Mais
consensuais são as respostas às perguntas sobre Marcelo Rebelo de Sousa: duas
em cada três pessoas não acham que o Presidente fale demasiadas vezes. A novela
em torno das negociações entre o ministro das Finanças e a ex-administração da
Caixa Geral de Depósitos foi o principal tema político antes de surgir a
polémica das transferências para offshore: deveria ou não ser criada uma
segunda comissão de inquérito para apurar o que aconteceu e deveriam ou não os
deputados ter acesso aos SMS trocados entre Mário Centeno e António Domingues?
Os portugueses estão divididos nas respostas, mostra o barómetro mensal da
Eurosondagem feita para o Expresso e SIC. É que 44,8% concordam com a criação
de uma segunda comissão parlamentar de inquérito para apurar a contratação e
demissão de António Domingues, enquanto 44,3% não estão de acordo. De fora
ficam 10,9% que não sabem ou não responderam à pergunta, colocada entre o dia 1
e 8 de março, duas semanas depois de os líderes das bancadas parlamentares do
PSD e CDS, Luís Montenegro e Nuno Magalhães, terem apresentado o objeto dessa
segunda comissão.
Explicaram
então os líderes parlamentares que o intuito não era “bisbilhotar comunicações
entre António Domingues e o ministro das Finanças”, defendendo que a natureza
dessa informação é pública e não privada. “A verdade não é um problema de
bisbilhotice”, afirmou Montenegro. “Nenhuma birra pode ser confundida com a
procura da verdade.”
SMS
NAS MÃOS DOS DEPUTADOS?
Criar
uma segunda comissão surgia, no entanto, como resposta ao facto de PS, BE e PCP
terem inicialmente recusado o acesso à troca de comunicações entre Centeno e
Domingues, alegando que essa informação escapava ao objeto da comissão
parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Mas
deveriam os deputados ter acesso a esses SMS? A esta segunda pergunta da
sondagem sobre a CGD, os portugueses mostraram-se quase tão igualmente
divididos como na questão anterior – 46,4% acham que não deveriam ter acesso, 41,2%
acham que deveriam e 12,4% não sabem ou não responderam. O que entretanto
aconteceu é que, já depois de ter sido negado o acesso a SMS na comissão de
inquérito então existente, a esquerda acabou por voltar atrás e aceitar que os
deputados afinal pudessem consultar essa documentação, mas sem a divulgarem. No
entanto, a segunda comissão de inquérito já foi criada, com a concordância de
Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, e no dia em que a
comissão foi anunciada pelo PSD e CDS, Luís Montenegro considerava “expectável”
que a comissão viesse a ter acesso aos SMS, que “facilitarão” o trabalho do
novo inquérito parlamentar.
365
DIAS DE MARCELO
Além
da CGD, o barómetro mostra ainda que, em março, Marcelo Rebelo de Sousa
registou o maior aumento de sempre da sua popularidade (+3,8 pontos). Essa
subida coincide com o momento em que passa um ano da tomada de posse do
Presidente da República. Nas perguntas feitas aos portugueses sobre o papel e
atitudes do Presidente da República, as respostas são bem mais consensuais do
que no tema da CGD. Mais de metade dos portugueses (57%) acha que o Presidente
não está demasiado colado ao Governo, enquanto um terço acredita que sim. E que
avaliação é feita sobre um ano de mandato? Três em cada quatro portugueses
(76,2%) acham que é positiva, enquanto 16,9% traçam um retrato negativo.
Ainda
sobre Marcelo, dois terços dos portugueses não acham que o Presidente fale
demasiadas vezes, enquanto menos de um terço (27%) acha que sim. A essa
pergunta, 6,8% não responderam ou disseram não saber. A frequência das suas
intervenções e a sua presença diária na comunicação social têm vindo a ser
temas recorrentes no balanço do primeiro ano de Marcelo em Belém.
Contabilizadas pelo Expresso com base no arquivo de notícias da agência Lusa,
Marcelo Rebelo de Sousa teve cerca de 750 intervenções ao longo de um ano,
destacando-se temas como as relações externas, a economia e o sistema
financeiro, assim como a política interna e os casos mais quentes – como as
transferências para offshore sem controlo do Fisco, a polémica da Caixa, a
descida da TSU para os empregadores, os incêndios do verão na Madeira ou o caso
de violência dos filhos do embaixador do Iraque. Com respostas muito
semelhantes às da pergunta anterior ficou outra questão: deveria o Presidente
da República resguardar-se mais? 65,1% dos portugueses acham que não, 26,6%
acham que sim.
FICHA
TÉCNICA
Estudo
de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para o Expresso e SIC, de 1 a 8 de
março de 2017. Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores
selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais,
residente em Portugal Continental e habitando lares com telefone da rede fixa.
A amostra foi estratificada por região: Norte (20,8%) — A.M. do Porto (14,6%);
Centro (28%) — A.M. de Lisboa (26,6%) e Sul (10%), num total de 1011
entrevistas validadas. Foram efetuadas 1222 tentativas de entrevistas e,
destas, 211 (17,3%) não aceitaram colaborar neste estudo. A escolha do lar foi
aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o
elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma resultou, em termos de
sexo: feminino — 51,5%; masculino — 48,5% e no que concerne à faixa etária dos
18 aos 30 anos — 16,7%; dos 31 aos 59 — 51,9%; com 60 anos ou mais — 31,4%. O
erro máximo da amostra é de 3,08%, para um grau de probabilidade de 95%. Um
exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a
Comunicação Social (texto da jornalista do Expresso, Raquel Albuquerque, coma devida vénia)
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