Fico trite porque os anos passam e constatamos que tudo continua na mesma no Porto Santo, numa
ilha que não pode perder tempo nem pode contentar-se com o marasmo. Não direi
que a ilha parou no tempo, mas penso que alguma coisa se passa que parece
querer impedi-la de dar passos em frente. O caso da Baiana, por exemplo, ali
mesmo no centro da vila-cidade, é paradigmático da incapacidade de serem
resolvidos berbicachos que em nada dignificam uma ilha que pretende ser destino
turístico para alem dos meses da sazonalidade. O histórico estabelecimento
comercial parece ser vítima de amuos familiares, de teimosias ou de
desentendimentos sobre os dinheiros a serem pagos pelo Estado. A verdade é que
nunca me conseguiram dar uma explicação plausível e única, há sempre duas ou
três histórias para "justificar" aquele impasse, triste, lamentável,
dispensável e que em nada dignifica e valoriza a ilha. Aliás no centro da vila-cidade
- despida das tradicionais palmeiras que davam nome a um largo - há outros
casos a precisar de intervenção rápida para que a Vila seja uma cidade, mesmo,
e não apenas uma decisão política tomada num determinado tempo e contexto
Outro exemplo de
como as coisas precisam ser resolvidas, sobretudo por quem tenha capacidade de
tomar decisões e de negociar entre
partes em conflito - dinamizar uma economia que precisa de um tremendo e
urgente safanão - tem a ver com a zona do Zarco Shopping que nasceu com a
promessa de vir a ser um novo pólo dinâmico no Porto Santo de apoio aos
residentes, de alívio da pressão sobre a vila-cidade, dada até a sua
proximidade às estruturas hoteleiras. Os anos passam e aquele espaço comercial,
que eu continuo a achar que seria excelente para que um safanão fosse dado,
continua na mesma, degradado, destruindo-se aos poucos, com apenas quatro ou
cinco espaços ocupados, longe do que os tempos áureos da inauguração prometia e
faziam crer.
É triste mas é
verdade. O facto dos anos passarem e de nada de concreto ser conseguido nestes
dois exemplos que dei - e apenas escolhi estes dois exemplos - mostra que a
Ilha Dourada precisa de repensar-se, de discutir, de mobilizar-se, de abandonar
politiquices tontas que prejudicam, de escolher os melhores entre os seus, de
abandonar a inveja e a fofoquice que tudo mina e tudo destrói e de tomar
decisões corajosas, ousadas, ambiciosas sobre o seu futuro, de fazer escolhas
concretas sobre quais as opções que devem ser tomadas, quando e como.
No fundo, há que
escolher em definitivo um caminho, um rumo, um destino. Há que diferenciar
entre uma ilha que quer ser destino turístico a sério - e que por cautela não
deve pensar de forma excessiva e aceleradamente arrojada porque a desilusão
será fatalmente maior em caso de insucesso - ou uma ilha que poderá ser
condenada a não passar do estado em que se encontra, da sazonalidade
penalizadora, da economia que não se dinamiza - e não é apenas a dimensão do
mercado local que o justifica... - de novas ideias que faltam, de empresários
mais ousados que têm que mostrar-se, de serviços com melhor qualidade que devem
ser implementados, etc.
Mas não sendo
matéria que me diga respeito, faço votos apenas para que o Porto Santo tenha
sucesso nas escolhas que vai ter que fazer, irremediavelmente, porque o futuro
não pode continuar a ser igual ao presente. Há que fazer alguma coisa (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário