Cinema: morreu Patricia Neal

Li no Publico que "Patricia Neal sobreviveu a quase tudo nos 84 anos da sua vida. E, segundo o comunicado em que a família anunciou a sua morte, no domingo, a actriz norte-americana "enfrentou a doença que a vitimou [cancro nos pulmões] como fizera com todas as grandes provações que atravessou": com elegância, bom humor e "muito do que ela própria descrevia como teimosia". Só com muita teimosia é que Neal, que em 1963 ganhou um Óscar por Hud, onde contracenava com Paul Newman, conseguiu recuperar de uma série de acidentes vasculares cerebrais que a deixaram, numa fase inicial, sem falar e andar. Estava então num momento alto da sua carreira, que começara em 1949, ao lado de Ronald Reagan, na comédia John Loves Mary. No mesmo ano contracenou com Gary Cooper em The Fountainhead. Neal apaixonou-se por Cooper, com quem manteve um romance durante três anos (ele não deixou a mulher por ela). Casou em 1953 com um escritor de contos macabros, Roald Dahl (autor de Charlie e a Fábrica de Chocolate), de quem teve cinco filhos. Um dos filhos sofreu, ainda bebé, um atropelamento que o deixou com lesões cerebrais. Dois anos depois, em 1962, a filha mais velha do casal morria, aos sete anos. E em 1965, aos 39 anos, Neal sofria a série de AVC. Foi a teimosia do marido que, contou Neal na sua autobiografia As I Am, permitiu que ela recuperasse e voltasse a filmar. Mas em 1983 o casal divorciou-se, depois de Patricia descobrir que Dahl mantinha uma relação com uma das suas maiores amigas. “Frequentemente a minha vida foi comparada com uma tragédia grega", escreveu. "E a actriz que sou não pode negar essa comparação”.