O número de habitantes em Portugal diminuiu na última década, mas esta não é a única diferença. Estes são 5 gráficos que mostram como mudou a sociedade portuguesa desde 2009. Em 2019, viviam em Portugal cerca de dez milhões de pessoas. Um número que tem vindo a diminuir progressivamente. Dez anos antes, o país tinha mais 282 mil habitantes, revela o retrato de Portugal da Pordata. Mas essa não é a única mudança visível na população portuguesa. O que mudou no espaço de uma década?
Menos pessoas e mais envelhecidas
Desde 2009, o número total de residentes em Portugal caiu 2,7%. Somos menos, e também somos mais velhos. O número de habitantes com mais de 65 anos aumentou 18,2%. Os dados mostram que por cada 100 jovens existem 161 idosos contra os 118 em 2009. A suportar esta subida está o aumento da esperança média de vida. Em 2008, era de 78,9 anos e, dez anos depois, passou para 80,9 anos, em 2018.
Ainda assim, Portugal ganhou 19,3 mil habitantes em 2019. Este acréscimo deve-se ao saldo migratório do ano passado ter sido mais elevado, comparativamente com os últimos anos. Este indicador é calculado pela diferença entre o número de pessoas que imigram e emigram. Os portugueses continuam a emigrar, e até mais do que em 2009. O ano passado cerca de 28,2 mil portugueses foram viver para fora do país, mais 11,3 mil pessoas do que há dez anos. Por outro lado, 72,7 mil estrangeiros escolheram Portugal para viver, um aumento de mais de 40,4 mil em relação a 2009.
Em contrapartida, o saldo natural da população foi dos mais baixos de sempre, com uma diminuição efetiva. A diferença entre o número de nascimentos e óbitos foi de -25,2 mil pessoas, em 2019. Porque há menos crianças a nascer? O que mudou nas famílias?
Menos divórcios e mais filhos fora do casamento
Em comparação com o final da década passada, 2019 registou menos sete mil matrimónios. O ano passado, foram celebradas 33.272 uniões. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalizado em 2010, representa cerca de 2% do total de casamentos realizados, no ano passado.
Desse total, dois em cada três foi pelo civil. Face a 2009, o número de casamentos católicos diminuiu 12%, acentuando a tendência de as celebrações pelo civil serem maioritárias (a inversão deu-se em 2006). Em contrapartida, os divórcios também caíram 22,1%, entre 2008 e 2018.
Em relação a ter filhos, os portugueses começam a adiar essa opção de vida. Em 2019, a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho era 30,5 anos, contra os 28,6, dez anos antes. O número de nascimentos fora do casamento aumentou. Segundo o relatório da Pordata, 57% das crianças nascidas não têm os progenitores casados. Desse número, 38% vive em situação de coabitação, e os restantes 18% não.
Em dez anos, “assistiu-se a um aumento das famílias de uma pessoa (em 35%), de famílias monoparentais de (39%) e de casais sem filhos (15%). Por sua vez, decresceram os casais com filhos em 9% e outros tipos de composição familiar em 28%, lê-se no estudo da Pordata.
Por outro lado, as condições de vida materiais e a qualidade de vida das famílias diminuíram em virtude da crise financeira que obrigou Portugal a pedir ajuda externa, em 2011, pela terceira vez em cerca de 30 anos. O rendimento médio das famílias, em 2018, foi aproximadamente de 32,5 mil euros por agregado familiar, ou seja, menos 2.206,1 euros face a 2008. Ainda assim, em 2018, a taxa de risco de pobreza após transferências sociais foi de 17,2%, inferior em 0,7 pontos percentuais à registada dez anos antes. Para a faixa da população idosa, o valor médio da pensão da Segurança Social era de 5.166 euros por ano, em 2017. O valor mais alto dos últimos dez anos.
6% não foi à escola
O nível de escolaridade da população aumentou. O ano passado, cerca de 52% da população com mais de 15 anos tinha o ensino básico como nível mais elevado, uma diminuição de 12% face a 2009. Em contrapartida, a percentagem de pessoas com o nível secundário ou superior como nível mais elevado, aumentou em oito pontos percentuais. Mas, em 2019, ainda há 6,3% da população, com mais de 15 anos, que não tem escolaridade.
O abandono escolar também tem vindo a diminuir. Entre 2009 e 2019, a descida foi de 20%. Atualmente, dos habitantes entre os 18 e 24 anos, 11% deixaram de estudar antes de cumprir o ensino secundário. Destes, 14% são homens e 7% são mulheres.
Mais turismo, cá dentro
Os portugueses viajam mais agora. Segundo o relatório, 48% do total da população viajou em 2018. Contudo, a maioria dos viajantes preferem Portugal como destino. O número de turistas portugueses também aumentou na última década (ECO digital, texto da jornalista Ana Raquel Damas e gráficos com INE e Pordata como fontes)
Sem comentários:
Enviar um comentário