Li no Económico que "Pedro Passos Coelho está a preparar uma remodelação do Governo, que poderá ser anunciada ainda esta semana, apurou o Económico. O primeiro-ministro fez um compasso de espera depois do pedido de demissão de Miguel Relvas e da decisão do Tribunal Constitucional e está, apenas, neste momento, a avaliar qual é o timing político adequado para anunciar a mudança de ministros. As próximas horas serão decisivas, oficialmente não há comentários do gabinete do primeiro-ministro, mas Pedro Passos Coelho já deu início a este processo e já começou a fazer os primeiros contactos com possíveis novos membros do Governo, desde logo para substituir Miguel Relvas, demissionário desde a semana passada. A remodelação, de qualquer forma, não deverá ficar por aqui. Mas o calendário é apertado: o Governo quer, primeiro, garantir um compromissos dos ministros do euro sobre a renegociação das maturidades dos empréstimos da 'troika', que é discutida em Dublin no final da semana por Vítor Gaspar, no Ecofin e eurogrupo. Depois, há outra questão a condicionar uma decisão sobre o momento da remodelação. Cavaco Silva tem agendada uma viagem à Colómbia e Perú na próxima semana, com cerca de 50 empresários. Além disso, também na próxima semana, a 'troika' estará em Lisboa, uma viagem que já estava marcada antes da decisão do TC, mas que ganha nova importância. Vítor Gaspar, já é claro, não integra a lista de ministros remodeláveis e continua a ser, para o primeiro-ministro, uma peça essencial para a execução do programa de ajustamento assinado com a 'troika' e, particularmente num momento em que é necessário fechar as contas da sétima avaliação, a negociação das novas maturidades de reembolso dos empréstimos europeus, processo que a agência Reuters noticiou ainda há minutos, dando conta que a 'Troika' vai propor mais sete anos para Portugal e a Irlanda pagarem os seus resgates. E apresentar, até ao final deste mês, o plano de médio prazo para a redução do défice e da dívida pública, o chamado Documento de Estratégia Orçamental. À saída de Miguel Relvas, já anunciada na semana passada, mas ainda não formalizada, deverá somar-se a do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, além de Almeida Henriques, e mudanças também em várias secretarias de Estado. E, a esta hora, não é ainda claro se o primeiro-ministro vai avançar com mudanças orgânicas no Governo, porque isso obriga a novas leis orgânicas e... a tempo, coisa que este Governo não tem. Acresce, qual será o papel de Paulo Portas: mantém-se nos Negócios Estrangeiros ou muda de ares, para a coordenação política com o cargo de vice-primeiro-ministro? Ainda esta semana, em entrevista ao Económico, António Lobo Xavier notava que faltou de coordenação política no Governo. "Alguém tem de fazer isso, se o PSD não arranja uma pessoa para o fazer, e eu admito que arranje porque tem muita gente, o CDS tem de o fazer". Próximo do presidente do CDS, Lobo Xavier evitou citar o nome de Portas, mas o Económico sabe que o ministro dos Negócios Estrangeiros gostaria de ter outro papel político neste Governo, e considera que o seu papel naquela pasta esgotou-se. De acordo com informações recolhidas pelo Económico nas últimas horas, o primeiro-ministro poderá mesmo dividir as pastas de Relvas, entregando os Assuntos Parlamentares a um novo ministro e a coordenação política do Governo a outro, eventualmente Paulo Portas. Pedro Passos Coelho poderá mesmo, dizem outras fontes, marcar um Conselho de Ministros extraordinário para o fim-de-semana, já com a nova equipa governativa, permitindo que a tomada de posse dos novos ministros possa ocorrer na sexta-feira ou mesmo no sábado, antes da viagem do Presidente da República para a América Latina. É um cenário que membros do próprio Executivo admitem como provável e que poderá ser conhecido já nas próximas 24 a 48 horas"