Escreve o DinheiroVivo que “a avaliar pelo peso dos salários pagos no total da economia, o
Governo e troika vão transformar o Estado português num dos mais leves da
Europa. A acreditar nas previsões de Bruxelas até 2015, será muito mais leve do
que o dos outros dois países intervencionados – Irlanda e Grécia. Em 2007,
quando começou a crise financeira, e ainda antes desta ter passado para as
dívidas soberanas, Portugal tinha a sétima folha salarial pública (massa
salarial paga) mais pesada dos 27 países da União Europeia: 12,1% do produto
interno bruto (PIB), num ranking liderado então pela Dinamarca e a Suécia. No
final do ajustamento, em 2015, o panorama será radicalmente diferente: o peso
dos salários rondará 8,8% do PIB, o sétimo mais baixo da união de 28, já com a
Croácia. As medidas do atual ajustamento, que incidiram sobretudo sobre os
funcionários públicos e os pensionistas, foram de tal forma pesadas sobre os
trabalhadores públicos portugueses que estes ganham por larga margem quando se
compara com os outros processos de ajustamento em curso. Entre 2007 e 2015,
Portugal será o recordista europeu na redução do peso dos salários públicos na
economia: menos 3,2 pontos percentuais do PIB, isto é, quase cinco vezes mais
do que na Irlanda. Esta semana, noticiou o Diário Económico, o Governo estaria
a ultimar um estudo para enviar ao Tribunal Constitucional para defender que os
cortes salariais nacionais até são menos lesivos do que os da Irlanda, por
exemplo. Deverá escolher uma análise mais micro, pois em termos macroeconómicos
não há grande volta a dar. Para além de ser recordista no corte da massa
salarial em percentagem do PIB no período de 2007 a 2015, Portugal terá ainda o
maior corte nominal em toda a Europa no período em causa. Isto é explicado
pelas medidas que cortam direta e indiretamente as remunerações os
funcionários, claro, mas pelo próprio emagrecimento dos serviços, via não
renovação de contratos ou passagem à aposentação. Ontem, o secretário de Estado
desta área, Hélder Rosalino, recordou que “no último ano e meio, saíram 53 mil funcionários
públicos”. De 2007 a 2015, a folha salarial terá assim uma redução de 25,6%: há
seis anos, o Governo gastava 20,5 mil milhões de euros com empregados; daqui a
dois anos a despesa será de 15,2 mil milhões. Nos próximos dois anos, a massa
salarial pública levará o maior corte da Europa: 13,1%”