Para o líder de um
partido - e eu sei bem do que falo, depois de mais de 20 anos envolvido nesses
ambientes... - sobretudo quando precisa de negociar algumas opções e escolhas com
outros, no seio do seu partido, o escalonamento de candidatos, a escolha de
nomes, de uma maneira geral todo o processo de elaboração de uma lista única de
candidatos para eleições parlamentares como as regionais de 22 de Setembro, é
um dos piores momentos.
É um tempo de quase
solidão que se caracteriza por muita pressão e gera instabilidade emocional
complicada, por muito forte que sejam as lideranças. Há sempre pessoas que recusam
envolver-se e não aceitam os convites, outras que reagem mal porque acabam
afastadas (o que não pode acontecer é que não sejam dadas explicações plausíveis),
outras com expectativas que acabam por sair goradas, outras ainda que ficarão
agastadas com o posicionamento na lista,
diferente do esperado, outras que recusam ser ultrapassados por independentes
sem militância partidária e sem actividade política conhecida que normalmente chegam
aos partidos – quando há ofertas aliciantes... - quais paraquedistas apontando a posições de
elegibilidade alegadamente garantida, etc.
Há situações bem
piores, aquelas que estão associadas a fragilidades pessoais e políticas, a um défice
de afirmação decorrente de uma óbvia falta de capacidade de liderança e a uma
inegável ausência de determinação, fragilidades estas que obrigam a uma inevitável
partilha com outras pessoas da sua confiança, de decisões relacionadas com as
escolhas de candidatos, sobretudo nos casos mais polémicos. Ora é sabido que
essa partilha do processo de decisão nos partidos, se não for bem conduzida, abre
portas à institucionalização do amiguismo e quem sabe se de coisas bem mais
perigosas do que isso e que ultrapassam os limites do tolerável em política.
Portanto, quero
com isto basicamente dizer que, sabendo como tudo isso se processa, sabendo que
em política o primado do "rei morto, rei posto" está generalizado e
banalizado, recuso analisar qualitativamente listas de candidatos, independentemente
de poder naturalmente discordar de várias tretas.
Falo, nomeadamente
do recurso patético a "independentes" pintados de salvadores
da política e dos partidos, quando na realidade nem um voto rendem - em política ser
"independente" é chique e virou um chavão sem validade, que, repito, não
dá votos a ninguém e revela, mais do que as carências dos partidos que assim
procedem e a falta de sua confiança nos militantes que dão a cara pelo combate
político, o recurso a quem demonstra uma lamentável falta de coragem para
assumirem as suas convicções e delas darem pública demonstração. Acresce que esta
conversa da treta pode esconder ainda muito oportunismo, aliás cabalmente
demonstrado em exemplos anteriores que eleitoralmente se revelaram um
"flop" político.
E digo isto porque
os partidos existem para terem militantes e simpatizantes, não são feitos de "independentes"
cinzentos que se tornam perigosos quando são pessoas passíveis de negociar
com qualquer um, refugiados na demagogia
de estatutos de "independência" que mais não são do que uma
desonestidade intelectual.
Não vou alimentar
também a polémica em torno – apesar das minhas fortes reservas, e são muitas, de
um fenómeno novo na política regional, que é o de valorizar excessivamente a pretensa
"representação" de emigrantes sem que se saiba se o universo desses
emigrantes se revê nessas pessoas escolhidas pelos partidos, e que entretanto
verão resolvida a sua vida pelo menos nos próximos 4 anos de mandato (caso
sejam eleitos).
Digo isto sabendo
- e reconheço que em nome do politicamente correcto há coisas que não se dizem,
mas eu digo-as porque estou liberto de tudo e estou-me nas tintas para o que
pensam ou digam - que basta que Maduro caia na Venezuela para que 80% ou mais
dos emigrantes madeirenses que hoje se encontram na Madeira regressem
imediatamente à Venezuela. E compreendo que assim seja, aliás, acho-o
inevitável. Eu faria o mesmo e estava-me nas tintas para a política e os
políticos regionais que nada me dizem.
Acresce que a
Madeira, que durante anos viveu muito também à custa das remessas dos nossos
emigrantes que permitiam, por exemplo, o endividamento da RAM junto da banca -
muito graças aos movimentos financeiros oriundos do estrangeiro que eram
olhados como uma espécie de “garantia” - infelizmente quando se viu confrontada
com a crise na Venezuela, e com todos os dramas sociais que motivaram a fuga de
milhares de pessoas, nunca demonstrou, no caso dos madeirenses que se
instalaram na Madeira uma solidariedade sem limites, nem uma disponibilidade
para facilitar a sua integração. Estamos a falar de segundas e terceiras
gerações, de jovens que acompanharam os seus pais nessa fuga da ditadura, da
fome, da pobreza e da carência generalizada, mas que se sentem deslocados, que
sabem que por razões várias são olhados com distanciamento, que dificilmente se
integrarão plenamente na sociedade madeirense, que já perceberam as limitações
económicas da Madeira e que rapidamente entenderam a amplitude da fofoqueira,
da inveja e da má-lingua desta terra que em tudo o que é sítio, particularmente nas redes sociais, evidenciava tristes e abjectos sinais de aversão aos
regressados, à sua capacidade de trabalho, à sua disponibilidade, à sua
dinâmica, etc sobretudo quando lhes são dadas oportunidades para uma mais
rápida e eficaz integração na sociedade madeirense pelo menos enquanto cá
estiverem.
Portanto quando se
escolhem estes alegados "representantes" de emigrantes, que vivem na
Madeira nestas circunstâncias, estamos a falar de oportunismo político e de
demagogia que tem que ser desmistificada já que tudo se resume a uma caça ao
voto generalizada. Menos pelos partidos da esquerda mais fundamentalista que
são apoiantes de Maduro e da ditadura venezuelana. O problema é que os
emigrantes madeirenses residentes no estrangeiro, tal como os demais compatriotas
residentes no exterior, praticamente não votam e quando o fazem atingem valores
insignificantes. Os números demonstram isso mesmo, comprovam esse
distanciamento que devemos entender e que continuará assim, independentemente
de transitoriamente estarem a viver na Madeira até que a realidade se altere no
país de naturalidade ou de acolhimento.
Repito, a
esmagadora maioria das pessoas, sobretudo as segundas e terceiras gerações, que
foram forçadas a abandonar a Venezuela - lembro que não tivemos esse fenómeno
no caso a África do Sul, apesar das enormes mudanças sociais, económicas e
políticas ali registadas, porque não tivemos o fenómeno de uma ditadura como em
Caracas - pensam na mudança na Venezuela, sonham com o regresso, pensam no
retomar da sua vida no país onde nasceram e não querem nada com a política e os
políticos locais que apenas por interesses eleitorais de caça ao voto manipulam
uma realidade que não se compadece com os tais candidatos pomposamente pintados
de alegados "representantes" de emigrantes mas que na realidade não
mobilizam nada, não propiciam votos nem representam coisa nenhuma.
Tal como no
futebol discordamos dos treinadores ou dos jogadores contratados em relação aos
quais muitas vezes nos manifestamos contra - muitos deles catalogados de
velhos, cambados, pés-de-chumbo, jogadores de sofá, etc - mas apoiamos sempre o
nosso clube e queremos que ele conquiste todos os sucessos, também na política
podemos ter opiniões diferentes, discordâncias mais ou menos radicalmente antagônicas, até desconfianças - e sim, tenho muitas reservas e muitas dúvidas
que porventura alimentariam despropositadas especulações nesta altura absolutamente
irrelevantes - considero que este processo da lista está encerrado e que os
candidatos escolhidos para a lista do PSD-M globalmente darão (terão que dar)
garantias de combate, competência, empenho e sobretudo de respeito e ligação
com o povo, não tendo medo de ouvir as pessoas, não se refugiando nas esquinas
ou escondendo-se na própria sombra para que não deem por eles, etc.
De uma maneira
geral os candidatos cumprem os requisitos que o PSD-M sempre fez questão de
honrar e de cumprir (nomeadamente a liderança da JSD e a inclusão destacada de
candidatos associados aos concelhos, não seus representantes porque não foram eleitos
por ninguém nem mandatados para tal).
Agora há que
mobilizar a máquina, organizá-la, colocá-la no terreno, definir prioridades,
elaborar dossiers, antecipar quais as matérias que serão colocadas na agenda
mediática eleitoral pelas diferentes formações políticas, etc. Porventura
fazendo uma espécie de análise swot à campanha eleitoral, uma antecipação da
postura dos partidos da oposição durante a campanha, do tipo de discurso
político, das propostas – se é que todos o farão - dos principais temas que serão usados por cada
um deles como bandeiras fundamentais nesta desesperada caça aos votos, estando
atento a divergências que podem fragilizar a oposição, etc. Há um manual de
procedimentos essenciais para cada acto eleitoral.
Estas regionais de
22 de Setembro nada têm a ver com as anteriores, nomeadamente as europeias de
Maio cuja porta foi encerrada no dia seguinte. Tenho receio que pessoas que nas
autárquicas foram derrotadas (não vou discutir o tema agora), que não deram
votos ao PSD - nalguns casos até os tiraram - sejam de repente pretensas
mais-valias eleitorais nas regionais, mesmo sabendo-se que se tratam de
eleições diferentes. Melhor seria que se tivessem resguardado porque nestes
momentos em que os combates serão disputados quase "corpo-a-corpo", palmo-a-palmo,
não há lugar nem para tolerância com ambições pessoais nem com exemplos de fome
de projecção mediática, gangrenas que em circunstância alguma podem condicionar
escolhas e ser causa de afastamentos de terceiros.
É isto que me oferece dizer sobre um tema que para mim é assunto encerrado. Globalmente,insisto, a lista de candidatos equilibrou-se e neutralizou as histerias desafinadas de algumas personagens da oposição que usaram a questão da mulher-candidata não numa perspectiva da protagonista essencial e competente na vida política, mas tão-somente como uma bandeira de ataque de uns contra outros. Vamos a isso porque vai dar. E sabem porquê? Porque o povo não é estúpido. (LFM)
Nota: Uma palavra de saudação e de estímulo aos que participam pela primeira vez nestas lides e se candidatam pelo PSD, desejando-lhe a melhor sorte do mundo, sobretudo aos que serão eleitos e um abraço muito especial pelo regresso à primeira linha do Valter Correia, do Gualberto Fernandes, do Savino Correia, do Rui Coelho, do Nuno Maciel, militantes de base, históricos e que conhecem bem a política, o partido e o meio parlamentar.
É isto que me oferece dizer sobre um tema que para mim é assunto encerrado. Globalmente,insisto, a lista de candidatos equilibrou-se e neutralizou as histerias desafinadas de algumas personagens da oposição que usaram a questão da mulher-candidata não numa perspectiva da protagonista essencial e competente na vida política, mas tão-somente como uma bandeira de ataque de uns contra outros. Vamos a isso porque vai dar. E sabem porquê? Porque o povo não é estúpido. (LFM)
Nota: Uma palavra de saudação e de estímulo aos que participam pela primeira vez nestas lides e se candidatam pelo PSD, desejando-lhe a melhor sorte do mundo, sobretudo aos que serão eleitos e um abraço muito especial pelo regresso à primeira linha do Valter Correia, do Gualberto Fernandes, do Savino Correia, do Rui Coelho, do Nuno Maciel, militantes de base, históricos e que conhecem bem a política, o partido e o meio parlamentar.
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