Açores estão a perder valor no conjunto dos destinos europeus
Garante o Açoriano Oriental num texto do jornalista Rui Jorge Cabral, que "os Açores encareceram enquanto destino na Europa nos últimos dois anos e tornaram-se mais difíceis de vender, mesmo naquele que era o seu mercado de “ouro”, o nórdico. O grande destino neste momento é a Turquia, mas mesmo destinos como Espanha ou Grécia - que já passaram até por melhores dias - estão a competir directamente com os Açores, oferendo mais “valor” a um turista que queira férias baratas num destino aonde possa chegar o mais rapidamente possível. É este o perfil do turista nórdico em tempo de crise, que no fundo é o perfil médio do turista mundial em 2010. “Países como a Turquia oferecem grandes vantagens: não estão na zona euro, o que aumenta o poder de compra do turista, e estão também a oferecer pacotes com tudo incluído, o que neste momento é muito apelativo para os nossos clientes”, afirma Caroline Anderson, gerente da Solresor em Ponta Delgada, o operador que traz turistas da Escandinávia - Suécia, Finlândia, Dinamarca e Noruega - para os Açores. Por isso, Caroline Anderson não tem dúvidas ao afirmar que, após o abrandamento da operação nórdica nos Açores nos últimos dois anos, “estamos onde podemos estar com os voos que temos hoje em dia”. Para a gerente da Solresor, “temos um bom produto, mas é preciso convencer os clientes de que este é o lugar para passar férias” e, para os Açores, este é cenário actual da venda do destino na Escandinávia: “temos de lutar muito por cada cliente que conseguimos”. Sobre a campanha de promoção que a Região lançou para reanimar o turismo nórdico, Caroline diz as campanhas não podem dar certo quando “começam tarde”, embora reconheça o benefício de um esforço que está a ser feito - e que levará o seu tempo a dar frutos - de “reabrir os olhos dos escandinavos para a realidade dos Açores ainda estarem aqui e que eles podem cá vir, não interessa como”. Um dos objectivos do Governo quando quis novamente assumir o esforço de promover os Açores no mercado nórdico foi o de tentar atingir uma classe socioeconómica de turistas mais elevada. Uma tarefa que não vai ser fácil, porque embora a Solresor não trabalhe com este tipo de clientes, Caroline Anderson lembra que estes são turistas “mais independentes do que o nosso turista de charter e gostam de escolher os seus próprios destinos pela internet, sem depender de ninguém”, o que torna qualquer campanha a eles destinada muito difícil de atingir os seus objectivos. Quando operou sozinha nos Açores com óptimos resultados nos primeiros anos, quase ninguém criticou o trabalho da Solresor, mas agora que a ‘torneira’ parece ter começado a secar, muitos questionam se o problema não estará na exclusividade do mercado nórdico. Caroline Anderson diz que a Solresor não teme a concorrência, mas adverte: “é possível termos mais operadores, mas a questão está em se alguém está agora preparado para tentar, porque sabem que estamos aqui há algum tempo e que, sendo os países nórdicos pequenos, a maior parte das pessoas que queria vir pela primeira vez aos Açores já o fez connosco. Interessa agora é tentar trazê-los outra vez. Não sei se outros estão interessados em fazê-lo, mas nós estamos e trabalhamos nisso”. Quanto a um regresso dos nórdicos ao Inverno açoriano, Caroline acredita que será difícil de conseguir nos próximos tempos, porque experiências como o mau tempo e a pouca dinâmica social dos Açores na época baixa terão afastado muitos turistas de um possível regresso. • Voos regulares da SATA para a Escandinávia só no Inverno não atraem os operadores Os voos regulares da SATA para a Escandinávia, essencialmente na época baixa, estão condenados ao insucesso no seu actual figurino. Primeiro, porque foram planeados muito em cima da hora e depois porque não interessa a nenhum operador tentar vender o Inverno aos nórdicos quando não tem o Verão para oferecer. A opinião é de Graça Rego, directora da agência da viagens Tui, em Ponta Delgada. Recorde-se que a Tui, que tem o maior operador sueco, tentou há cerca de cinco anos entrar no mercado açoriano com aviões próprios, mas “na altura, não houve muita abertura por parte do Governo a mais um operador nos Açores, que poderia vir estragar o negócio do operador que já cá estava”. Agora, não há interessados nos Açores"
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