domingo, maio 18, 2008

Um "puxão de orelhas" (I)

No “Planeta” – a rubrica que eu costumo dizer que é ”meio a sério, meio a brincar” - do DN da Madeira de hoje levo um “arregaço de beiças”:
“Apelo ao Amigo Filipe
Anda um jornalista de manhã à noite à procura da notícia. Porque o jornal precisa de informar e de satisfazer a necessidade de conhecimento dos seus leitores, que pagam o seu exemplar para que haja a viabilidade económica no projecto. E depois de ter andado a correr Ceca e Meca, apanhando grandes secas, telefonemas falhados, caminhadas perdidas... Eis que, finalmente, consegue a informação. Regressa satisfeito à Redacção, toca a escrever, quando de repente... "Olha, lamento mas isso que conseguiste afinal já está aqui num blog." Azar! E que blog? Só podia: o de Filipe Malheiro. Mais uma vez, com a vantagem de as informações passarem pelo lugar que ocupa na Assembleia Legislativa, o nosso Amigo divulga tudo no seu blog. Desse modo, a dita informação chega 'de bandeja' às redacções que trabalham sentadas, inquinando-se assim o 'mercado das notícias' e privando de eficácia quem tanto luta por ela. Ora, como jornalista de carreira que é, Filipe Malheiro sabe da gravidade do procedimento. Já aqui falámos da situação e durante algum tempo sentimos a sua sensibilidade para o caso. Mas a divulgação de assuntos que Filipe só consegue porque tem um cargo na Assembleia voltou em força. Esta é mais uma característica surreal desta terra, mas ainda assim Este Planeta apela ao Amigo Filipe, a quem o DIÁRIO deve a atenção de estar sempre disponível para colaborar quando a sua importante opinião é necessária, que equilibre as coisas no assunto em questão. Em nome da justiça na luta pela notícia em que ele durante anos participou com muita garra e total lisura. Com aquele abraço”.
Nota: Em linguagem popular diria que se tratou de um “arregaço de beiças” que tenho de compreender e de aceitar, até porque, pela minha experiência profissional passada, tenho a noção do que está em causa, em matéria de pressão e de concorrência - realidades que hoje aumentaram substancialmente. Compreendo e aceito os argumentos em cima da mesa, sobretudo o conflito entre o jornalismo de secretária e o jornalismo feito à custa da persistência, e que naturalmente não podem acabar por ter o mesmo sucesso na obtenção de informação.Uma coisa é certa: a informação que disponibilizo – e se não o fizesse para mim seria mais fácil porque menos trabalho tinha – visa apenas permitir o acesso a notícias que eu acredito serem úteis e que cada um dá a credibilidade de entender, usando-as ou não. Este blogue é pessoal, não recebe ordens de ninguém (já o chamaram de blogue oficial de tanta gente...), não estou ao serviço de ninguém. É o meu espaço. Não quero fazer concorrência a ninguém, não quero sobretudo prejudicar os profissionais da comunicação social. A Assembleia Legislativa não tem ainda condições para manter um serviço informativo (ou noticioso) diário – porque aguarda a implementação do sistema de registo informático do processo legislativo, ao qual todas as pessoas interessadas passam a ter livre e imediato acesso através do site do parlamento, após o cumprimento de procedimentos internos (despachos de admissibilidade) pelo Presidente da Assembleia. Acredito que ainda durante esta Legislatura, que termina em 2011, o fará, aumentando desta forma o caudal informativo disponível. Até lá, e foi nessa perspectiva que em “encaixei”, existiriam alternativas - ou a elaboração de notícias e distribuição a todos os meios de comunicação por fax ou mail, como é feito com outras informações corriqueiras correntes ligadas ao funcionamento do parlamento, ou pura e simplesmente não fazer nada, deixando que sejam os partidos por via da inevitável fuga de informação, ou os jornalistas, em função da sua agenda telefónica ou da maior ou menor capacidade de persuasão junto das fontes, a obterem essas informações. Mas, repito, registo, compreendo e anotei o recado.

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