sexta-feira, maio 02, 2008

Madeira, os pobres, o PCP e o Bloco de Esquerda (I)

Eu acho correcta a postura do Bloco de Esquerda, porque existem várias formas de abordar as questões, esclarecendo posições sem ofensas próporias dos que histéricos intratáveis não sabem mais do que se vangloriar. Reagindo a um comentário ontem aqui publicado, fui confrontado pelo BE com uma realidade que, tenho que reconhecer, não posso deixar passar em claro, em nome da verdade que pugno, SEMPRE, por adoptar neste meu espaço: "Permita que lhe diga frontalmente que o BE nunca afirmou que o número de pobres na Madeira é de 80 000. Afirmamos que eram mais de 50.000, afirmamos que eram 22% mas 80.000 nunca o dissemos. Por isso, a afirmação feita no seu blogue é, no mínimo forçada: "O PCP da Madeira revelou há cerca de um mês e meio que a Madeira tem 80 mil pobres e bastou isso para que deputados e políticos de outros partidos da oposição regional logo fizessem coro." Não enfiamos essa carapuça". Não enfiam não senhor. Quanto aos 80 mil. Porque continuo a pensar que não terão indicadores reais a comprovar que em vez dos 80 mil que o PCP inventou, a Madeira tem 50 mil pobres! Um número exagerado (1/5 da população total, mais coisa menos coisa). Se considerarmos um pobre todo aquela que não tem o rendimento anual igual do nosso conterrâneo Joe Berardo, então podem ter a certeza que terão 249.999 "tesos", já que dos 250 mil habitantes apenas um, ele próprio, o não será. Se o conceito de pobreza for o que organismos nacionais e internacionais utilizam, então as coisas mudam de figura. O tal estudo que o PCP andou (anda) a agitar refere acerca disto, até porque considerou diversos conceitos (?) de pobreza, nomeadamente estes:
Pobreza Consistente: Percentagem de famílias que acumulam um rendimento monetário equivalente inferior à linha de pobreza monetária e um nível de privação superior ao limiar de provação, correspondente a 150% do índice agregado de privação, isto é, da medida de não-acesso a bens e serviços básicos;
Risco de pobreza: Percentagem de pessoas com um rendimento monetário equivalente abaixo do limiar do risco de pobreza – 60 % do rendimento monetário equivalente mediano – (após as transferências sociais). Esta percentagem é calculada antes das transferências sociais (rendimento original inclui pensões, mas exclui todas as outras transferências sociais) e após as transferências sociais (rendimento total);
Risco de pobreza antes das transferências sociais: Percentagem de pessoas com um rendimento monetário equivalente, antes das transferências sociais, abaixo do limiar do risco de pobreza - 60 % do rendimento monetário equivalente mediano. A pensão de reforma, de invalidez de sobrevivência são contadas como rendimento antes de transferências e não como transferências sociais;
Risco de pobreza de maiores de 65 anos: Percentagem de pessoas maiores de 65 anos com um rendimento monetário equivalente, antes das transferências sociais, abaixo do limiar de risco de pobreza – 60% do rendimento monetário equivalente mediano (após as transferências sociais), em relação ao total das pessoas do mesmo grupo etário. A reforma e a pensão de sobrevivência são consideradas como rendimento antes das transferências sociais e não como transferências sociais;
Risco de pobreza persistente: Percentagem da população considerada pobre, ou seja, cujo rendimento monetário equivalente está abaixo do limiar de pobreza, no ano civil corrente e em pelo menos dois dos três anos anteriores. Permite percepcionar os indivíduos que permanecem em risco de pobreza ao longo do tempo;
Risco de pobreza segundo a composição dos agregados domésticos: Percentagem de pessoas segundo a composição do respectivo grupo doméstico com um rendimento monetário equivalente abaixo do limiar de risco de pobreza, estando este definido como os 60% do rendimento monetário equivalente mediano (após transferências sociais), em relação ao total das pessoas vivendo em agregados com a mesma composição.

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