à do Natal estávamos com uma média de 250 mil testes por semana. Na semana do Natal isto caiu para os 225 mil. Perdemos aproximadamente 50 mil testes que, com 10% de positividade, dá aproximadamente cinco mil casos que não foram detetados na semana do Natal”, explica o epidemiologista, dando conta da sua esperança de que seja possível evitar um confinamento total como o de março de 2020 – um cenário admitido por António Costa, hoje, na apresentação das medidas para o renovado Estado de Emergência.

Neste anúncio, questionado com um possível fecho das escolas, Costa afirmou que “há um grande consenso hoje entre os técnicos e os especialistas de que não se justifica afetar o funcionamento do ano letivo”. Mas para Manuel Carmo Gomes, é preciso separar dois grandes grupos etários: os menores e os maiores de 12 anos.

“As crianças acima de 12 anos têm, aparentemente, uma capacidade de serem infetadas e de transmitir que não é muito diferente dos adultos”, mas, ressalva, “as crianças mais jovens, aparentemente, não transmitem tanto a infeção e só agora começa, parcialmente, a perceber-se porquê”, defende o especialista (Executive Digest)

Sem comentários: