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I - Passos Coelho e outras personagens do
governo de coligação que ele lidera, foram acusados de colocar gente da sua
confiança em lugares públicos no estrangeiro e no país, neste caso sem concurso
público que a lei determinaria. Nada tenho a dizer quanto à preocupação de
defender os colaboradores mas diretos. Pela simples razão de entender que não é
pelo facto de alguém trabalhar com um ministro ou para um secretário de estado,
ou ter que aturar Portas ou Passos, que alguém tem que ficar inibido de evoluir
na sua carreira profissional na administração pública – no caso dos privados a
situação muda de figura porque ninguém está obrigado a coisa nenhuma. Seria
lamentável se fossem prejudicados por isso.
O que me
espanta é que nesta aparente fuga antecipada (dada a proximidade de eleições)
de certos indivíduos que andaram anos a trabalhar nas catacumbas da política e
da estrutura governativa (apostadas em que ninguém desse por eles), como
adjuntos, conselheiros, assessores, chefes de gabinete e não sei que mais, de
repente sejam colocados em embaixadas, consulados-gerais no estrangeiro etc, em
empresas públicas ou em lugares do topo da carreira na administração pública
sem concurso, e ninguém ache que essa porcaria que enjoa a quilómetros de
distância, é normal. Não, não é. Uma coisa são cargos de nomeação política, de
confiança pessoal e que caducam com o final do mandato de quem nomeou – e
quanto a isso nada a dizer - outra coisa é prejudicar uma pessoa só porque ela
esteve a trabalhar com membros do governo. Diferente de tudo isso é reativar
deliberadamente embaixadas que tinham sido extintas em 2012, apenas para
colocar no lugar o chefe de gabinete do Passos Coelho. Ou recriar em Bruxelas
um lugar diplomático que tinha deixado de existir, só para que o ministro dos
Negócios Estrangeiros coloque lá um "boy” qualquer do seu gabinete. Ou que
seja colocada na cosmopolita Nova Iorque uma senhora qualquer, que trabalhou
com um secretário de estado que ninguém conhece, e que para ali vai com a função
de cônsul-geral (imagine-se o esforço...) só porque trabalha com um secretário
de estado.
Haja seriedade
e decência, que é coisa que sempre faltou a esta escumalha que nos tem
governado. Haja rigor e ética, algo que esta corja de bandalhos nunca demonstrou
ter. Criar nestas circunstâncias lugares para propiciar tachos a alguns (mais)
cinzentos - o costume com esta corja de oportunistas que jogam em todos os
tabuleiros refugiando-se numa independência da treta - é indecente, uma pouca-vergonha.
Se estes pândegos que andaram anos a querer vender moralismos a torto e a
direito - enganando os mais desatentos ou aqueles que “acreditam no Pai Natal”
– fizessem escolhas para lugares de nomeação política e de confiança pessoal,
enquanto perdurar o respetivo mandato, repito, nada a dizer. Seria uma escolha
legal contra a qual ninguém tem o direito de investir. Cada um escolhe para
determinadas funções políticas pessoas da sua confiança ou que lhe garantam o
mínimo de conhecimento e de competência e ponto final. Mas neste caso não é
isso que se passa. Estamos a falar de aldrabice, de colocação em postos de
carreira diplomática de pessoas que fazem parte da atual estrutura governativa
e da nomeação, para altos cargos da carreira pública, de indivíduos que
legalmente deveriam ter passado pelo crivo do concurso público que a lei
determina nestes casos concretos.
II - Parece que PSD e CDS na
Madeira se vão deixar de conversas fiadas e em vez de se perderem numa
coligação forçada vão concorrer sozinhos às legislativas de Outubro. Se nos
Açores, onde ambos são oposição (o que facilitaria essa opção política), a
coligação não se confirmou devido a todo um passado político que não se atira
ao lixo de um dia para outro, o que dizer na Madeira onde um é poder e outro é
oposição, por muitos namoriscos existentes entre eles? Historicamente PSD e CDS
andaram estes anos todos de candeias às avessas. Como é que, de um momento para
outro, tudo isso era esquecido em nome de uma coligação que ninguém sabe ainda
ao certo se será uma mais-valia ou não? Os próximos meses serão decisivos porque
ficaremos a conhecer em tempo útil tudo o que nos tem sido escondido nos
últimos tempos quanto a medidas penosas para todos que já foram negociadas mas
têm sido mantidas em segredo. Medidas que voltarão a ser tomadas depois das
eleições, caso PSD e CDS sejam os mais votados. No fundo repetindo-se a
pouca-vergonha de 2011, quando o PSD ganhou eleições a reboque de promessas, de
demagogia, de mentira e da aldrabice para depois concretizar uma coligação com
a direita (CDS) destinada a viabilizar
uma série de medidas que Passos sempre negou na campanha eleitoral que alguma
vez fossem tomadas. Uma patifaria vergonhosa muito à imagem de gente sem rigor,
sem princípios e sem valores de verdade e seriedade que por aí tem andado estes
quatro anos (LFM)
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