Estranhamente, Bruxelas não investiga esta forma encapotada de financiamento da TAP e demais companhias a reboque da mobilidade

Recebi uma mensagem de pessoa amiga contando-me o que se passou com ele e família, e confesso que desconheço neste caso concreto se os passageiros perderam ou não o direito ao subsídio de mobilidade. Uma coisa é certa: como é a TAP que manda e manipula tudo isto, se ela diz que não, então presume-se que quem manda pode e que quem manda ordena:

"No meio de tanta trapalhada com a TAP, tivemos um voo cancelado Lisboa-Funchal. Novo voo marcado só 4 dias depois pelo que tivemos de assegurar alojamento, transporte e alimentação, com a condição de apresentar posteriormente as despesas,tudo isto combinado através do Fale Connosco da TAP. 

Assim foi feito através de e-mail e ao fim de aproximadamente 4 meses, a resposta chegou-nos, com um pedido de desculpas e a propor um voucher no valor de 1.500€. 

Agora, ao efectuar nova reserva para umas mini-férias em família em Lisboa, 4 passageiros por 1616€ pelo que pretendia pagar a diferença dos 116€ via MB. Sou informado que não temos direito a reembolso pois pagamentos com vouchers funcionam assim, sem direito a reembolso do subsídio de mobilidade!

Alegam que as despesas que tivemos foram repostas em voucher, mas o facto é que o valor do voucher não dá os mesmos benefícios do valor monetário equivalente, que neste momento podia servir para pagar estas viagens e depois reclamar o respectivo subsídio de mobilidade".

Mas afinal uma pergunta: o que é que a TAP tem a ver com a merda do subsídio de mobilidade? É a TAP que paga o subsídio de mobilidade aos passageiros que dele beneficiam? É a TAP que manda e desmanda como lhe apetece, inclusivamente manipulando com a cumplicidade do governo da geringonça e do regulador, a ANAC, a questão do da mobilidade transformada numa torneira de financiamento encapotado, em várias dezenas de milhões de euros anuais, contornando e enganando - "comendo" com o diz o povo - deste modo a patética Comissão Europeia do decadente Juncker e as proibições de financiamento por parte dos  estados-membros às suas companhias aéreas.

Com humor negro direi que isso que não é o caso da TAP porque de empresa pública ela nada tem. Já referi várias vezes, e reafirmo, que a reversão da privatização foi um frete do PS ao PCP e ao Bloco - imposto pelos jogos sindicais na TAP - para que o acordo parlamentar fosse viabilizado. Por isso, tanto comunistas como os bloquistas fecham os olhos ao que se passa na TAP porque o que eles queriam - manipulação do processo interno de decisão por via do uso partidário dos sindicais que controlam, tal como acontece na Auto Europa - já conseguiram. Só acho estranho que ninguém tenha pedido ainda esclarecimentos à Comissão Europeia, particularmente à concorrência, sobre o que se passa com esta vergonha (LFM)