"A cronologia abaixo publicada, relaciona os desastres e outros fenómenos naturais que ocorreram no Arquipélago da Madeira de origem meteorológica, hidrometeorológica e geológica, designadamente, as enxurradas ou aluviões, derrocadas ou quebradas, “tsunamis” e sismos (abalos ou tremores de terra). Relativamente aos sismos, só um de que há notícia (em 31 de Março de 1748), causou estragos materiais e perda de vidas humanas até a actualidade. Por se achar pertinente, se relacionou todas descrições da actividade sísmica para interesse estatístico e outros fenómenos geológicos e meteorológicos. Assim, julgamos oportuno ter presente, a definição de desastre, que é a seguinte: «grave perturbação do funcionamento de uma sociedade, que provoca prejuízos humanos, materiais ou ambientais em grau tão elevado que a sociedade afectada fica incapacitada de lhe dar resposta por meios próprios». Esta relação, é o resultado da consulta ao Elucidário Madeirense, (Padre Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses), às Ilhas de Zargo (Eduardo C. N. Pereira), Adenda às Ilhas de Zargo (Ângela Borges Gonçalves e Rui Sotero Nunes), Paulo Dias de Almeida e a Descrição da Ilha da Madeira da Madeira de 1817/1827 (Rui Carita) e aos jornais regionais, complementada pelo autor, relativamente aos acontecimentos recentes. Poderá haver omissão de outras ocorrências por falta de fundamentação documental.
- 1593 - 26 de Julho. «Deu-se nesta ilha um fenómeno de incandescência atmosférica, que nas cronicas madeirenses ficou conhecido pelo nome de Fogo do Céu. Nos dias 24 e 25 do mês e ano referidos soprara violentamente o conhecido ‘vento leste’ acompanhado de tão intenso calor, que, no dizer duma testemunha coeva do acontecimento, ‘não havia pessoa viva que sahisse de casa nem abrisse janela, nem se podia sofrer dentro das casas, nem se podia nestas estar por ser o ar tão quente que tudo era cuidarem que pereciam e o vento era tal que parecia queimava os ossos, cousa que jamais os homens viram nestas partes’.Tornou-se cada vez mais intenso o calor e pelo começo da noite no dia 26 era já bem visível o raro mas conhecido fenómeno de incandescência atmosférica, que pelas 11 horas se transformou num pavoroso incêndio, queimando toda a vegetação e reduzindo a um enorme braseiro um numero considerável de habitações», (Elucidário Madeirense).
- 1611 - Os autores do Elucidário Madeirense sem precisar dia e mês, referem que, «colhemos notícia, num antigo manuscrito, que no ano de 1611 houve uma grande enchente no Funchal, que, entre os notáveis estragos que causou, se conta o de ter destruída em grande parte a igreja paroquial da freguesia de Santa Maria Maior que então ficava na rua que hoje tem o nome de Hospital Velho. Procedeu-se depois á construção duma nova igreja nas imediações do actual fontanário chamado do Calhau, e que foi arrastada para o mar pela aluvião de 1803.
- 1689 - Idem. No Arco de São Jorge, deu-se uma «grande quebrada que ha mais de dois séculos ali caiu, desagregando-se muitos terrenos, principalmente do Arco Pequeno, que deram lugar á formação daquele sítio», e nome ao lugar, sítio da Quebrada. O «caso é vulgar na Madeira, e a freguesia do Jardim do Mar, uma parte da do Paul e o sítio do Lugar de Baixo e ainda outros, formaram-se de maneira idêntica a esta», segundo os autores do Elucidário. Na Quebrada do Arco de S. Jorge «deu-se, porém, uma circunstancia muito singular, que merece menção especial e á qual temos encontrado várias referências», onde «várias casas de habitação serem arrastadas a distâncias relativamente grandes sem ficarem arruinadas.
- 1707 - Idem. «Também existe notícia doutra aluvião que se deu no ano de 1707 e que causou consideráveis prejuízos em toda a ilha.
- 1724 - 18 de Novembro. «Os estragos desta aluvião fizeram-se principalmente sentir na freguesia de Machico, morrendo ali 26 pessoas e abatendo-se mais de 80 habitações. No ‘Anno Histórico’, referindo-se o Padre Francisco de Santa Maria á aluvião de 1724, diz que ‘padeceu a ilha da Madeira uma tormenta e dilúvio tão grande, que destruiu a vila de Machico, parte da de Santa Cruz e muitos outros logares e sítios da mesma ilha, e também a cidade do Funchal experimentou grande dano e muitas ruínas, assim nas suas muralhas como na povoação, com a enchente da Ribeira do Pinheiro (Santa Luzia)’ que a divide», (Elucidário Madeirense).
- 1748 - 31 de Março. «Da uma para as duas horas da manhã, sentiu-se na Madeira um forte abalo de terra, que foi seguido de outros dois, lendo-se, numa noticia escrita por essa época acerca do acontecimento e que foi reproduzida a página 697 das Saudades da Terra, (…). No dia 1 de Abril, houve, por ordem do Prelado, preces solenes na Sé Catedral, ás quais assistiram o cabido, o senado, os ministros, a nobreza e o povo, sendo depois trasladada processionalmente para o altar do Santíssimo Sacramento da mesma Sé, a imagem de S. Tiago, padroeiro da cidade. As preces continuaram, com o Senhor exposto, até 9 de Abril, e estas rogativas, diz a mesma noticia, ‘também fizeram todas as mais Comunidades Religiosas, e todas as Collegiadas da Cidade; mas os moradores das villas, lugares e campos usaram, além destes, outros exercícios, tão catholicos, como espirituais’. (…) De 1 de Abril até 26 de Maio, «sentiram-se na Madeira, em diversos dias, novos tremores de terra, mas sem nenhum deles atingir a violência do de 31 de Março, que causou bastantes estragos em muitos pontos da ilha. A Sé Catedral ficou com várias fendas e com o frontispício inclinado para fora, sofrendo também bastante a torre da igreja, e nos templos de Santa Maria Maior do Calhau, Santo António, S. Gonçalo, Camacha, Machico, Caniçal, Porto do Moniz, Prazeres, Paul, Arco da Calheta, Canhas, Serra de Água, Câmara de Lobos e Estreito de Nossa Senhora da Graça houve também bastantes prejuízos, causados pelo mesmo abalo de terra. A casa em que residia o bispo ficou em estado de não poder ser habitada e as casas da Alfândega e Contos, apesar das suas paredes fortíssimas, ficaram com trinta e duas fendas, além doutros estragos mais ou menos notáveis. Apesar da violência dos abalos de terra de 31 de Março de 1748, houve apenas quatro vitimas: um homem velho, pai do vigário de Santo António, uma criança e duas mulheres. (…)», (Elucidário Madeirense).
- 1755 - 01 de Novembro. «Houve um abalo de terra na Madeira, tendo o mar subido no Funchal, 5 metros acima da maré cheia, e no norte da ilha, recuado cerca de 100 metros, deixando em seco grande quantidade de peixe. No Porto Santo, entrou o mar pelo leito da ribeira da vila, ‘cerca de um quarto de milha, e no escoamento da água ficou quasi em seco o boqueirão do Ilhéu de Cima’ (...)», (Elucidário Madeirense).
- 1762 - 26 de Junho. «Houve um abalo de terra no Funchal, que não produziu estragos», (Elucidário Madeirense).
- 1765 - 18 de Novembro. «Em virtude das grandes chuvas, cresceram muito neste dia as ribeiras que atravessam o Funchal, sendo destruída a Ponte da Praça e sofrendo bastante outras pontes da cidade. As águas da Ribeira da Praça ou de João Gomes arrastaram para o mar o inglês Moita (?), o qual nunca mais apareceu», (Elucidário Madeirense).
- 1768 - 05 de Novembro. «Experimentou a ilha da Madeira um violento terramoto, mas não dizem os documentos da época se produziu estragos», (Elucidário Madeirense).
- 1772 - Paulo Dias de Almeida, na sua "Descrição da Ilha da Madeira da Madeira de 1817/1827", refere neste ano, sem precisar o dia e o mês, que na «Povoação e vila de Santa Cruz» (...), «tinha havido outra cheia que levou a Igreja de São Pedro e arruinou muitas casas.
- 1786 - Os autores do Elucidário Madeirense sem precisar dia e mês, referem que, «grandes chuvas e um violento vendaval, que causou muitos prejuízos.
- 1803 - 09 de Outubro. «(…) A morte surpreendeu a muitos na fuga, arrastados pela violência das correntes ou atingidos pelas derrocadas das casas e paredes que se desmoronavam. Foi o bairro de Santa Maria Maior o mais sacrificado pela tempestade. A ribeira de João Gomes, com a abundância e violência das águas, rebentou em três diversos pontos, formando outras tantas impetuosas correntes que causaram os maiores estragos e vitimaram algumas dezenas de pessoas. Ruas inteiras e inúmeras casas de habitação e outros prédios foram arrastados para o mar, incluindo a igreja paroquial, conhecida pelo nome de Nossa Senhora do Calhau e que ficava na margem esquerda da ribeira, entre as actuais rua de Santa Maria e rua Nova de Santa Maria. Numa casa desta rua ficaram soterrados 21 indivíduos e num prédio do Pelourinho morreram um súbdito inglês e 15 pessoas de família. Calcula-se que só no bairro de Santa Maria Maior tivessem perecido cerca de 200 pessoas por ocasião da aluvião. Os prédios marginais da ribeira de Santa Luzia também sofreram bastante. Acima da ponte do Bom Jesus as águas tomaram novo curso por uma e outra margem daquela corrente e, sobretudo na rua dos Ferreiros, causaram estragos consideráveis, tendo-se abatido diversas casas de habitação e lojas de comércio. O mesmo aconteceu na rua dos Tanoeiros e a vários prédios que ficavam na margem esquerda daquela ribeira e que formavam a rua Direita, prédios que foram arrastados pela violência da corrente. (…) Ruas inteiras desapareceram com seus habitantes e outras inundadas de água e lama deixaram os proprietários e inquilinos reduzidos á extrema indigência. Uma grande parte da freguesia de Santa Maria Maior, assim como a sua igreja, a mais antiga da cidade, não existem com uma boa porção dos seus infelizes moradores: o resto disperso cá e lá, inundado e abandonado, oferece aos olhos do homem sensível um objecto de dor, de ruína e consternação. As ruas chamadas Direita, Tanoeiros, Valverde, Santa Maria, Hospital Velho e outras foram ao mar com uma incrível multidão de habitantes. (…) Também demoliu a antiga e histórica capela do Senhor dos Milagres, tendo a respectiva imagem sido encontrada dias depois, no alto mar, por uma galera americana, que a fez depositar na Sé do Funchal. (…) São bastantes discordes as informações contemporâneas dos acontecimentos, com relação ao número de pessoas que sucumbiram, vítimas daquelas inundações, chegando uma narrativa do terrível caso a computar em cerca de mil os indivíduos mortos e desaparecidos. Parece não estar muito distanciado da verdade quem fixar em seiscentos o número aproximado dos que morreram, sendo a maior parte no concelho do Funchal. (…)», (Elucidário Madeirense).
- 1804 - 24 de Abril. «Houve três abalos á noite, com intervalos de 8 a 10 minutos, todos eles violentos», (Elucidário Madeirense).
- 1813 e 1814 - «Existe referências a abalos de terra que se sentiram na Madeira, mas sem indicar as datas dos mesmos em que se deram», (Elucidário Madeirense).
- 1815 - 26 de Outubro. «Depois da grande aluvião de 9 de Outubro de 1803 foi talvez a maior que tem assolado esta ilha. Numa representação que, sobre os estragos causados por esta inundação de 26 de Outubro de 1815, dirigiu a Câmara Municipal do Funchal ao Príncipe Regente D. João, se afirma que esta foi incomparavelmente maior do que a aluvião de 1803, mas, nem pelo numero de vitimas nem pelos prejuízos que causou, atingiu as proporções da outra, a pesar das enormes perdas que acarretou aos habitantes do Funchal. Como em outras ocasiões aconteceu, foram as correntes impetuosas das ribeiras que ocasionaram os maiores prejuízos. Especialmente nalguns pontos das margens das ribeiras que não tinham muralhas a ampararem e a dirigirem o curso das águas, saíram estas fora do seu leito, galgaram os terrenos marginais e abriram novo caminho, através das ruas e casas, causando não só incalculáveis estragos, como produzindo o maior pânico entre os habitantes, alguns dos quais foram vitimas do ímpeto indomável da corrente. Foi o que aconteceu com as águas da ribeira de S. João que, procurando novo percurso, arrastaram na sua violência cerca de vinte casas desde a ponte de S. Paulo, ao fim da rua da Carreira, até á foz da mesma ribeira. Nas ruas marginais da ribeira de Santa Luzia, também foram grandes os estragos, ficando danificadas algumas casas e em alguns pontos as muralhas da mesma ribeira. Por toda a ilha houve prejuízos consideráveis e morreram várias pessoas, arrastadas pela violência das correntes. Os horrores da grande aluvião de 1803, ainda bem presentes na memória de todos, fizeram aumentar o pânico nos habitantes, que, na sua grande maioria, julgaram que não havia possibilidade de escapar á morte, que para eles parecia inevitável», (Elucidário Madeirense). Sobre esta ocorrência, Paulo Dias de Almeida, refere que, «em 30 de Outubro de 1815 pelas 5 horas da tarde, houve uma aluvião que levou quarenta casas e arruinou outras, inundando ruas, e se fosse à noite muita gente morreria afogada. A ribeira de S. Paulo chegou a trazer uma coluna de água e rochedos, que ocuparam a largura de 60 palmos e 30 de alto. Entre as pedras que ficaram no leito da ribeira, junto ao mar, havia uma de 20 palmos quadrados, e de 10 palmos muitas» (um palmo, igual a 22 cm). «Esta enchente durou uma hora.» (Paulo Dias de Almeida e a Descrição da Ilha da Madeira da Madeira de 1817/1827).
- 1816:
- 11 de Janeiro. «Deu-se um tremor de terra que se fez sentir, que abriu fendas nalgumas habitações do Funchal. Muitas pessoas que se achavam nas ruas foram de encontro ás paredes ao dar-se o abalo.
- 02 de Fevereiro. «Em Machico, de madrugada, estando o povo ouvindo missa na igreja matriz, sentiu-se um extraordinário abalo de terra, que durou por algum tempo. O povo saiu atropeladamente da igreja, mas não perigou pessoa alguma nem houve estragos importantes. Este abalo também se fez sentir noutras partes da ilha, sendo tão grande o susto, que em várias igrejas se fizeram preces e procissões públicas. (Elucidário Madeirense)
- 1842:
- 24 de Outubro. «Os Anais do Porto Santo referem-se a um ligeiro abalo de terra que se sentiu naquela ilha, no dia 24 de Outubro, mas não encontramos noticia de que esse abalo fosse notado também na Madeira», (Elucidário Madeirense);
- 28 de Outubro. «Havia quinze dias que quase ininterruptamente caia pequeno orvalho. As 9 horas da manhã do dia 24 de Outubro as chuvas eram já abundantes, e ás 3 horas da tarde as águas pluviais caíam a torrentes. As águas das ribeiras saíram dos seus leitos e espalharam-se impetuosamente pelos terrenos marginais, causando grandes estragos. Ficaram completamente inundadas as ruas do bairro de Santa Maria Maior, o Pelourinho, a rua dos Medinas e ainda outras, chegando a água a invadir os segundos e terceiros andares das casas. Em muitas ruas da cidade os barcos navegavam para a custo salvarem muitas famílias que imploravam misericórdia dos últimos andares e telhados. Por toda a parte se ouviam gritos de terror. Um dos homens a quem mais se deveu a salvação de muitos infelizes inundados foi o cidadão Joaquim Dias de Almeida, mas houve muitos outros que se distinguiram, como nessa época fizeram menção o Imparcial e o Defensor, jornais do Funchal. As calçadas de Santa Clara, do Pico, Bela Vista e Incarnação foram convertidas em caudalosas ribeiras. O bairro do Cemitério dos Inglêses ficou despovoado, sendo todos os seus moradores acolhidos e agasalhados, com todos os confortos, por uma proprietária abastada, que residia no fim da rua da Bela Vista. Uma grande parte da cidade ficou destruída e as casas arruinadas até aos alicerces. Muitas famílias remediadas ficaram pobres. Foi um prejuízo de centenares de contos de reis. No dia 26 de Outubro o vento de sul fez desencadear no porto do Funchal, uma medonha tempestade. As ondas embravecidas saltavam as muralhas da Pontinha e por vezes lamberam a esplanada do Ilhéu, vindo durante a tarde despedaçar-se nos rochedos da praia do Funchal, dez ou onze embarcações, sendo os tripulantes e guardas, que se achavam a bordo, salvos milagrosamente pelo guarda da alfândega Carvalho e por uns marítimos arrojadissimos, distinguindo-se sempre nestas catástrofes Joaquim Dias de Almeida», (Elucidário Madeirense).
- 1848 - 17, 18, 19 e 20 de Novembro. «Houve nestes dias grandes inundações, principalmente no concelho de Santana, sendo arrastadas pelas águas muitas bemfeitorias produtivas e importantes. No Funchal as águas das ribeiras correram com violência, mas, apesar de copiosissimas, não produziram estragos sensíveis», (Elucidário Madeirense).
- 1850 - 10 de Outubro. «Um tremor de terra na direcção LW, que se fez sentir ás 9 horas e meia da noite de 10 de Outubro, mas que não produziu estragos alguns», (Elucidário Madeirense).
- 1856 - 05 e 06 de Janeiro. «Em virtude de chuvas abundantíssimas no Funchal, trouxe a corrente da Ribeira de João Gomes muito entulho que sobrepujou os mainéis entre a foz e o Campo da Barca. Não podendo as águas correr livremente, foram inundar a R. de Santa Maria, as travessas que a cortam, a R. do Ribeirinho de Baixo e o largo do Pelourinho, fazendo em todos estes pontos grandes destroços. A Ribeira de Santa Luzia não causou prejuízos, embora ficasse também entulhada, mas a de S. João fez não pequenos estragos, principalmente nas proximidades da capela. Na Ribeira Brava, na Tabua, na Serra de Água, na Ponta do Sol, no Paul do Mar e noutras localidades houve também grandes devastações produzida pelas águas», (Elucidário Madeirense).
- 1876 - 01 de Janeiro. «Grandes temporais, que arremessam alguns navios á praia do Funchal. Houve inundações neste dia que só causaram prejuízos notáveis na freguesia da Madalena do Mar», (Elucidário Madeirense).
- 1883 - 23 de Julho. «Sentiu-se no Funchal um forte abalo de terra, cerca das duas horas da manhã», (Elucidário Madeirense).
- 1884:
- 13 de Fevereiro. «Entre as 2 e as 3 horas da manhã, sentiu-se no Funchal um abalo de terra, acompanhado de ruído subterrâneo.
- 17 de Maio. «Cerca das 3 horas da manhã, houve um novo abalo, pouco violento.
- 22 de Dezembro. «Sentiram os habitantes do Funchal pelas 3 horas da manhã, dois tremores de terra, tendo o primeiro, o mais violento, durado cerca de 20 segundos e o imediato, cerca de 7 segundos. Estes abalos também se fizeram sentir em Lisboa, pelas 3 horas e 29 minutos da manhã. (Elucidário Madeirense)
- 1886 - A 21 de Janeiro. «Ás 8 horas da manhã, sentiu-se um ligeiro tremor de terra no Funchal, que durou cerca de 3 segundos. Uma mulher de Água de Pena, que apanhava lapas no sítio da Queimada, caiu ao mar no momento da oscilação, morrendo imediatamente», (Elucidário Madeirense).
- 1887:
- 07 de Janeiro. «Um abalo de terra pelas 10 horas e meia da noite, acompanhado de ruído subterrâneo.
- 27 de Janeiro. «Outro abalo de terra à uma hora e meia da manhã.
- 06 de Agosto. «E outro a uma hora e vinte minutos da manhã. (Elucidário Madeirense)
- 1889 - 14 de Janeiro. «Pelas 5 horas e meia da manhã, sentiu-se no Funchal um ligeiro abalo de terra», (Elucidário Madeirense).
- 1894 - Deu-se uma grande derrocada na Deserta Grande, de que resultou o mar avançar e recuar sensivelmente nalguns pontos da costa sul da Madeira, «semelhantemente ao que sucedera por ocasião do terramoto de 1755», tendo «o mar subido no Funchal, 5 metros acima da maré cheia, e no norte da ilha, recuado cerca de 100 metros, deixando em seco grande quantidade de peixe», (Elucidário Madeirense).
- 1895 - 02 e 03 de Outubro. «Uma aluvião deu-se nestes dois dias e produziu grandes estragos nas freguesias de S. Vicente, Faial, Ponta Delgada, Boa Ventura e Seixal. Nesta última freguesia morreu o proprietário Manoel Inisio da Costa Lira. As ribeiras do Funchal trouxeram muita água», (Elucidário Madeirense).
- 1901 - 08 e 09 de Novembro. «As chuvas abundantíssimas que nestes dois dias caíram no Funchal, inundaram as ruas e caminhos, danificaram muitos destes e provocaram alguns desmoronamentos, principalmente na Levada de Santa Luzia», (Elucidário Madeirense).
- 1910:
- 24 de Novembro. «Pelas 9 horas e 20 minutos da noite, sentiu-se um abalo de terra no Funchal, acompanhado de ruído subterrâneo, que parecia partir do lado de nordeste. No mesmo dia. sentiram-se dois abalos no Curral das Freiras», (Elucidário Madeirense).
- 26 de Novembro. «Houve outro abalo no Funchal, ás 12 horas e 25 minutos do dia. Durou cerca de 4 segundos e a oscilação pareceu horizontal», (Elucidário Madeirense).
- 1914 - 27 de Dezembro. «Ás 4 horas e 45 minutos da manhã de 27 de Dezembro, sentiu-se um ligeiro abalo de terra no Funchal», (Elucidário Madeirense).
- 1918 - 25 de Julho. «Pelas 4 horas e 23 minutos da manhã, um abalo de terra violento, sentiu-se não só no Funchal, mas também no Monte, no Jardim da Serra e no norte da ilha, tendo causado prejuízos no estuque dalgumas casas da freguesia da Ponta Delgada. Houve dois abalos quase seguidos, cada um dos quais durou dois segundos, ouvindo-se por essa ocasião um forte ruído subterrâneo», (Elucidário Madeirense).
- 1920: - 25 e 26 de Fevereiro. «Nestes dois dias fez sentir um violento temporal de vento e chuva que causou inúmeros prejuízos em toda a ilha. As ribeiras que atravessam a cidade, embora trouxessem muita água, não chegaram a transbordar, mas houve inundações em vários sítios, devido á abundância das chuvas e aos ribeiros da Nora, do Til e dos Louros terem ficado obstruídos. No bairro de Santa Maria chegaram a andar barcos nas ruas para conduzir pessoas de uns para outros pontos, e diz-se que um toda a ilha ficaram mais de 500 pessoas sem abrigo, sendo incalculáveis os destroços causados pelo vento N. W. no arvoredo, nos canaviais e em muitas outras culturas. No caminho do Lazareto morreu um indivíduo que se dirigia de noite para sua casa e no molhe da Pontinha morreu um outro que trabalhava no Cabrestante, sendo tal a impetuosidade do vento no dia 25 e parte do dia 26, que era perigoso transitar mesmo nas ruas da cidade. No dia 25, de tarde, foi suspenso, por causa do vento, o serviço de automóveis no Funchal. A vila da Ribeira Brava correu grande risco de ser destruída pelas águas, tendo saído a imagem de S. Bento em procissão e havendo depois preces na igreja paroquial. Em Machico, Santa Cruz, S. Vicente e Camacha registaram-se importantíssimos prejuízos, morrendo uma mulher e uma criança nesta ultima freguesia. Desapareceram, com os respectivos tripulantes, alguns barcos de pesca de Câmara de Lobos, e o barco Arriaga, do Porto Santo, que conduzia 16 passageiros, foi impelido para o sul pelo temporal, sendo encontrado pelo vapor inglês Andorinha, que tomou os passageiros, arribando o barco ás Selvagens.
- 28 de Fevereiro. «Voltou a chover torrencialmente neste dia.
- 02 de Março. «Soprou de novo com grande violência o vento N. W., havendo também fortes aguaceiros, que duraram até á madrugada do dia 3 de Março.
- 08 de Dezembro. «Sentiu-se no Funchal, pelas 5 horas e três quartos da manhã, um ligeiro abalo de terra que a muita gente passou despercebido. (Elucidário Madeirense)
- 1921 - 05 e 06 de Março. «Caíram nestes dias abundantes chuvas, acompanhadas de trovoada, em toda a ilha, havendo inundações e estragos em Machico, Ribeira Brava Em Machico as águas subiram nalguns pontos quase ao primeiro andar das casas, e na Ribeira Brava morreram quatro crianças, sendo três em virtude do desmoronamento dum prédio e uma arrastada pelas águas», (Elucidário Madeirense).
- 1923 - 01 de Outubro. «Ás 5 horas e 6 minutos da tarde sentiu-se um ligeiro abalo de terra no Funchal, que durou apenas 2 segundos. Este abalo também se fez sentir na freguesia de S. Vicente e, provavelmente, noutros pontos da ilha», (Elucidário Madeirense).
- 1929 - 06 de Março. «Um desagregamento de terras, no sítio do Estreito da Vargem, em S. Vicente, produzido por uma aluvião, soterrou 11 moradias de agricultores, que abrigavam 29 famílias, morrendo 32 pessoas e ficando 3 gravemente feridas. Muitas cabeças de gado, importantes vinhedos e mais plantações se perderam nesta horrível catástrofe», (Ilhas de Zargo).
- 1930 - 04 de Março. «Dá-se o desagregamento duma enorme porção de rocha de Cabo Girão, no sítio do Rancho, que arrastou terrenos da altura de 400 m para o mar, formando uma ponta de cerca de 300 m. O impulso dado ao mar levantou ondas alterosas que se desdobraram no sentido de leste, invadindo a Ribeira do Vigário, em Câmara de Lobos, onde surpreenderam 24 pessoas, homens, mulheres e crianças, das quais morreram 16, ficaram cinco feridas e desapareceram 3», (Ilhas de Zargo).
- 1932 - 18 de Agosto. Madalena do Mar. «No litoral desta freguesia, desemboca a ribeira da Madalena, que nas alturas em que atravessa a freguesia dos Canhas sofreu, na sua margem esquerda, um grande desmoronamento de terreno (…), que causou enormes prejuizos e obstruíu em grande parte o leito da mesma ribeira», (Elucidário Madeirense).
- 1934 - 04 de Fevereiro. «Caiu granizo sobre o Funchal em tanta abundância que cobriu telhados e ruas como não havia memória, apesar de a temperatura mínima ser de 11,5° em recinto fechado, e de 10,3° ao ar livre», (Ilhas de Zargo).
- 1939 - 30 de Dezembro. A ocorrência em 18 de Agosto de 1932, «contribuíu em grande parte para que», neste dia, «o caudal da ribeira, com as grandes invernias que então caíram tomasse as mais assustadoras proporções e arrastasse na sua passagem algumas dezenas de habitações, desse a morte a várias pessoas e causasse incalculáveis prejuizos, constituindo uma das maiores calamidades provocadas pelas inundações nesta ilha». Morreram 4 pessoas e foram destruídas 40 casas na Madalena do Mar», (Elucidário Madeirense).
- 1956 - 03 de Novembro. «Aluvião duma tromba de água que atingiu devastadoramente as freguesias de Machico, Santa Cruz, Porto da Cruz, Água de Pena e Santo da Serra, segundo a ordem de sua maior intensidade, causando prejuízos incalculáveis em prédios urbanos e rústicos, destruição de pontes e estradas, arrasamento de campos de cultura, morte de pessoas e gado com a proporção e violência dum verdadeiro cataclismo. Mais uma vez foi atingida pela cheia da Ribeira, que a margina, a capela do Senhor dos Milagres, construída primitivamente pela Ordem Militar de Cristo, no local onde se celebrou a primeira Missa da descoberta da ilha (…). Situa-se esta capela na Banda d’Além, a leste da Vila de Machico, bairro de pescadores, que sofreu o mais violento embate da corrente, arruinando algumas habitações», (Ilhas de Zargo).
- 1970:
- 09 de Janeiro. «Em consequência de mau tempo de sudoeste, o mais chuvoso e catastrófico de terra e de mar, na Madeira, alagou de chuvas torrenciais, durante três semanas, a parte sul da ilha. A ribeira que atravessa todo o Concelho da Ribeira Brava, cujo nome provém das violentas e tradicionais cheias daquele curso de água, transbordou das margens, na data referida, em quantidade de aluvião, assolando campos, destruindo culturas, derrubando casas, submergindo estradas, causando mortes. Na Vila da Ribeira Brava destruiu o miradouro e a rua marginal, causou duas vítimas; na Serra d’Água as enxurradas destruíram moradias e cortes de gado, vitimaram quatro pessoas e animais. Das casas abatidas apenas escapou uma criança, Helena Maria, de três anos de idade que ficou presa nos escombros algumas horas e donde saiu sorridente, na inconsciência do perigo, com pasmo dos seus salvadores. Um autocarro turístico cheio de estrangeiros foi surpreendido entre as duas freguesias, ficando bloqueado na Estrada Marginal por efeito de dois enormes rombos naquela via, o mesmo sucedendo a um carro ligeiro com ocupantes alemães. Os Bombeiros do Funchal trabalharam quase toda a noite sob tremenda invernia para salvar os surpresos viandantes. Esta catástrofe alarmou toda a população madeirense, deixando as famílias sinistradas na mais desoladora e triste situação com a perda de tudo quanto possuíam. O mar também invadiu a Vila da Ribeira Brava, causando prejuízos de irremediável reparo e substituição. Mais uma vez aquela Ribeira justificou o nome de Brava que tem», (Ilhas de Zargo)
- 10 de Janeiro. «Caiu 42 mm de precipitação nas 24 horas: 4 mortos e 4 feridos na Ilha e elevados prejuízos materiais na Ribeira Brava e Serra d’Água», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 08 de Março. «Uma tromba de água flagelou o Porto Santo durante 11 horas. Dois mortos», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1972 - 20 de Janeiro. «Tremor de terra na Madeira e Porto Santo. A ausência de um sismógrafo nos serviços de meteorologia impediu medir a intensidade do sismo», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1973 - 21 de Dezembro. «Violento temporal na costa norte, especialmente Ribeira da Janela e Porto Moniz: vários carros boiaram nas estradas», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1975 - 26 de Maio. «Um sismo da escala 6 provocou danos na Madeira. O epicentro localizou-se a 300 milhas da Madeira», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1977:
- 03 de Dezembro. «Chuva diluviana e vento ciclónico flagelaram o Porto Santo, inundando estradas e interrompendo as ligações com o exterior.
- 20 de Dezembro. «Um forte temporal assolou a Madeira originando 4 mortos. (Adenda às Ilhas de Zargo)
- 1979 - 07 de Janeiro. «Forte temporal provocou milhares de contos de prejuízo na Região. O mau tempo durou até ao dia 23 de Janeiro, originando 9 mortos na Fajã do Penedo», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1982 - 07 de Fevereiro. «Violento temporal no litoral da Madeira», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1984 - 01 de Março. «Um forte temporal provocou devastações e elevados prejuízos na ilha. A ponte do Faial foi destruída», (Adenda às Ilhas de Zargo).
- 1985 - 07 de Fevereiro. «O mar invadiu a Ribeira Brava provocando avultados prejuízos e partindo o cais a meio», (Adenda às Ilhas de Zargo)". (fonte: blog Madeira, gentes e lugares)
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