domingo, maio 11, 2008

PSD: os erros de Passos Coelho

Acho, salvo melhor opinião, que Passos Coelho está a cometer um erro estratégico, de discurso (ou de mensagem, se preferirem), que lhe pode ser fatal, por revelar vazio e pouco interessar ao partido. Apercebi-me há dias que Passos Coelho, provavelmente mal assessorado neste domínio, parece correr atrás dos factos, à medida que a comunicação social fala deles, em vez de se desligar do "mundo" que o rodeia - salvo situações concretas e importantes, que pela sua natureza delas não se pode desligar, porque, pela sua natureza e dimensão, reconhecidamente interessem a todos. O que as bases do PSD querem, para já - e Passos Coelho ou percebe isso ou vai vulnerabilizar-se ainda mais perante os seus adversários nas "directas" - é eleger um líder que olhes garanta alguma esperança, que possam estabilizar o partido e, só depois disso, preparar um manifesto eleitoral, marcar presença diária na comunicação social abordando todos os assuntos que façam parte da agenda política - seja ela marcada pelo governo, pela oposição ou pela comunicação social. Por agora o que as bases estão interessadas é na eleição de um líder. Neste contexto o que interessam ao chamado PSD profundo que Passos Coelho queira as polícias todas sob a tutela de um ministério X em vez do ministério Y ou que venha falar da ASAE, sem nada adiantar a tudo o que disse Paulo Portas e a comunicação social? Caso Pedro P. Coelho persista nesta linha de orientação, de confundir-se como candidato à liderança do PSD com uma candidatura ficcional a um qualquer ministério ou à própria chefia do governo, vai ter problemas acrescidos de afirmação e de reforço da sua base interna de apoio. Penso que Passos Coelho - que na ausência de Alberto João Jardim desta corrida tem o meu total e incondicional apoio - tem que perceber que o partido é, neste momento, a sua prioridade. Não vale a pena querer contrariar isto, porque não consegue. Não vai ter mais votos por falar nas polícias ou na ASAE. Não vale a pena correr o risco de dispersar-se ao confundir as pessoas, misturando as coisas, a mensagem que precisa de levar às bases, com polémicas que nesta fase pouco ou nada lhes interessam. Mas como é esta a minha opinião, e não passa disso, se Passos Coelho entender que é ele que tem razão e sou eu estou errado, pois que continue nessa caminhada, na certeza de que provavelmente encontrará da minha parte um apoiante, na mesma convicto, mas provavelmente menos estimulado. O que pensa Passos Coelho do futuro dos jovens em termos de integração dos licenciados (cada vez mais desempregados) na vida profissional? Que medidas? O que pensa das Autonomias regionais? O que pensa da regionalização? O que pensa do desemprego que ameaça escalões etários que por circunstâncias várias, têm depois dificuldades acrescidas no retorno ao mercado de trabalho? São estes temas, muito gerais, que devem fazer parte da mensagem que tem que levar aos militantes quando estiver reunido com eles, quando lhes falar olhos nos olhos, quando olhes falar ao coração. Que PSD quer? Que renovação pretende liderar? Como vai garantir uma maior participação das bases na vida de um partido inter-geracional?

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