Mais cinco milhões de desempregados em 2008?
Hoje foi o 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Mas afinal, comemorar o quê? Recordo que a agência lusa distribuiu recentemente uma notícia, citando a OIT, segundo a qual "as turbulências da economia internacional, motivadas pela crise no mercado do crédito e pelo aumento do preço do petróleo, poderão aumentar em 5 milhões o número de desempregados em 2008, segundo a Organização Internacional do Trabalho. De acordo com o relatório as Tendências Mundiais do Emprego 2008 da OIT, o impacto da crise do mercado de crédito nas economias industrializadas e na União Europeia resultará na redução de 240.000 empregos. No entanto, numa perspectiva global esta tendência será «compensada pelo resto do mundo», especialmente devido ao forte crescimento da economia e do emprego na Ásia. As projecções para 2008 contrastam com a situação verificada em 2007, quando um sólido crescimento económico superior a 5 por cento gerou uma «estabilização dos mercados laborais». Mais pessoas empregadas, um aumento líquido de 45 milhões de postos de trabalho e apenas uma ligeira subida no número de desempregados (189,9 milhões em todo o mundo) caracterizaram o mercado laboral em 2007. A Ásia Meridional liderou o aumento dos empregos no ano passado, contribuindo com 28 por cento para os 45 milhões de postos de trabalho criados em todo o mundo no ano passado. Mas, ao mesmo tempo, a região tem a maior quantidade de emprego vulnerável, o que é revelador dos empregos de baixa qualidade. Sete em cada 10 pessoas trabalham por conta própria ou com familiares, o que implica estarem mais desprotegidos, sem protecção e sem segurança social. A nível mundial, o relatório da OIT refere que, apesar do crescimento económico e do emprego, há um «enorme» défice de trabalho digno no mundo, sendo que quatro em cada 10 pessoas tem empregos vulneráveis. Na Europa, o estudo conclui que houve uma evolução positiva na maioria dos indicadores laborais, incluindo uma redução do emprego vulnerável, assim como um ligeiro aumento da relação emprego-população, o que revela um maior potencial produtivo da população em idade de trabalhar. O relatório da OIT ressalva que o crescimento económico de 5,2 por cento em 2007 gerou cerca de 54 milhões de empregos no ano passado, mas não teve um impacto significativo sobre o desemprego. No ano passado, 61,7 por cento da população mundial em idade de trabalhar estava empregada, mas a taxa de desemprego manteve-se praticamente inalterada nos seis por cento, tendo o número de desempregados aumentado para os 189,9 milhões. A Organização Internacional do Trabalho estima que cerca de 487 milhões de trabalhadores (16,4 por cento do total) não ganham o suficiente para superar, juntamente com a sua família, a linha de pobreza de um dólar diário por pessoa". Os que julgam que isto é tudo mentira porque vivemos afinal num paraíso, recomendo este link, através do qual terão acesso a muitas publicações que falam por si, retratando uma realidade social e laboral que não se compadece com tiques propagandísticos ou festanças. Quanto muito tem mais a ver com protestos em defesa de direitos cada vez mais espezinhados, em nome de uma economia onde prevalece o primado economicista em detrimento do humano, protestos que para ganharem credibilidade e mobilizarem mais pessoas, terão que ser também, e cada vez mais, uma expressão de libertação e de liberdade, e por isso mesmo, terão que ser, cada vez menos, iniciativas partidarizadas, em que os "sindicalistas" que falam nas concentrações de trabalhadores, são dirigentes e/ou deputados de partidos, numa promiscuidade que há muito deveria ter terminado.
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