domingo, março 26, 2023

Sondagem: Adeptos dão nota negativa à arbitragem portuguesa

O estado da arbitragem no futebol português é considerado negativo pela maior parte dos participantes num estudo de opinião realizado pela "Aximage" para o JN, DN, O Jogo e TSF. Desafiados a fazer uma avaliação do setor, 43% dos inquiridos optaram pela resposta negativa (27%) ou muito negativa (16%) e apenas 23% tiveram opinião positiva (19%) ou muito positiva (4%). A responsabilidade é atribuída, sobretudo, ao Conselho de Arbitragem (44%), mas também aos dirigentes dos clubes (28%) e aos próprios árbitros e VAR (22%), sendo que a maioria dos adeptos considera que o videoárbitro acrescenta muito à verdade desportiva (47%), enquanto 37% respondeu que acrescenta pouco ou nada.

Numa época com muitas polémicas e casos em jogos das equipas que lutam pelos primeiros lugares da Liga, os resultados da sondagem são considerados "normais" por três ex-árbitros ouvidos pelo JN. "Não me lembro de uma época que tenha sido positiva para a arbitragem. A crítica é fácil e o erro existe sempre. Haver mais opiniões negativas não é novidade. Seria estranho se fosse ao contrário", afirma Paulo Pereira, corroborado por Pedro Henriques: "As respostas têm a ver com perceção. O foco da comunicação social e da comunicação dos clubes é a arbitragem e os eventuais erros dos árbitros". "Surpreende-me que a percentagem de opiniões negativas não seja mais elevada. Quem vê futebol não consegue compreender a gestão que é feita, nem o facto de não ter havido uma melhoria contínua e permanente na eficiência dos árbitros", sublinha José Leirós.

Quanto ao facto de o Conselho de Arbitragem (CA) ser o principal "culpado", Paulo Pereira só está surpreendido por apenas 44% terem respondido nesse sentido. "O CA é muito ausente em termos públicos. Há situações que dão alarido e um esclarecimento público seria importante. Isso não tem acontecido. A comunicação é um aspeto muito importante e teria resultados rapidamente", referiu, de novo com a concordância de Pedro Henriques. "O problema do CA é a falta de comunicação. Até pode estar a fazer o melhor, mas como nunca comunica nada, nós não sabemos. Defender um árbitro quando erra, lembrando os casos em que acertou, também seria benéfico. Dizer como são feitas as nomeações, as classificações ou os castigos, de forma oficial, também contribuiria para melhorar a perceção", disse, apontando soluções para a crise na arbitragem: "A formação, o recrutamento e avaliação dos árbitros não estão a ser feitos da melhor maneira. A profissionalização também é crucial. O VAR deve ser especializado".

"É normal que a responsabilidade seja atribuída ao CA. Tal como num clube, quando os resultados não aparecem, os responsáveis são os treinadores. Estando as coisas a correr mal, a culpa é de quem lidera, não há porta por onde fugir", reforça José Leirós, dizendo ainda que "o CA devia trabalhar em conjunto com a APAF" para melhorar o setor: "Os árbitros têm de sentir que há uma liderança forte, que há quem os proteja, quem os defenda e quem os ajude a melhorar. Isto tem de ser feito a nível nacional". O JN tentou obter uma reação desta sondagem junto do CA, mas o organismo preferiu não fazer comentários.

Fala quem sabe

Paulo Pereira, ex-árbitro

"O VAR não veio para acabar com os erros, mas para tentar evitar erros grosseiros. Penso que se criou uma expectativa demasiado elevada a nível nacional"

Pedro Henriques, ex-árbitro

"É importante que não voltem a ser tornados internacionais árbitros com três ou quatro jogos na Liga e que nunca tenham apitado Benfica, F. C. Porto ou Sporting"

José Leirós, ex-árbitro

"No VAR têm de estar árbitros que já não apitem no relvado. A divulgação dos áudios vai acontecer ao ritmo dos outros países. Caminha-se para aí" (Jornal de Notícias, texto do jornalista Nuno A. Amaral)

Sem comentários: