segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Alberto João Jardim: "José Sócrates perde as estribeiras com a Madeira"

"Sempre que, na Assembleia da República, vem à baila a Região Autónoma da Madeira, o primeiro-ministro José Sócrates perde as estribeiras.
Dir-se-ia que parece haver uma obsessão, face à única parcela do território nacional que nunca se entregou ao socialismo. Socialismo que, no caso em apreço, não é socialismo, mas a governação nacional mais ultra-liberal, mais pró-grande Capital que os Portugueses já viveram. O que nem absurdas «causas fracturantes», para entreter o Zé Pagode e dar um tom pós-moderno e esquerdista, conseguem disfarçar.
Por mim, fico preocupado.
Porque não sei quem, na Madeira, fez mal ao homem, nem quando, nem como, nem porquê.
Mas é o que todos vêem!
Será só por causa das diferenças partidárias?...
Será pelo arreigado afinco do Povo Madeirense à Autonomia Política, conquistada após mais de quinhentos anos de colonialismo e de sucção por Lisboa, durante esses séculos todos, de dois terços do produto do suor dos trabalhadores madeirenses?...
Será porque derivado disto tudo, em 1974 a Madeira era a Região mais atrasada de Portugal, mas com politicas diferentes das de Lisboa, conseguimos progredir?
As reacções de José Sócrates são estranhíssimas, até porque ele deve ter a noção de que, assim, para além de injusto, está a pôr em causa a solidez da coesão nacional e atirou o seu Partido para uma pequenez confrangedora na Madeira.
Também não vejo que resulte das diferenças políticas, pois nada disto se passou com os outros Governos socialistas, e, até de um destes, é a então consensual lei de finanças regionais que Sócrates alterou, e cuja justiça, sem mais encargos, se pretende repôr agora.
Não, aqui anda gato!
Se é por razões pessoais, então ainda pior. Teríamos um primeiro-ministro que troca as razões de Estado por questões pessoais.
É tempo de tudo isto ser esclarecido aos Portugueses, e não apenas através de monopólio de opinião de José Sócrates.
Trata-se dos Portugueses da Madeira. Trata-se de uma parcela do território nacional.
Como é tempo de os «notáveis» do partido socialista, sem medo, porem um travão nisto".
(crónica de Alberto João Jardim, hoje na TVI24)

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