sábado, fevereiro 11, 2017

Autárquicas: Jardim escreve carta de apoio ao edil da Ribeira Brava que não será recandidato do PSD-Madeira

No mesmo dia em que a notícia da candidatura de Nivalda Gonçalves à Câmara Municipal da Ribeira Brava, Madeira, foi publicada na imprensa regional, com base em fontes social-democratas não identificadas, Alberto João Jardim divulgou uma "carta aberta" dirigida ao atual autarca, Ricardo Nascimento, eleito em 2013 por escolha pessoal do próprio Jardim.
Nivalda Gonçalves, natural da Ribeira Brava, é presentemente a Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Habitação da Madeira, depois de ter sido vários anos deputada regional ainda no tempo da liderança de Alberto João Jardim.

Embora sem confirmação oficial, as notícias divulgadas davam conta da possibilidade da substituição do autarca Ricardo Nascimento, também poder estar associado ao facto deste ter apoiado em Dezembro de 2014, por ocasião das "diretas" no PSD-Madeira a candidatura de Manuel António Correia, indicada e apadrinhada pelo próprio Jardim. Uma candidatura que foi claramente derrotada por Miguel Albuquerque.
No último Congresso Regional do PSD-Madeira, realizado em Janeiro deste ano, foi notícia o facto de que tanto Jardim como o seu antigo secretário regional, Manuel António Correia, terem optado pelo jogo de futebol do Marítimo, nos Barreiros, a contar para a primeira Liga portuguesa em detrimento da presença naquele encontro social-democrata.
Os argumentos de uma espécie de "ajustes de contas" parecem ser desmentidos pelo facto de outros colaboradores de Manuel António Correia, e que exerceram funções públicas no seu tempo, continuarem hoje envolvidos em cargos de responsabilidades no quadro das atribuições do executivo. O mesmo se passou com os nomes, associados a várias sensibilidades, mas que incluídos na lista única concorrente ao Conselho Regional dos social-democratas insulares.
Na carta dirigida ao "mui Ilustre Amigo", Jardim começa por manifestar a solidariedade pessoal e endereça felicitações "pelo excelente mandato à frente da Câmara Municipal da Ribeira Brava na sequência de anteriores grandes Presidentes de efetiva e comprovada formação política social-democrata e autonomista".
Jardim, que foi o responsável pela candidatura de Nascimento, ignorando pressões de sectores partidários locais que apontavam para outras soluções expressa ao autarca a "satisfação pelo acerto da escolha há quase quatro anos".
"Com efeito, a auscultação então feita entre os mais diversos sectores credíveis no Concelho, sobretudo secundarizando as mediocridades partidocráticas, revelou um consenso à volta do seu nome que felizmente não foi enganado. Ambições tresloucadas, agora parece que com campo aberto, tentaram já depois do meu amigo ocupar o que estava decidido, certamente por desconhecimento do que então era PSD-Madeira bem como da minha maneira de estar na política", acrescenta Jardim.
Na "carta aberta" carregada de críticas e de muitas indiretas com destinatários não identificados, Jardim sublinha "a personalidade e o prestígio" de Ricardo Nascimento que diz terem sido "suficientes para, durante a campanha eleitoral (em 2013), anular as estratégias de traição".
O antigo Presidente do Governo e líder social-democrata diz que tais " que os traídos e suas famílias e amigos não esquecem grosserias tacanhas que penalizarão o PSD durante tempos".
Jardim vai mais longe e na qualidade de "principal responsável pela sua escolha (Ricardo Nascimento) " agradece ao autarca da Ribeira Brava "por não me ter deixado ficar mal", posição que alarga aos atuais Presidentes das edilidades de Câmara de Lobos e da Calheta cuja recandidatura foi conformada pelo PSD-Madeira.
"Como não me deixaram mal todos aqueles candidatos sociais-democratas que não conseguiram ganhar as respetivas Câmaras, não só devido às dificuldades do momento, mas sobretudo por causa da miserável conspiração urdida para, a prazo, vir reduzindo o PSD/Madeira a um Partido como os outros, o que serve o centralismo, a maçonaria, bem como poderosos interesses antigos e suas atuais movimentações", diz Jardim.
O ex-líder dos social-democratas madeirenses diz que "às vezes desgostam-me aqueles sectores da população, de todos os estratos sociais aliás, que se contentam em lutar por apenas mais meia dúzia de cêntimos aqui ou acolá, mas não lutam pela mais Autonomia de que depende o futuro de todos nós, e se preparam para aceitar um monopólio da imprensa diária escrita, que nem no tempo de Salazar!".
A "carta aberta" termina com uma enigmática frase - "Agora, toca a planear o futuro"  - sem que antes Jardim volte a criticar: "A Política não é o exercício da Moral, mas tem de ser o exercício da Ética. Por isso compreenderá o meu estado de espírito ante enormidades que andam a ser anunciadas aqui e ali, só justificáveis numa estratégia de autodestruição do PSD".
Ricardo Nacimento era professor numa escola secundária no Campanário (município da Ribeira Brava), tendo-se candidatado pela primeira vez a uma autarquia em 2013. Apesar do cenário eleitoral adverso para os social-democratas - perderam 7 das 11 Câmara Municipais que detinha na Madeira- o PSD acabou por manter a maioria absoluta na Ribeira Brava.

Refira-se que nesse mesmo ano, 2013, um outro professor e colega de Nascimento na escola do Campanário, Paulo Cafofo, abandonou a docência para liderar o projeto eleitoral da “Mudança” no Funchal que acabaria por sair vitorioso ao derrotar a candidatura social-democrata. (LFM, Económico Madeira)

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