segunda-feira, abril 08, 2013

FT com mais um recado: «Portugal tem de começar a viver dentro das suas possibilidades»

Segundo o site da TVI, "o prestigiado jornal britânico «Financial Times» tece esta segunda-feira duras críticas à decisão do Tribunal Constitucional, que chumbou algumas das medidas de austeridade previstas no Orçamento do Estado. Para o «FT», chumbar o corte do subsídio de férias da função pública pode comprometer o sucesso do programa de ajustamento português. O jornal vai mesmo mais longe e diz que «está na hora de Portugal começar a viver dentro das suas possibilidades». O artigo, publicado na coluna «Lex», começa com um tom de ironia: «Há partes do Sul da Europa que existem mesmo numa dimensão diferente. Por exemplo, o ano em Portugal tem dois meses extra. A maioria dos trabalhadores recebe 14 meses de salário em vez de 12. O Governo queria cortar um destes dois pagamentos extra como parte das medidas de austeridade para cumprir o acordo de resgate de 78 mil milhões de euros assinado em 2011. Mas o tribunal constitucional chumbou a medida». A decisão, diz o jornal, «compromete provavelmente a capacidade de Portugal regressar aos mercados financeiros. Mas se o Governo for esperto, vai usar este revés para levar ainda mais a sério as reformas estruturais» Para o «Financial Times», que admite que «Portugal pode ser a vítima esquecida da crise da Zona Euro», o país até estava no bom caminho: «tem estado a implementar reformas desde 2011 e começava a impressionar os investidores. É verdade que o mercado acionista perdeu cerca de 30% do seu valor desde então, mas os juros da dívida pública a 10 anos mantiveram-se ligeiramente acima dos 6,2%». Agora, a decisão do Tribunal Constitucional, que já era esperada, parece ter deitado por terra a confiança conquistada. Nas palavras do «FT», «a última onda de dúvidas sobre se o país será ou não capaz de cumprir os seus compromissos» levou as ações dos bancos a afundarem e a bolsa nacional a anular os ganhos de 2013, nas últimas duas semanas.
«Um dos poucos entusiastas da austeridade na Zona Euro»
Pedro Passos Coelho, descrito pelo jornal como «um dos poucos entusiastas da austeridade na Zona Euro» tem de encontrar «poupanças adicionais equivalentes a 0,8% do PIB», algo que «pode ser difícil, uma vez que parece ter esgotado a margem para aumentar impostos». «A Zona Euro pode ajudar, aliviando os termos do resgate. Mas o povo de Portugal não deve ser cego aos seus problemas estruturais, dos quais um setor público sobredimensionado e insustentável talvez seja o maior», refere o jornal. «Portugal desperdiçou a primeira década no euro, crescendo ao ritmo mais baixo de todos os países membros. Existe o perigo de o padrão se repetir, se o país não começar a viver dentro das suas possibilidades», conclui"