Segundo o site da TVI, "o prestigiado jornal britânico «Financial Times» tece esta segunda-feira
duras críticas à decisão do Tribunal Constitucional, que chumbou
algumas das medidas de austeridade previstas no Orçamento do Estado.
Para o «FT», chumbar o corte do subsídio de férias da função pública
pode comprometer o sucesso do programa de ajustamento português. O jornal vai mesmo mais longe e diz que «está na hora de Portugal começar a viver dentro das suas possibilidades». O
artigo, publicado na coluna «Lex», começa com um tom de ironia: «Há
partes do Sul da Europa que existem mesmo numa dimensão diferente. Por
exemplo, o ano em Portugal tem dois meses extra. A maioria dos
trabalhadores recebe 14 meses de salário em vez de 12. O Governo queria
cortar um destes dois pagamentos extra como parte das medidas de
austeridade para cumprir o acordo de resgate de 78 mil milhões de euros
assinado em 2011. Mas o tribunal constitucional chumbou a medida». A
decisão, diz o jornal, «compromete provavelmente a capacidade de
Portugal regressar aos mercados financeiros. Mas se o Governo for
esperto, vai usar este revés para levar ainda mais a sério as reformas
estruturais» Para o «Financial Times», que admite que «Portugal
pode ser a vítima esquecida da crise da Zona Euro», o país até estava no
bom caminho: «tem estado a implementar reformas desde 2011 e começava a
impressionar os investidores. É verdade que o mercado acionista perdeu
cerca de 30% do seu valor desde então, mas os juros da dívida pública a
10 anos mantiveram-se ligeiramente acima dos 6,2%». Agora, a
decisão do Tribunal Constitucional, que já era esperada, parece ter
deitado por terra a confiança conquistada. Nas palavras do «FT», «a
última onda de dúvidas sobre se o país será ou não capaz de cumprir os
seus compromissos» levou as ações dos bancos a afundarem e a bolsa
nacional a anular os ganhos de 2013, nas últimas duas semanas.
«Um dos poucos entusiastas da
austeridade na Zona Euro»
Pedro
Passos Coelho, descrito pelo jornal como «um dos poucos entusiastas da
austeridade na Zona Euro» tem de encontrar «poupanças adicionais
equivalentes a 0,8% do PIB», algo que «pode ser difícil, uma vez que
parece ter esgotado a margem para aumentar impostos». «A Zona
Euro pode ajudar, aliviando os termos do resgate. Mas o povo de Portugal
não deve ser cego aos seus problemas estruturais, dos quais um setor
público sobredimensionado e insustentável talvez seja o maior», refere o
jornal. «Portugal desperdiçou a primeira década no euro,
crescendo ao ritmo mais baixo de todos os países membros. Existe o
perigo de o padrão se repetir, se o país não começar a viver dentro das
suas possibilidades», conclui"