segunda-feira, agosto 27, 2018

Venezuelanos obrigados a comer carne podre


Na cidade de Maracaibo, onde residem 1,5 milhões de pessoas e que foi, em tempos, o lugar de onde se exportava metade da produção petrolífera da Venezuela, a decadência vê-se por todo o lado. Um sintoma são as falhas de eletricidade, com efeitos a muitos níveis. Por exemplo, na conservação da carne, que muitas vezes acaba por apodrecer e ser comprada assim mesmo - por não haver outro remédio, se as pessoas querem comer. A Associated Press foi ao mercado central de Maracaibo e constatou que os clientes de facto compram carne meio apodrecida, fazendo o que podem para tornar tolerável o seu consumo. "Cheira um pouco mal, mas limpa-se com um pouco de vinagre e limão", explica um homem que compra carne para alimentar os seus três filhos, de 6, 9 e 10 anos. O homem, de 55 anos, é guarda num parque de estacionamento. Conta que a sua mulher emigrou porque já não aguentava as privações, deixando-o sozinho a tomar conta das crianças. Ao princípio pensou que a carne lhes podia fazer muito mal. "Eu tinha medo que eles ficassem doentes, porque são pequenos. Mas só o mais pequenino teve diarreia e vomitou", diz. Embora o governo responsabilize os EUA e outros países pela situação desesperada no país, um talhante não tem dúvidas sobre quem tem a culpa daquilo que os clientes são forçados a aguentar. "Claro que comem a carne, graças a Maduro. A comida dos pobres é comida podre". Além do caos económico, as coisas pioraram quando a 10 de agosto um fogo destruiu o principal cabo elétrico. Se os cortes de fornecimento já duravam há quatro meses, a partir daí agravaram-se ainda mais. No mercado de Maracaibo, a AP encontrou pelo menos quatro talhos a vender carne estragada.

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