Triste e lamentável. Repito. E não tenho mais nada a acrescentar. Sem recados seja a quem for, sem moralismos seja para quem for. Apenas apelando à coerência e à dignidade. O título é da Diocese? Pergunto: tem a Diocese do Funchal possibilidade para manter a publicação de um jornal diário, seja ele qual for? Não sei, mas gostava de saber. Não falamos por acaso da mesma Igreja que nem consegue ter um jornal a nível nacional? Da mesma igreja que não conseguiu manter a TVI, embora o licenciamento inicial lhe tenha sido atribuído? Repito: é triste e lamentável. Acham normal, por exemplo, que jornalistas vinculados a uma das partes envolvidas neste “confronto”, emitam opinião, sem contraditório e sem reconhecerem que estão a ser inevitavelmente tendenciosos por esse facto. E, já agora, podendo ser acusados - e é essa a agravante - de não explicarem as causas reais de dificuldades, quando, por exemplo, sabem, que pela leitura de um semanário regional, os madeirenses percebem que, afinal, até podem existir outras causas, as causas reais, para a crise, mas que continuam a ser atirados para baixo do tapete.
E não recebem também todas as rádios locais apoio financeiro? Por acaso incomodam-se com as injecções que o Estado faz na RDP que lhes faz concorrência? Existe algum estudo económico de viabilidade dessas rádios, sem excepção, demonstrando que elas são viáveis sem os subsídios que auferem, e que eu acho muito bem que sejam atribuídos, porque sem eles fechavam? Qual a dimensão dos quadros de pessoal em todas as empresas de comunicação social da Região – falo só de efectivos! – e que peso elas têm nas despesas totais de cada estrutura empresarial? Serão eles porventura excessivos para a nossa realidade e para a dimensão do nosso mercado? E quais são as receitas, em publicidade e em assinaturas - no caso da imprensa - nos últimos quatro anos? Quando se fala em despedimentos na comunicação social regional, quais as situações já verificadas anteriormente, muito antes desta polémica em torno da “guerra” que os socialistas, por encomenda - mas disso falaremos a seu tempo – e através de uma lei dita da pluralidade estão a despoletar, visando o JM e caindo no erro patético de pensarem que o PSD ganha eleições por causa do Jornal da Madeira? Então se o pasquim não é lido por ninguém, se só têm escribas" por alguns deles serem conotados ao PSD - os outros "escribas", ligados à oposição, só por isso são cérebros, inteligências raras, uma espécie de "escribas" de primeira? Por acaso a RTP da Madeira toleraria que num programa feito com participantes externos à empresa, e sem que alguém em nome desta se defendesse, falassem dos prejuízos da empresa ou comentassem decisões da administração? Eticamente seria correcto? E as criticas das televisões privadas são objecto de tanta atenção e debate na RTP? Alguém ouviu alguma coisa quando o governo português esta semana disse que manteria os mesmos gastos com publicidade na RTP (mas não nas privadas), contrastando com a tendência em países europeus, casos da Espanha, da França e da Itália que anunciaram substanciais reduções? Repito: sou defensor da total proibição de envolvimento do sector público na comunicação social. Porque se evitam conotações. Admito que no caso do JM se poderiam ter tomado medidas que lhe dariam uma abrangência opinativa que não incomodaria ninguém, porque em matéria de conteúdo acho que as pessoas tirarão conclusões por si. Mas quando aludo a uma total proibição de envolvimento do sector público na comunicação social, não admito excepções, nem na rádio, nem na televisão, nem na agência noticiosa. Ter moral para falar, ter moral ética para legislar, é fazer isso. Querer impor regras aos outros, quando procedem de forma diferente e mantêm o controlo - porque há controlo - em nome de um abastardado conceito de "serviço público" (é serviço público o futebol, os milhares gastos para transmissões de jogos de futebol? É serviço público os milhares gastos com helicópteros a sobrevoarem autocarros que transportam equipas aos estádios?). Se existem divergências, sem existem críticas, se existe ilegalidade, acho bem que o assunto seja resolvido sem espalhafatos, sem deturpar a realidade, sem branquear outros factores que são determinantes para a situação em que hoje alguns se encontram. O que desejo é que a comunicação social regional não venha a ser vítima da actual crise, que os empregos sejam mantidos, que não apareçam dramas sociais motivados, porventura, por disputas ou pequenas vinganças que transcendem os aspectos que podem estar na origem de divergências que são legítimas e que devem ser discutidas e resolvidas por quem de direito. E que os jornalistas não precisem de "procuradores", nem as empresas de "emissários" para resolverem assuntos que podem ser ultrapassados, assim espero e desejo, sem se abocanhar a dignidade das pessoas e a credibilidade do sector.
Sem comentários:
Enviar um comentário