quarta-feira, outubro 11, 2017

As dúvidas (orgânicas e outras) que a remodelação me deixa

Depois de um primeiro comentário feito aqui sobre a remodelação do executivo regional, e depois de ter percebido devidamente a nova estrutura orgânica agora proposta e lidas diversas declarações proferidas por governantes -que terão sido dispensados ou se dispensaram - ficam-me dúvidas quanto a algumas questões, as quais que não passam de opiniões pessoais:
- O presidente do PSD-Madeira reuniu a Comissão Permanente do partido ou vai reunir, ou o partido foi dispensado de se pronunciar neste processo?
- Há declarações feitas à margem este processo que tal como eu previa - escrevi isso no primeiro comentário - rapidamente alimentaram histórias de bastidores que vão certamente mobilizar as atenções dos média, declarações essas que precisam de ser cabalmente esclarecidas;
- O processo de remodelação foi pacífico ou deixou marcas políticas e pessoais, dado que não podemos esquecer que existe uma maioria absoluta de apenas um deputado no parlamento regional e que há membros do governo agora dispensados (ou que se dispensaram) que podem reassumir os seus lugares. Desculpem-me a franqueza mas as coisas têm que ser ditas;
- A orgânica das demais secretarias regionais, nas quais não houve mudanças, são as adequadas e funcionam eficazmente e sem obstáculos? Por exemplo, e num meio tão pequeno e específico como o nosso, será que a tutela sobre a agricultura e a água de rega pode estar em departamentos diferentes? Se calhar até faz sentido e quem não percebe patavina disto sou eu;
- Se é Pedro Calado quem passou a ter a responsabilidade pela coordenação política do governo (pensava eu que isso era tarefa de quem lidera um executivo), como é que a pasta dos assuntos parlamentares está nas mãos de outro membro do Governo (Educação)? Haverá por acaso, quando se fala em política e governação, área em que a coordenação seja mais política é mais necessária, por múltiplas razões, que os assuntos parlamentares? Politicamente passa muita coisa pelo parlamento hoje em dia, muito mais do que acontecia no passado.
Na perspectiva das regionais, legislativas nacionais e europeias de 2019, alguém duvida que a Assembleia Legislativa e a rua - através da comunicação social - serão os dois palcos privilegiados do combate político regional e, portanto, é aqui que toda a coordenação política, seja ela qual for, deve estar concentrada.
Repito, estas minhas dúvidas nada têm a ver com as aptidões políticas de Jorge Carvalho, bem pelo contrário. Tem a ver apenas e só com a nova estrutura orgânica;
- Crescem também dúvidas sobre a possibilidade de Pedro Calado poder ficar a braços com uma super-pasta e que isso origine dificuldades funcionais. Feitas rapidamente as contas e considerando os serviços hoje dependentes da Economia e das Finanças - salvo se novas mudanças forem feitas - estamos a falar entre 15 a 20 direcções regionais, serviços, institutos públicos, etc.
A área das finanças por si só é desgastante e vai criar problemas complexos até final do mandato. A economia tem desafios pela frente e processos negociais que exigirão muito de quem tutelar o sector. Embora acredite nas capacidades das pessoas, na competência, na experiência e nas suas boas intenções, o pior que poderia acontecer seria constatar-se, a curto prazo, que afinal a nova orgânica não funciona e que precisa de ser de novo alterada.
Recomendo que esta questão orgânica seja discutida e devidamente ponderada porque há factores que não podem ser desvalorizados, sob pena de tudo isto se virar depois contra quem decidiu (LFM)

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