segunda-feira, agosto 31, 2009

Aviação: low-cost já têm 1/3 do mercado nacional....

Garante o Jornal I, num texto do jornalista Filipe Paiva Cardoso que a "açoriana SATA tem as tarifas "mais altas do mundo" e que a "redução de voos da TAP cria mais oportunidades para as companhias de baixo custo": "Prescindir de uma refeição a bordo, não levar malas de porão para poupar na taxa de bagagem extra, comprometer-se a não alterar as datas da sua viagem. O preço a pagar por uma viagem de avião a metade, ou por vezes um terço, do que é cobrado pelas companhias de referência mundiais não é tão caro que impeça cada vez mais gente de preferir viajar com algum défice de conforto. Tudo em nome de uma poupança significativa nos custos.Poupar na viagem para gastar nas férias ou simplesmente encontrar a solução possível para ter férias, quando a crise obriga a apertar o cinto, quase todos os motivos são bons para viajar a baixo custo. O segredo das companhias low cost tem, por isso, pouco de surpreendente. O seu crescimento, todavia, promete ainda bastantes surpresas.As companhias aéreas de baixo custo - mundialmente conhecidas como low cost - têm vindo a redesenhar o mapa das ligações aéreas a partir de e com destino a Portugal. Se em 2001 contavam com 2% de quota de mercado, em Julho deste ano já foram responsáveis por 33% dos voos que chegam e partem de Portugal. Uma evolução que segue em linha com o que tem sucedido no resto da Europa. É facto provado que há cada vez mais gente a preferir viajar a baixo custo - ou, dito de outro modo, a prescindir de alguns serviços e delicadezas a troco de um desconto substancial no preço do bilhete de avião. A proliferação de companhias aéreas a operar a baixo custo e a multiplicação de destinos servidos pelas low cost têm contribuído fortemente para o novo cenário. No entanto, as rotas low cost ainda são quase exclusivamente internacionais.Objectivo: voos domésticos O último reduto que falta conquistar por estas transportadoras, encontra-se, portanto, nos voos domésticos. Optar por uma companhia low cost para fazer a ligação entre Portugal continental e os Açores, por exemplo, "é quase impossível", refere um estudo do Centre for Asia Pacific Aviation (CAPA), recentemente publicado.A Ryanair e a easyJet são as duas maiores low cost a operar em Portugal e, considerando apenas os voos de e para fora de Portugal, as duas contam com uma quota combinada de 21%. A fatia de mercado é comparável com os 37% da TAP Portugal, os 3% da espanhola Iberia e os 4% da alemã Lufthansa. Só a Ryanair, que sozinha detém 7% do mercado internacional português, conta com 23 rotas no Porto e 13 em Faro. A sua concorrente easyJet soma 13 rotas a partir de Lisboa, dez em Faro e cinco no Porto. O sucesso das low cost Segundo o CAPA, o peso das low cost em Portugal não deverá ficar por aqui. E nem a crise mundial terá hipóteses de pôr um travão a este segmento. A redução de milhares de voos, que a TAP foi obrigada a concretizar recentemente, dado o cenário de crise, "pode aumentar a esperança das low cost de ganharem mais terreno", dizem os especialistas do CAPA. Além disso, estas companhias estudam ainda atacar outros mercados da companhia de bandeira portuguesa. Segundo o CAPA, a Ryanair está a estudar o lançamento de uma nova ligação entre o Porto e Cabo Verde. "A Ryanair está a analisar uma operação entre o Porto e Cabo Verde [...] Ao fazê-lo irá quebrar o domínio da TAP nas rotas para as ex- -colónias, a maioria das quais operada em monopólio - ou duopólio com a companhia estatal do país", lê-se no trabalho sobre o mercado. O avanço para Cabo Verde, diz o CAPA, "poderá levar a Ryanair a olhar com mais atenção para as ligações domésticas". Este mercado é dominado em 55% pela TAP e em 40% pela açoriana SATA. Por enquanto, as low cost contam apenas com 4,3% do mercado doméstico - um valor consideravelmente reduzido, que a CAPA atribui também ao facto "de não existir uma low cost portuguesa". Açores com tarifas recorde "A SATA tem conseguido manter os seus níveis de ocupação apesar das alegações de que as suas tarifas nas viagens de e para os Açores não são apenas as mais altas da Europa, mas também do mundo inteiro", salienta mesmo o Centre for Asia Pacific Aviation. Porém, por enquanto, nem todos os factores favoráveis têm sido suficientes para criar um novo mercado para as low cost. "O baixo nível de procura, a par da necessidade de ter uma frequência razoável, torna os Açores um mercado impossível para as companhias de baixo custo", justifica o CATA. Ganham a TAP e a SATA, que assim continuam a conseguir garantir a manutenção da exclusividade destas ligações a tarifas que, aparentemente, lideram rankings mundiais - pelos piores motivos".

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