sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Nos Açores: vida está pela hora da morte

Li no Correio dos Açores que “o preço dos bens essenciais, como a comida e o vestuário, continuam em subida na Região, uma situação que, na opinião do economista Mário Fortuna, “faz com que as famílias açorianas permaneçam prejudicadas”. Este cenário verifica-se numa altura em que a inflação desceu na Região para os 3 por cento, enquanto no Continente foi para os 2,4 por cento. Os salários continuam também a evoluir abaixo da inflação. “Como tem sido tendência nos últimos anos, a inflação no arquipélago mantém-se superior à do Continente, o que é acompanhado da subida do preço dos bens alimentares, que representa a grande parte dos gastos das famílias, sobretudo as mais carenciadas. Como os salários sobem abaixo da inflação, a situação mantém-se muito complicada para a maior parte dos açorianos”, explica o professor da Universidade dos Açores. Em causa estão os valores do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos Açores, divulgados no site do Serviço Regional de Estatística. De acordo com a definição do Instituto Nacional de Estatística, o IPC “é um indicador que tem por finalidade medir a evolução no tempo dos preços de um conjunto de bens e serviços considerados representativos da estrutura de consumo da população residente em Portugal”. Deste modo, se a variação média do IPC relativa aos “Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”, era nos Açores, em Janeiro de 2008, de cinco por cento tornou-se, no mesmo mês deste ano, de 6,2 por cento, uma subida, mesmo em tempo de crise. A variação no sector do “Vestuário e Calçado” é de 1,1 por cento em 2008 e de 1,7 por cento em 2009. Existem porém sectores cujos preços estarão em queda nos Açores. É o caso da “Saúde” que passa de quatro para 0,2 por cento. Mário Fortuna adianta que esta descida se pode justificar com o facto do sector da Saúde ser muito condicionado pelas políticas governamentais. “É mais facilmente controlado”, justifica o economista. A “Educação” também está em queda, passando, na Região, de 8,2 por cento em 2008, para 4,4 em 2009. “Os gastos com a Educação reduzem-se muito a propinas e livros. Como não houve grandes subidas nas propinas, justificam-se estes valores”, sustenta Mário Fortuna. Entretanto, no Continente, de acordo com dados do INE, a Educação passou dos 3,8 para os 4,1 por cento e a Saúde dos 7,4 para os 0,9 por cento, outro sector, portanto, em deflação. Outros sectores cujo IPC sofreu uma quebra em Janeiro de 2009 foram a “Habitação”, os “Transportes” e as “Comunicações”. As “Comunicações” estão em clara deflação no arquipélago, mantendo -1,5 por cento em 2008 e 2009, um comportamento também seguido a nível nacional. Mário Fortuna lembra que este é um comportamento que se têm vindo a verificar ao longo dos últimos anos, provocado pelo desaparecimento do “efeito de novidade em relação aos telemóveis e outros produtos das comunicações”. “Surge mais concorrência e descem os preços ao consumidor”, explica o professor da academia açoriana”.

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