sexta-feira, março 24, 2023

Sondagem: Três em cada quatro concordam com venda da TAP, mas com condições

Perto de três em cada quatro portugueses (74%) concordam com a reprivatização da TAP, contra apenas 16% que a rejeitam em qualquer cenário. No entanto, a maioria dos que admitem a venda fá-lo mediante condições: 30% dos inquiridos numa sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF só aceitam privatizar se o Estado receber mais do que os 3,2 mil milhões de euros que injetou na TAP, com 27% a exigirem que o Estado fique como acionista. Só 17% concordam com a venda incondicional. Embora quase dois terços (66%) concordem com a decisão do Governo de demitir a administração da TAP, a perceção quanto à responsabilidade política é outra: para a maioria (55%), o ministro das Finanças, Fernando Medina, deveria ter sido demitido na sequência da indemnização paga à ex-administradora Alexandra Reis. Só pouco mais de um quarto (27%) apoiam a continuidade do governante. Três em cada quatro concordam com venda da TAP, mas com condições

Norte prefere vender

Na análise por regiões, é no Norte (excluindo a Área Metropolitana do Porto - AMP) que a privatização da TAP tem mais defensores: 81% admitem-na, com ou sem condicionantes. Na AMP esse valor cai para 75% e, no Centro, Área Metropolitana de Lisboa (AML) e Sul e Ilhas, ronda os 73%. A sondagem foi feita antes de ser anunciado que, em 2022, a TAP regressou aos lucros.

É também no Norte que se verifica uma maior percentagem de inquiridos que só aceita privatizar se o Estado embolsar mais do que pagou em apoios à TAP ou se continuar como acionista (33% de respostas em ambos os casos). A região Centro é a que regista os níveis mais baixos (28% nos dois casos).

Quanto à defesa da privatização incondicional, é no Norte e na AMP que ela colhe mais preferências (19% nas duas regiões). A solução oposta, da manutenção da TAP na esfera pública, tem mais adeptos na AML (18%) e menos no Norte (10%).

No que toca às respostas por idades, é na faixa mais nova (18 a 34 anos) que mais se admite privatizar (79%) e na mais idosa (maiores de 65) onde essa ideia menos vinga (68%). O número de inquiridos que defendem que o Estado mantenha a empresa vai subindo consoante a idade, variando entre 10% (18-34 anos) e 21% (mais de 65). A análise por sexos demonstra que, regra geral, as mulheres são menos entusiastas da reprivatização da TAP do que os homens. Ao todo, 68% das inquiridas admitem a venda, contra os 80% do sexo oposto.

Ministro devia ter saído

Segundo a sondagem, o país apoia a decisão do Governo de demitir a administração da TAP, registando-se apenas 14% de respostas discordantes. Os inquiridos da região Centro são os que mais concordam (69%), seguidos dos do Norte e AML (ambos 66%). Os da AMP ficam-se pelos 62%.

Quanto à análise por preferência partidária (entre as seis maiores forças), os inquiridos que mais apoiam a demissão são os que, em 2022, votaram CDU (77%). Os que mais discordam são os eleitores da IL (25%). Quanto aos dois maiores partidos, 70% dos que votaram PS e 65% dos que optaram pelo PSD concordam com a decisão. 11% dos socialistas e 20% dos sociais-democratas discordam.

No que respeita à decisão de manter Medina no Governo, a AML é a única região onde as respostas favoráveis são superiores à média: no país, só 27% concordam, com o número a subir até aos 32% na AML. Na AMP, o valor ficou praticamente na média (26%).

Foi no Norte que a continuidade do ministro teve pior acolhimento (59% de desagrado). O Sul e Ilhas ficou no polo oposto (52%), com a AMP de novo a rondar a média nacional (54%).

Na divisão por idades, os maiores de 65 são, de longe, os que mais apoiam a permanência de Medina (45%), com todos os outros segmentos a variarem entre 19% e 22%. Os idosos são o único grupo em que há mais respostas a apoiar a decisão de Costa do que a criticá-la (45% contra 43%, com 12% de indecisos). Na análise por partidos, os votantes do PS são os mais satisfeitos por Medina ficar (mesmo assim, só 46%), seguidos pelos da CDU (37%); os eleitores do PSD estão no polo oposto (11%), com os de Chega, IL e BE por perto (todos com 14%). Os mais contundentes a defender a saída do ministro são os apoiantes de IL (83%) e PSD (75%); só entre os eleitores do PS (36%) e os abstencionistas (48%) a quantidade de críticos da decisão está abaixo de 50%.

Outros dados

IL contra CDU e BE - Os eleitores da IL são os que mais defendem a privatização (95%), com os da CDU a ocuparem o lugar dos que menos a admitem (só 57%, ainda assim a maioria). É também entre os liberais que se conta o maior número de apoiantes da privatização incondicional (42%), com o BE no extremo oposto (7%).

Mais ricos - A análise por classes mostra que os dois segmentos com rendimentos mais altos (A/B e C1) são os que mais admitem a venda da TAP, com percentagens na ordem dos 80%. Na camada mais baixa contam-se os que menos querem privatizar (61%, sendo também aqui que há mais indecisos).

Defesa de Medina - O segmento com o rendimento mais alto (A/B) é o mais insatisfeito com a continuidade de Medina, ao passo que o mais baixo (D) foi o que mais apoiou a decisão de Costa: na camada mais alta, 58% dos inquiridos queriam a saída do ministro das Finanças, contra 46% na mais baixa.

Administração da TAP - A percentagem de inquiridos que discorda da demissão da administração da TAP aumenta conforme a idade: é de apenas 7% no escalão etário mais novo (18-34 anos), passando sucessivamente para 10% (35-49 anos), 19% (50-64) e, por fim, 20% (maiores de 65).

FICHA TÉCNICA

A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN e TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a TAP. O trabalho de campo decorreu entre os dias 13 e 17 de março de 2023 e foram recolhidas 801 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 801 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,46%).

Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio (Jornal de Notícias, texto do jornalista João Vasconcelos e Sousa)

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