“O chefe da
missão do FMI para Portugal, Abebe Selassié, deu uma entrevista à agência Lusa,
onde na prática diz o seguinte:
1) "O
resultado do desemprego é muito infeliz, é mesmo muito pior que o
esperado". Tradução: falhámos nas nossas previsões sobre o desemprego.
Sabíamos que ia aumentar, não sabíamos que seria tanto. E continuamos sem
perceber porquê. Alguém nos explica?
2) Continuar a
insistir nas metas sobre o défice colocaria uma pressão indevida sobre a
economia e aumenhtaria ainda mais o desemprego. Tradução: aceitámos aumentar os
valores para o défice e dar mais um ano para Portugal cumprir os 3% pela óbvia
razão que nem este ano, nem no próximo nem no seguinte, Portugal conseguirá
cumprir essas metas. E não queremos continuar a andar de falhanço de previsão
em falhanço de previsão.
3) "É muito
desapontante que os preços da luz e das telecomunicações não estejam a
descer". Tradução: pressionámos para que fossem feitas as privatizações na
área da energia, pois com mais concorrência os preços iriam descer. Afinal,
continuam a subir. Ou seja, falhámos. Alguém nos explica porquê?
4) "Não
existe muito mais a ser feito ou que não esteja a ser pensado para tentar
estimular o crescimento". Tradução: depois das reformas, das
privatizações, das reduções dos direitos laborais, das subidas de impostos e
cortes na despesa, não percebemos porque não está a funcionar a austeridade
expansionista. Alguém nos epxilca?
5) As pequenas e
médias empresas continuam a ter dificuldades em aceder ao crédito".
Tradução: não ouvimos nada do que nos disseram, desde o tempo do meu
antecessor, o sr. Paul Thomsen. Ele sempre disse que não via que houvesse um
estrangulamento do crédito às PME. Agora, concluímos que afinal havia. Mas já
vemos sinais de que vai passar.
6) "A composição
das medidas para alcançar as metas do défice é da responsabilidade do
Governo". Tradução: foi o Governo que quis aumentar brutalmente os
impostos, Nós achámos mal, mas não dissemos nada. Deixámo-los fazer o que
queriam. Agora são estes os resultados. Mas nós, FMI, não temos nada a ver com
isso!” (texto de Nicolau Santos, Expresso, com a devida vénia)